Veterinária é suspeita de emitir laudos falsos a donos de cavalos para rodeios e cavalgadas
A Polícia Civil investiga um esquema de falsificação de exame obrigatório para que cavalos possam participar de rodeios, vaquejada e cavalgadas no país. Em Bagé, uma veterinária é suspeita de emitir mais de 300 laudos frios do Guia de Trânsito Animal (GTA) a cavaleiros que desfilaram no 20 de Setembro, data que comemora o Dia do Gaúcho””em Rio Grande do Sul.
Um dos donos dos cavalos que tinham laudo falso, conta que pagou R$ 80 para a médica veterinária Thais Lopes, o valor seria para coletar o sangue do animal, o exame é eficaz na identificação de anemia infecciosa, doença que não tem cura e pode causar a morte do animal e transmissível a outros equinos atráves de mosquitos.
— Para nossa surpresa, os 21 laudos que a gente fez com a veterinária (os 21 integrantes do piquete) eram falsificados. No campo do exame físico constava os nossos dados: pessoais, nome do proprietário, nome do cavalo, idade. Mas ao ler o QR Code (que aparece no laudo) aparece outro cavalo de outra fazenda de Bagé — afirma vítima
Para transportar qualquer cavalo ou participar de eventos, o proprietário precisa da chamada Guia de Trânsito Animal (GTA), emitida pelas inspetorias veterinárias. É a garantia de que o animal não tem anemia e está imunizado contra a influenza equina. A guia só pode ser emitida se esses exames estiverem em dia.
A médica veterinária não teria enviado ao laboratório as amostras de sangue coletadas dos equinos, o que chamou a atenção da inspetoria que desconfiou da numeração, que era repetida nos laudos.
O diretor-adjunto do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura, Francisco Lopes, conta que, a partir da suspeita, foi feito contato com o laboratório.
A gente fez contato direto com o laboratório que estava no cabeçalho dos exames, que teria feito a análise. O laboratório confirmou que não havia recebido as requisições daquela médica veterinária específica. E aí, então, a inspetoria confirmou a falsidade dos exames e aí já procurou a Polícia Civil para realizar o boletim de ocorrência — explica Lopes.
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O delegado Guilherme Nunes, da Delegacia de Polícia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e de Abigeato (Decrab), suspeita que 300 laudos tenham sido falsificados.
Pelo que a gente está apurando, possivelmente ela vai vir a ser indiciada pelo delito de estelionato, porque ela teve uma vantagem ilícita, falsidade ideológica e sem prejuízo de responder junto ao Conselho Regional da Medicina Veterinária — explicou o delegado.
O cadastro da profissional foi suspenso pela secretaria estadual da Agricultura. O Conselho Regional de Medicina Veterinária deve abrir processo ético contra a médica.
O Código de Ética (do conselho) prevê infrações éticas que vão de infrações leves até gravíssimas. E pra cada tipo de infração nós temos uma penalidade. A mais branda seria uma censura do conselho confidencial e podemos chegar a casos em que há a cassação do exercício profissional, diz José Pedro Martins — assessor técnico do conselho.
O advogado de Thais Lopes disse que ela prefere se manifestar após a conclusão do inquérito e que a médica veterinária já prestou os esclarecimentos à Polícia Civil.
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