Marcelo Rubens Paiva se vingou da extrema direita

Também teve a questão do timing, ‘perfeito’ nas palavras de Marcelo, com a estreia do filme no momento de ascensão da extrema direita em vários países, inclusive na Itália, onde eles estavam. Tinha todo um ambiente e uma receptividade ao filme que, em outro momento, talvez tivesse um apelo diferente.

Foram 16 anos ao todo até o filme ficar pronto

“Ainda Estou Aqui” começou a ser esboçado em 2008, quando Eunice foi interditada pela família devido ao diagnóstico avançado de Alzheimer.

Em 2013, protestos pedindo intervenção militar e fazendo apologias ao I-5 deixaram Marcelo perplexo.

Em 2014, participou da Flip (festa literária de Paraty) e acompanhou a discussão sobre os protestos do ano anterior. Isso o fez questionar sobre o fato das gerações mais novas não entenderem a gravidade de um novo golpe militar.

No mesmo ano, o governo Dilma instalou a Comissão da Memória e da Verdade, e seu pai teve finalmente a morte confirmada de forma oficial pelo Estado brasileiro.

Ainda em 2014 se tornou pai, o que o fez refletir sobre como o pai se sentiu entre as 24 e 48 horas que passou agonizando sob tortura antes de morrer. “Será que eu errei, que eu não devia ter voltado para o Brasil? O que vai acontecer com meus filhos?”

Com todo esse caldo, Marcelo terminou o livro em 2015 e, dois anos depois, Walter Salles decidiu adaptar para o cinema. Oito anos se passaram, incluindo o período de pandemia e o governo Bolsonaro. Marcelo chegou a assistir a uma versão não acabada do longa, mas a estreia em Veneza, na telona, foi quando ele o viu pela primeira vez.

Durante os dias do festival, Marcelo cumpriu toda a agenda de estreia em festival e desfilou no tapete vermelho com toda a equipe do filme antes dos astros Brad Pitt e o George Clooney, que também estavam estreando um longa.

“Ele passou na frente, deixou o George Clooney para trás. E quem é Brad Pitt na fila do pão?”, brincou Thais Bilenky.



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