Você não deveria investir da mesma forma que escolhe comida em um restaurante – 28/09/2024 – De Grão em Grão

Imagine que você entra em um restaurante e, sem nem olhar o cardápio, pergunta ao garçom qual é o prato mais pedido. Ele responde rapidamente, e, sem pensar duas vezes, você decide escolher o mesmo, acreditando que, se todos estão pedindo, deve ser uma boa escolha. Mais tarde, você percebe que havia opções melhores e até mais baratas, inclusive em restaurantes vizinhos. No mundo dos investimentos, esse comportamento também é comum, mas é mais arriscado e pode ser mais danoso ao seu patrimônio que uma simples escolha de prato em restaurante.

Muitos investidores tomam decisões de compra sem avaliar o valor real do ativo. Confiam apenas na popularidade do momento, acreditando que, se todos estão comprando, vale a pena seguir o fluxo. Muitos consideram que, como muitos estão comprando, o preço supostamente estaria correto. Esse comportamento pode parecer inofensivo no início, mas pagar caro demais por um investimento pode resultar em perdas significativas. A ilusão de segurança gerada pela alta demanda muitas vezes oculta o verdadeiro risco de entrar no mercado no momento errado.

No mercado imobiliário, esse erro é ainda mais comum, pois é um mercado com menos informação. Assim, investidores costumam basear sua decisão por negócios que tem ocorrido recentemente. Vimos algo parecido, por exemplo, com os imóveis de veraneio. Durante a pandemia, com o aumento do home office, a demanda por casas em áreas de praia e campo disparou, inflacionando os preços. Muitas pessoas compraram imóveis nesses locais acreditando que o valor continuaria subindo. Agora, com a volta ao trabalho presencial, juros mais altos e menos procura por essas propriedades, os preços podem estabilizar ou cair, trazendo prejuízo ou retorno abaixo do esperado aos investidores. Confira esse risco em artigo da Folha de São Paulo.

No mercado de ações, a situação é semelhante. Muitos investidores compram papéis de empresas que estão em alta, acreditando que a valorização continuará. Porém, o preço pago em momentos de euforia pode ser muito maior do que o valor real da ação. Quando o mercado ajusta, esses investidores se deparam com quedas expressivas, pois não avaliaram corretamente o preço de entrada.

Já em relação ao câmbio, muitos brasileiros compram dólares quando a moeda está em alta, esperando que o valor continue subindo. Esse movimento, muitas vezes impulsionado pelo medo de perder oportunidades, pode resultar em prejuízo quando a cotação do dólar cai. O preço de entrada, nesse caso, define se o investidor conseguirá proteção ou acumulará perdas.

Mesmo na renda fixa, o preço importa. Imagine investir em um título atrelado ao IPCA em um cenário de juros baixos. À primeira vista, parece um bom negócio, mas se os juros aumentarem, o valor de mercado do título cai. Investir sem considerar o preço de entrada e o cenário futuro pode reduzir seu rendimento e aumentar o risco de perdas ao vender antes do vencimento.

Não é simplesmente a escolha do tipo de ativo que define o risco que você corre. Investir com o preço errado, pode transformar ativos reconhecidamente conservadores em agressivos.

Portanto, seja em imóveis, ações, dólar ou renda fixa, o ponto crucial é o mesmo: o preço de entrada é o que define o sucesso do investimento. Não importa o ativo, se você pagar caro demais, o risco pode superar os benefícios. No final, a verdadeira pergunta que você deve se fazer não é qual ativo comprar, mas sim: estou pagando um preço justo? No mundo dos investimentos, essa é a diferença entre garantir um retorno satisfatório ou correr o risco de pagar caro por um erro.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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