Aumento da pobreza em Florianópolis vira desafio, diz estudo
Investir em saúde, melhorar a mobilidade urbana e reduzir a pobreza em Florianópolis são alguns, dos principais desafios impostos à próxima gestão. Os problemas são apontados na pesquisa Qualidade dos Serviços Públicos, desenvolvido pela Agenda Pública, em parceria com o Instituto IDEA. O estudo também destacou avanços nos últimos anos.
No domingo (6), a capital catarinense reelegeu o atual prefeito, Topazio Neto (PSD), para mais quatro anos de mandato.
Estudo aponta aumento da pobreza em Florianópolis
Segundo o levantamento, a quantidade de famílias em situação de extrema pobreza, na capital, dobrou entre 2021 e 2023. A constatação se baseia no número de pessoas inscritas no CadÚnico, do Governo Federal.
Famílias em extrema pobreza
O quantitativo de famílias vivendo em situação de pobreza também cresceu em três anos, um aumento de 54%.
Famílias em situação de pobreza
As famílias com renda per capita mensal de até meio salário mínimo saltaram de 22.959 para 38.116.
O número de famílias com renda per capita mensal acima de meio salário mínimo foi o que teve a menor variação, saindo de 12.112 para 14.567. O aumento foi de 20%.
O fortalecimento do Sistema de Assistência Social Municipal e a promoção de políticas de igualdade racial, e de gênero, são apontados como possíveis saídas para reduzir esses indicadores.
Em nota, a Prefeitura de Florianópolis diz não ter ainda um estudo completo sobre o tema, mas credita o aumento da pobreza à pandemia e a um “aumento expressivo de novos moradores, procurando uma cidade melhor para viver.”
“Florianópolis foi a capital com maior migração proporcional do Brasil. É importante lembrar que Florianópolis é a capital com menor taxa de pobreza do país, segundo o IBGE”, afirma o posicionamento da administração municipal.
Acidentes e mortes no trânsito diminuem
A pesquisa destaca que, entre os anos de 2017 e 2021, a taxa de mortes no trânsito diminuiu em Florianópolis, passando de 13 para 8,3, a cada 100 mil habitantes. Uma redução de 36%.
Entre 2017 e 2022, o número de internações por acidentes de trânsito também reduziu na capital catarinense, caindo de 17 para 3,7, por 100 mil habitantes. O indicador corresponde a uma redução de cerca de 78%.
Mesmo sendo uma área sensível para a administração pública, devido à dificuldade de construir novas estradas, o prefeito Topazio Neto informou, na última segunda-feira (7), ao programa Balanço Geral, da NDTV, que a mobilidade urbana será priorizada no próximo mandato.
Uma das medidas será a ampliação da SC-401, tema monitorado de perto pela prefeitura junto ao ao governo do estado, que deve coordenar a licitação. O tráfego, em direção ao Norte da Ilha, também é um ponto que receberá atenção.
BRT deve qualificar o transporte público
Dentre as capitais do Sul do Brasil, Florianópolis é a que faz o menor gasto mensal no transporte público, apenas 22,10% do orçamento. O município está empatado com Curitiba. Em 2025, a cidade deve iniciar as obras de construção do BRT, sistema de transporte urbano de ônibus com grande capacidade e que trafega em faixas separada da superfície.
O primeiro trecho deve iniciar no terminal da Trindade e ir até o Saco dos Limões, informou Topazio Neto em entrevista ao Balanço Geral. Em julho, o Governo Federal destinou R$ 159 milhões à cidade para a instalação do sistema de transporte público. O recurso integra o OGU (Orçamento Geral da União) e não precisará ser devolvido.
Saúde avança, mas precisa de investimento, diz pesquisa
Na área da saúde, a capital catarinense registra a menor taxa absoluta de mortalidade, quando comparada com Porto Alegre e Curitiba.
Desde março de 2023, a Atenção Básica conseguiu atingir 100% da população, melhora significativa em relação a janeiro de 2021, quando era de 58,19%.
Por outro lado, Florianópolis ocupa a menor classificação em relação à dimensão de saúde, na mesma comparação. Entre 2020 e 2023, município registrou o menor gasto por habitante em saúde, de apenas R$ 298,43. A cobertura vacinal também caiu, entre 2021 e 2023, saindo de 66,27% para 41,96%.
Em entrevista ao Balanço Geral, na segunda-feira, Topazio declarou que a construção de um novo hospital, no Norte da Ilha, deve começar ainda no primeiro trimestre do novo mandato.
A obra vai atender os moradores do Norte da Ilha. Atualmente, a região conta apenas com centros de saúde e Upas (Unidades de Pronto Atendimento).
Método de pesquisa
O estudo foi realizado a partir de entrevistas, realizadas com 3.000 pessoas nas dez maiores capitais do país. Além disso, foram considerados indicadores de desempenho nas 26 capitais, a partir de dados secundários disponíveis em bancos de dados públicos.
As informações incluem seis temas: educação, saúde, proteção social, desenvolvimento econômico, mobilidade e gestão da qualidade. As pesquisas de opinião foram feitas pelo Instituto IDEA e a Agenda Pública construiu a análise de indicadores e as sugestões de propostas de melhorias para que os gargalos de qualidade sejam superados.
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