Muitos signatários são artistas cariocas, que nem votam aqui (será que a esquerda nem sequer consegue arregimentar artistas paulistanos a esta altura?). Muitos outros parecem só ter se lembrado que há eleições neste domingo agora, apesar de Boulos estar estacionado entre 23 e 25% nas pesquisas há mais de dois meses. É o alto preço de uma vida muito mais desfrutada entre o Sahy, Catuçaba, São Francisco Xavier, litoral do Nordeste e Nova York do que na Freguesia ou no Largo Treze.
Mano Brown falou há anos que o PT estava longe do povo, e a situação só piorou. Sabe aquela elite culta que choraminga a palavra “gentrificação” semanalmente, mas encarece tudo o que toca? Que só frequenta bares, galerias e livrarias caríssimos no Centro gentrificado por eles? Seu poder vira-voto é reduzidíssimo. Ninguém vive em bolhas esnobes o ano inteiro impunemente.
Abaixo-assinados de “intelectuais” perderam bastante da respeitabilidade depois de uns 20 consecutivos defendendo Hugo Chávez e Nicolás Maduro nas últimas duas décadas, por gente que jamais pisou em Caracas. Depois que 7 milhões de venezuelanos fugiram da ditadura de esquerda, esses intelectuais se calaram, mas voltaram a assinar manifestos sobre temas que acompanham de longe, muito longe.
As chances de Tabata
Não que Tabata possa chegar ao segundo turno, mesmo com as pesquisas dizendo que ela seja a única capaz de derrotar Nunes ou Marçal. Sua campanha passou meses e meses falando da sua vida, do seu namorado, de como conheceu seu namorado, da sua mãe, de como a mãe conheceu o seu namorado, do seu pai, de Harvard. Esse eu-centrismo não conseguiu atrair um grande eleitorado.