Em seu Instagram, o ex-coach postou um documento, na noite de ontem (4), descrevendo um atendimento médico em que Boulos estaria “com um quadro de surto psicótico grave, em delírio persecutório e ideias homicidas” e ligou o fato ao uso de cocaína.
“Há plausibilidade nas alegações [dos autores da representação], envolvendo não apenas a falsidade do documento, a proximidade do dono da clínica em que gerado o documento com o requerido Pablo Marçal, documento médico assinado por profissional já falecido e a data em que divulgados tais fatos, justamente na antevéspera do feito”, afirmou o juiz. “No entanto, incabível a almejada suspensão liminar de todas as redes sociais do requerido Pablo Marçal e dos perfis @r.nogueeira e @identidadedesucesso, em fase processual ainda inicial e em sede de representação por propaganda irregular”.
A decisão foi tomada em resposta a uma representação da campanha de Boulos. Foi determinado, ainda, que Pablo Marçal apresente sua defesa em dois dias.
Na representação ao TRE, a defesa do psolista pede “a remoção de publicações realizadas pelo candidato Pablo Marçal em suas redes sociais que utilizam documento falso, fabricado, para difundir fato notoriamente inverídico, uma mentira fabricada para atentar contra a normalidade e o equilíbrio do pleito”. Solicita ainda a suspensão das redes sociais de Marçal e a proibição da criação de novos perfis até o fim do pleito municipal.
A petição entra com pedido liminar contra Marçal e Rafael Nogueira, titular do perfil no Instagram @r.nogueeira. Além disso, cita os titulares, ainda não qualificados, da conta @identidadedesucesso e do canal do Youtube Inteligência LTDA.
O documento apresentado pelo ex-coach reforça a campanha difamatória que Marçal vem fazendo durante todo o processo eleitoral, ao explorar um exame de Boulos que indicaria resultado positivo para o uso de cocaína.
A representação recorda que a campanha difamatória começou com o uso de um homônimo por Marçal para tentar ligar Boulos ao uso de cocaína. O influenciador usou, ao longo da campanha, um processo judicial sobre posse de drogas no qual figura como réu um homônimo do candidato do PSOL. A estratégia foi descoberta pelo jornal Folha de S.Paulo.
“Na data de hoje, em absoluto desrespeito ao processo eleitoral, à lei, e a todas as decisões emanadas por três instâncias desta justiça especializada, a estratégia maquiavélica, criminosa e digna de um psicopata que se coloca acima das leis e instituições, tomou proporções ainda maiores. Durante entrevista concedida ao programa Inteligência Limitada, o representante informou que publicaria em suas redes sociais um suposto documento médico que comprovaria que o representante é usuário de cocaína”, diz a petição da defesa do psolista.
A representação lista várias inconsistências, como ter apresentado o número do RG do psolista errado. Cita ainda o fato de o suposto laudo ter sido feito em um receituário e ressalta que, num caso de emergência médica, o natural seria procurar um pronto-socorro, e não um atendimento laboratorial.
No documento, a campanha de Boulos ressalta a proximidade de Marçal com o biomédico Luiz Teixeira da Silva Junior, dono da clínica Mais Consulta, responsável pelo suposto laudo. Ele já foi condenado na Justiça no passado. Em 2021, a 22ª Vara Federal de Porto Alegre o considerou culpado de tentar usar documentos falsos para obter o registro profissional de médico. Os dois aparecem juntos em fotos e vídeos nas redes sociais.
Em uma das postagens, removida depois do suposto laudo, Junior diz: “Paciente querido, sempre que o atendo aprendo algo”.
O documento traz fotos de Boulos na data da suposta internação. O psolista transmitiu seu programa Café com Boulos, ao vivo, na ocasião.