Em Paris, Zelensky descarta cessar-fogo e insiste em ataques à Rússia

imagem colorida zelensky em paris

Depois de uma primeira escala em Londres, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, chegou nessa quinta-feira (10/10) a Paris, no âmbito de um minigiro para visitar seus principais aliados europeus, com o objetivo de reunir apoios contra a invasão russa. Ele descartou qualquer possibilidade de cessar-fogo.

O presidente francês, Emmanuel Macron, e Zelensky trocaram um longo e caloroso aperto de mão antes da reunião bilateral. O cessar-fogo “não é tema de nossas discussões (…) com nossos aliados”, declarou o chefe de estado ucraniano no final da reunião, afirmando que se tratava de “fake news” fabricadas pela Rússia.

Zelensky também, repetiu seu apelo por um rápido aumento da ajuda ocidental: “Antes do inverno (no hemisfério norte), precisamos do seu apoio”, insistiu.

Emmanuel Macron, por sua vez, garantiu que a ajuda de França continuava “de acordo com os seus compromissos”, e sublinhou “os progressos na formação e equipamento de uma brigada”.

Volodymyr Zelensky é agora esperado em Roma e depois em Berlim nesta sexta-feira (11/10), menos de um mês antes das eleições presidenciais americanas, cujo resultado incerto gera receios em Kiev quanto à sustentabilidade do apoio americano.

Os impactos de uma vitória de Donald Trump foram, no entanto, minimizados pelo secretário-geral da Otan, Mark Rutte, em Londres. “Parem de se preocupar com a presidência de Trump”, disse ele a repórteres. “Estou absolutamente convencido de que os Estados Unidos estarão envolvidos, porque entendem que não se trata apenas da Ucrânia, mas também deles mesmos”, acrescentou.

Em Londres, na manhã dessa quinta, Zelensky apresentou os detalhes do seu “plano de vitória” contra a Rússia ao primeiro-ministro britânico Keir Starmer e a Mark Rutte, de acordo com um comunicado de imprensa da presidência ucraniana.

A proposta “visa criar condições favoráveis ​​para um fim justo da guerra”, disse o líder ucraniano no comunicado. “A Ucrânia só pode negociar com uma posição forte.” O plano deve ser revelado durante uma segunda conferência de paz, prevista para novembro, mas cuja data não foi confirmada por Kiev.

Ataques ao território russo

Volodymyr Zelensky voltou a insistir nessa quinta na “necessidade de obter autorização para atacar profundamente o território russo” com armas de longo alcance, fornecidas em particular pelo Reino Unido.

O líder vem exigindo há meses autorização para usar os mísseis britânicos Storm Shadow de longo alcance para atingir alvos dentro do território russo.

Mas Mark Rutte pediu ao presidente ucraniano, após a reunião trilateral, que não se concentrasse num único sistema de armas, acreditando que nenhum deles faria realmente “a diferença”.

O primeiro-ministro britânico “reiterou o apoio inabalável (do Reino Unido) à Ucrânia diante da agressão militar da Rússia”.

O Reino Unido tem sido um dos principais apoiadores de Kiev desde que a invasão russa da Ucrânia começou, em 24 de fevereiro de 2022. Esta é a segunda vez que o presidente ucraniano vem a Londres desde que os trabalhistas tomaram posse, em 4 de julho.

A viagem do presidente ucraniano a seus aliados europeus, ocorre em meio ao avanço das tropas russas no leste da Ucrânia. O Exército russo afirmou na quinta-feira ter atingido dois lançadores dos sistemas antiaéreos American Patriot, armas caras e valiosas entregues à Ucrânia para enfrentar os bombardeios diários das forças do Kremlin.

Corte na ajuda ocidental

Nesta sexta, o presidente ucraniano será recebido em Berlim pelo chanceler Olaf Scholz, cujo governo pretende reduzir para metade a ajuda militar bilateral à Ucrânia em 2025.

O instituto de pesquisa alemão Kiel Institute foi mais longe e alertou na quinta-feira sobre uma provável queda de toda ajuda ocidental à Ucrânia no próximo ano.

O possível regresso de Donald Trump à Casa Branca “poderá bloquear planos de ajuda no Congresso”, alerta o instituto, que considera a ajuda militar, financeira e humanitária prometida e entregue à Ucrânia. De acordo com suas projeções, a ajuda militar e financeira chegaria a € 59 bilhões e 54 bilhões (R$ 360 bilhões e 329 bilhões), respectivamente, em 2025, se os doadores ocidentais mantivessem o mesmo nível de ajuda.

Por outro lado, cairiam para metade, para € 29 bilhões e 27 bilhões (R$ 176 bilhões e 164 bilhões), sem nova ajuda americana e se os doadores europeus se alinhassem com a Alemanha.

O presidente Zelensky, que tem visitado as chancelarias ocidentais há mais de dois anos e meio, lamentou nas últimas semanas a lentidão na tomada de decisões de seus aliados.

Enquanto isso, as forças russas avançam gradualmente na região de Donetsk em direção a Pokrovsk, um centro logístico para as tropas ucranianas.



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