Em competência, Sport já está rebaixado | Blog Entre as Canetas

Desde 2015,  quando terminou a temporada como o sexto melhor time do Brasil, o Sport vem se caracterizando por conduzir mal seu departamento de futebol durante o Campeonato Brasileiro. Mas neste 2018 a incompetência atinge níveis dignos de um rebaixamento nesse quesito, se tal coisa existisse. Depois de desmontar um time, perdendo alicerces como Diego Souza, André e Anselmo, a diretoria contrata o quarto treinador NA MESMA COMPETIÇÂO! Como se não fosse suficiente, há tempos que os jogadores não recebem salários emdia. Claro que a atual colocação do time na tabela, firme no Z-4, não é casual.

 

Na primeira parte do ano não se imaginava tamanho caos. Eduardo Baptista começou e foi até o fim do Estadual. Uma campanha no máximo razoável, que durou até a semifinal, mas que produziu a única grande atuação da equipe no ano, a vitória sobre o rival Santa Cruz.

 

 

Mas a traumática eliminação na Copa do Brasil, e lembrando que o Sport abriu mão da Copa do Nordeste para não sobrecarregar seu calendário, já dava alguns indícios do que se avizinhava. E logo na segunda rodada do Brasileiro, Nelsinho pediu o boné cuspindo marimbondos contra a diretoria. Uma troca, ali, inevitável.

 

Chegou Claudinei Oliveira, que ficou até a 18ª rodada. E qual era a expectativa da diretoria? Que um técnico não da primeira linha, com um elenco de quinta, levasse o time ao G-4? Claro que não levou, mas teve o mérito de deixar o Leão numa posição melhor do que está hoje. Na primeira troca inexplicável, chega Eduardo Baptista. Um técnico que começou promissor, mas que há muito tempo não emplaca um trabalho mais ou menos que seja. Cuja principal característica é montar esquemas defensivos consistentes. Era a melhor opção?

 

Não. A começar pelo rompimento do clube com seu pai. Mas pior do que trazer um técnico de uma família com quem já teve corridas, é trocar de novo, 40 dias depois. Claro que a passagem de Eduardo foi pífia. Em oito jogos (mais de 720 minutos), dois gols marcados. Uma única vitória (em casa, contra o pobre lanterna Paraná, 1 a zerinho). Mas, mesmo com tudo isso, mesmo com dois meses sem salário, mesmo formalmente proibido pela diretoria de falar publicamente sobre os problemas financeiros, Eduardo conseguiu melhorar a performance defensiva – pelo menos a última linha de defesa não ficava mais parada, observando complacentemente os adversários marcarem gols.

 

Agora, para fechar o caixão da incompetência, Milton Mendes. Técnico que já demonstrou sua capacidade, inclusive em Pernambuco onde, em 2016, conquistou dois títulos com o Santa Cruz (Estadual e Copa do Nordeste). Tem, inclusive, os diplomas que a Uefa exige para que o treinador trabalhe na Europa, coisa que, por exemplo, Ricardo Gomes não tem e por isso não pôde assumir como treinador o Bordeaux.

 

Mas, de novo a pergunta, é a melhor opção? Milton é conhecido por ser extremamente exigente nos treinos, em algumas situações intransigente, e em seu último trabalho, no Vasco, caiu claramente porque perdeu o vestiário com sua rigidez. Será que a solução para o Sport é um fósforo aceso no rastrilho de pólvora?

 

Milton pode até brilhar e evitar o rebaixamento do Sport. Ainda assim, tenho a certeza de que haverá o efeito colateral negativo com a diretoria vendendo a imagem de que fez bem o seu trabalho. A torcida precisa, sim, ficar ligada: se o Leão ficar na Série A, o merito será total de Milton Mendes e do elenco. E se voltar à Série B, a conta é todinha do presidente, que está pedindo para cair desde a primeira rodada.



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