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7 Apr 2025, Mon

Ex-volante de Portugal vê defeito do Brasil e sai em defesa de Neymar

O Brasil vive um momento de crise. Sem resultados expressivos desde a eliminação da última Copa do Mundo, período no qual acumulou algumas decepções, como a eliminação na Copa América e a campanha nas eliminatórias, a seleção ainda sofre críticas por seu desempenho dentro de campo.

Longe de produzir o futebol que a tornou referência ao redor do mundo, a equipe tem desapontado seus admiradores – não só brasileiros. Um deles é Costinha, ex-volante da seleção de Portugal, vice-campeão da Eurocopa de 2004 e titular do Mundial dois anos depois. Em entrevista ao ESPN.com.br, o ex-meio-campista elogiou a atual geração dirigida por Dorival Júnior, mas sente que falta algo para o time.

“Fica toda a torcida na expectativa de querer ver o Brasil regressar àquele jogo que era do passado. Olhamos para os jogadores, e eles são bons, mas está faltando alguma coisa. Agora o que é? Tinha que se debruçar bem sobre esse assunto”, falou Costinha.

“Efetivamente, eu gosto de ver a seleção brasileira jogar. E fico sempre curioso para perceber o que é que vai fazer. Acho que é uma pena, porque continua a ser para mim o país onde, a cada segundo, nasce um jogador de futebol do talento inacreditável”.

O antigo camisa 6 da seleção portuguesa se encantou pela equipe pentacampeã do mundo bem antes das conquistas de 1994 e 2002. Como qualquer amante de futebol nascido na década de 1970, Costinha aprendeu a apreciar o time de Zico, Sócrates e Falcão, que, embora tenha ficado sem título, marcou época na Copa de 1982.

“Comecei a ver futebol com a geração de 1982. E quando se olha para a geração de 82, depois a do México em 86, a da Itália em 90, a dos Estados Unidos em 94 e por aí afora, e vendo os jogadores que o Brasil dá ao mundo todos os anos, fica difícil de perceber (o que aconteceu com a seleção)”.

“O jogador brasileiro continua a ter muita qualidade. O jogo em si é que se tornou diferente. Acho que aquele jogo coletivo que o Brasil tinha e que deixava as pessoas de boca aberta a olhar para a televisão deixou de ter. Tenho dificuldade de responder”, falou Costinha.

O português ainda fez uma análise sobre outras seleções, que muitas vezes replicam o entrosamento de um clube para ajudar na formação de uma equipe nacional mais forte.

“Se nós olharmos muitas vezes para o sucesso das seleções, muitas têm jogadores que atuam juntos no mesmo clube e que tem essa simbiose perfeita. A seleção portuguesa durante o meu tempo era o meio-campo do Porto, a Espanha (de 2010) era do Barcelona. A alemã (de 2014) era a do Bayern de Munique“, lembrou.

“Depois, os treinadores também não têm muito tempo para pôr em prática esse jogo coletivo. Chega em uma Copa, tem dez dias de preparação, mas muitas vezes se demora de quatro a cinco meses para se fazer a equipe jogar plenamente. Não é em dez dias que vai resolver essa situação”, complementou.

O Brasil atualmente ocupa a quinta posição das eliminatórias para a Copa do Mundo, com somente três vitórias em oito partidas. Na Copa América, o time caiu nas quartas de final, vencendo apenas um jogo na campanha.

“Neymar me leva à minha juventude”

Principal nome de sua geração, Neymar completará no próximo dia 17 um ano longe dos gramados por conta da grave ruptura do ligamento cruzado anterior de seu joelho. Durante o período de afastamento do camisa 10, muitos passaram a questionar se a seleção ainda poderia contar com ele.

Em sua reflexão sobre o futebol brasileiro, Costinha foi sincero ao exaltar o craque brasileiro. “As pessoas criticam muito o Neymar, mas eu o adoro. Aquilo que ele faz fora do campo é um problema do Neymar e ele sofre as consequências”.

“Mas aquilo que ele faz dentro do campo me leva à minha juventude, quando via o Zico e, mais recentemente, quando via o Ronaldinho Gaúcho, o Ronaldo Fenômeno, o Djalminha e muitos outros jogadores. É um jogador que traz essa alegria. Não é um jogador ordenado em campo. Hoje temos a sensação que tudo vai dentro de uma lógica de régua e esquadro. Não há às vezes aquela liberdade que havia no passado, quando os jogadores davam um toque de calcanhar, quando davam aqueles dribles”, apontou.

O ex-jogador português ainda fez questão de ressaltar que o camisa 10 do Al Hilal e da seleção é um jogador que ‘faz o torcedor ficar vidrado no jogo’, comparando-o a outros nomes que o Brasil já teve.

“Eu acho que há jogadores que trazem uma capacidade ao jogo de fazer com que o torcedor fique sempre vidrado no jogo. Eu sou um fã e adoro a pessoa, porque tive o prazer de conhecer e tenho o prazer de ser amigo do Ronaldinho Gaúcho. O Ronaldinho tornava tudo muito mais fácil, uma alegria. Era tudo menos aborrecido. E por isso que eu falo do Neymar, podem pôr os defeitos que quiserem”, avaliou.

“Mas o Neymar entra em campo, além de causar medo aos adversários, é um jogador que traz outro tipo de habilidade, de ginga. Depois, tem que se encontrar uma forma no coletivo para que ele possa brilhar de uma forma diferente. Mas era isso que trazia o Ronaldinho, por exemplo, era isso que eu via quando jogava o Zico, esse craque do futebol mundial. O Brasil teve sempre esse jogador, de uma certa forma, um Romário, um rebelde, um Bebeto”, finalizou.

Próximos jogos da seleção brasileira



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