‘Lobos’ traz Clooney e Pitt confortáveis como astros de cinema
Entra em cena Brad Pitt, colega de profissão convocado pela dona do hotel (que via tudo por uma câmera ilegal) pouco disposta a macular seu estabelecimento com um escândalo. Após uma discussão sobre quem faz o que, os dois aceitam, com reservas de ambos, trabalhar juntos para encerrar a noite. O plano, porém, esbarra em dois problemas: a) a mochila com drogas que eles acham no quarto e b) o fato de o morto não estar tão morto assim.
Jon Watts, salivando para filmar na Nova York de verdade depois de fazer três “Homem-Aranha” em estúdio, abarrotou seu filme com clichês da “cidade que nunca dorme”. São becos e ruelas esfumaçadas, figuras misteriosas do submundo, gângsters do leste europeu, lanchonetes que não fariam feio em “Seinfeld”. Existe um parentesco distante com “Depois de Horas”: a ação que vara a madrugada até o amanhecer, mas sem uma fração do risco do cinema de Scorsese.
“Cinema sem riscos” seria, por sinal, uma ótima definição para “Lobos”. Mesmo quando o plano de George e Brad vai para as cucuias, e sua disputa verbal precisa dar espaço para um tiroteio, em nenhum momento existe alguma sensação real de perigo. A trama, na verdade, demora uma eternidade para engatilhar, e quando o filme finalmente ganha algum sangue nos olhos ele é concluído a passos largos.
George e Brad estão, por óbvio, perfeitamente cientes de que “Lobos” não passa de veículo para uma reunião de amigos em ambiente de trabalho. Nem me atrevo a chamar o que eles compartilhar de química: o que transborda é a amizade genuína da dupla, e quando essa faísca respinga na ficção a engrenagem toda funciona que é uma beleza.
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