Pela primeira vez, Joinville tem quatro vereadoras eleitas; conheça o que pensa cada uma delas
Embora seja um avanço, as vereadoras eleitas vão representar apenas 21% da composição da Câmara de Vereadores de Joinville para a próxima legislatura
Apesar de serem maioria do eleitorado, as mulheres ainda são minoria em termos de representatividade política. Em Joinville, a maior cidade de Santa Catarina, a 19ª legislatura marca um avanço histórico com a eleição de quatro mulheres entre as 19 cadeiras da Câmara de Vereadores, algo inédito.
As vereadoras eleitas, Professora Vanessa da Rosa (PT), Tânia Larson (UNIÃO), Vanessa Falk (NOVO) e Liliane da Frada (PODE), vão representar 21% da composição da Câmara, uma mudança que, embora simbólica, ainda reflete a sub-representação feminina no cenário político local.
“Durante toda a minha campanha, eu fiz questão de conversar sobre isso com a sociedade, dizer o quanto seria representativo termos mais mulheres na Câmara de Vereadores. Durante toda a sua existência, apenas 12 mulheres passaram pela Câmara, contra 204 homens. Nunca tivemos uma presidenta, e nós somos mais da metade do eleitorado”, afirma a professora Vanessa.
Conforme dados da própria Câmara de Vereadores de Joinville, este é o maior número de mulheres já eleito em uma legislatura. Antes disso, o recorde pertencia à 15ª (2005-2008) e à 16ª (2009-2012) legislaturas, com três mulheres eleitas em cada. Mesmo com esse avanço, as mulheres ainda representam apenas 21% das cadeiras da Câmara.
A discrepância entre a composição política e o eleitorado é evidente. Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), as mulheres correspondem a 52% dos eleitores de Joinville, cidade com mais de 434 mil eleitores aptos a votar, sendo o maior colégio eleitoral de Santa Catarina.
Para Liliane da Frada, eleita pela primeira vez, a baixa representatividade feminina em 2024 é preocupante. “Apenas quatro mulheres eleitas, nos mostra o quanto ainda precisamos avançar para garantir maior representatividade feminina na política. É fundamental trabalharmos para mudar essa realidade, incentivando e apoiando mais mulheres a se candidatarem e ocuparem espaços de liderança. A presença feminina é essencial para construirmos uma sociedade mais igualitária, com políticas públicas que reflitam as necessidades de todos”.
O desafio pela igualdade de gênero na política continua, mas a eleição dessas quatro mulheres em Joinville representa um passo importante para uma representatividade mais diversa e equitativa. “Nós quatro juntas vamos trazer um olhar de acolhimento, especialmente para a proteção familiar e a independência financeira das mulheres. Precisamos fortalecer a saúde da mulher, tanto mental quanto física”, destaca Vanessa Falk.
Reeleita para o terceiro mandato, Tânia Larson já foi vice-presidente da Casa Legislativa e eleita a primeira Procuradora da Mulher de Joinville. Agora conta com o reforço de outras três vereadoras para ampliar a proposição de projetos em benefício da população feminina.
“Temos que conversar e entender as bandeiras de cada uma, para que possamos priorizar o que é mais importante. Já temos alguns projetos tramitando na Câmara, mas agora, com uma bancada feminina, nada melhor do que nos unir para trabalharmos juntas”, ressalta.
Conheça mais sobre as vereadoras eleitas em Joinville
Liliane da Frada (PODE)
Eleita com 3.136 votos, Liliane da Frada é psicóloga e ativista pela causa animal. Com 15 anos de atuação nesse setor, ela pretende usar o mandato para fortalecer políticas de proteção animal e conscientização.
“Minha principal bandeira é a defesa dos direitos dos animais. Vou atuar no combate aos maus-tratos e incentivar a tutela responsável. Também pretendo apoiar as ONGs que fazem um trabalho fundamental com animais abandonados e vítimas de violência, garantindo que tenham os recursos necessários para continuar suas ações. Uma sociedade mais justa para os animais reflete diretamente em mais respeito e empatia entre as pessoas”, afirma Liliane.
Professora Vanessa da Rosa (PT)
Com 25 anos de experiência como professora, Vanessa foi a mulher mais votada nesta eleição em Joinville, com 4.366 votos. Ela é a única representante de um partido de esquerda na Câmara. Suas principais bandeiras incluem a educação, com foco nas mães trabalhadoras, a criação de uma delegacia de proteção à mulher e à criança que funcione 24 horas, além do incentivo à cultura. Vanessa promete uma oposição consciente e aberta ao diálogo.
“Espero que esta legislatura seja pautada pelo diálogo com a sociedade, trazendo propostas e trabalhando pelas pessoas, independentemente de ideologias políticas. Temos uma responsabilidade com o povo, e é inadmissível que o espaço legislativo se transforme em palco de brigas e desrespeitos. Minha posição é fazer uma oposição séria, produtiva, sempre com o objetivo de atender às necessidades da população”, afirma Vanessa.
Tânia Larson (UNIÃO)
Reeleita para seu terceiro mandato com 4.009 votos, Tânia Larson já ocupou posições de destaque na Câmara, como vice-presidente e primeira Procuradora da Mulher de Joinville. Além de sua atuação pela causa animal, a pedagoga liderou o projeto “Tampinhas Plásticas”, que arrecada fundos para castração e microchipagem de animais. Ela também é uma defensora da maior participação feminina na política.
“É fundamental que tenhamos mais mulheres na política, não só para discutir feminicídio e violência, mas também para trabalhar pela qualificação e independência das mulheres. Muitas vezes, elas são chefes de família e precisam de oportunidades”, reforça.
Vanessa Falk (NOVO)
Eleita com 3.395 votos, Vanessa Falk é turismóloga e possui 25 anos de atuação nos setores de turismo, eventos, economia criativa e cultura. Suas pautas focam no desenvolvimento dessas áreas para promover qualidade de vida e lazer em Joinville.
“Minha proposta é trabalhar nas demandas prioritárias da cidade, como saúde, educação e segurança, mas também fortalecer o turismo, a cultura e os espaços de lazer, para que Joinville tenha mais opções de lazer e entretenimento para as famílias. Porque o joinvilense, além de gostar de trabalhar, sabemos que também tem que ter um lugar para curtir a família. Precisamos ser felizes também, ter qualidade de vida”, destaca.
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