“Leve sua vida para passear”
Final de semana, dia lindo, e o tempo perfeito, e com ele a obrigação de colocar a casa em ordem, já que a correria da semana não permitiu. Desânimo. Será o fim do ano se aproximando? Bate aquela vontade de não fazer nada. Mas e a culpa? Quem já se sentiu ou se sente culpado pelo ócio? Pior ainda: como lidar com a vontade de não fazer nada em um dia lindo? Quem se dá o direito ao NADA de vez em quando?
Com o fim do ano à espreita, o tempo, que já é escasso no dia a dia, parece se dissolver ainda mais rápido, como se fosse sugado por uma areia movediça.
Cazuza já falava sobre esse ritmo frenético e como nos perdemos nas obrigações e compromissos em “O Tempo Não Para” quando canta:
Eu não tenho data pra comemorar. Às vezes meus dias são de par em par. Procurando agulha num palheiro. O tempo não para…Foi assim, ouvindo música, entre uma máquina de lavar e outra, o aspirador de pó, e uma espiada rápida no celular, que me deparei com a frase em uma rede social:
“Tome cuidado com o vazio de uma vida ocupada demais.”
Essa frase, atribuída a Sócrates, traz uma reflexão profunda sobre o excesso de atividades que transformam nossa vida, sem tempo para parar e pensar no que realmente importa. Sócrates, com seu método de questionamento, sempre nos alertou sobre os perigos de viver sem consciência ou espaço para reflexão sobre o verdadeiro propósito de nossa existência.
Hoje em dia, parece que estamos sempre correndo atrás de um “grande momento”, embora nem sempre saibamos o que ele é. Confesso que ando refletindo muito sobre esse aspecto em minha vida, sempre muito ocupada e por vezes um tanto vazia. Mas a sensação, e veja bem, caro (a) leitor (a), não é só minha, de que vivemos apenas para tirar a selfie perfeita, registrar a viagem, o show, o casamento… É como se vivêssemos uma vitrine permanente. E o que fazemos com todas essas fotos e vídeos? Muitas vezes, sequer revisitamos.
Esquecemos que a vida acontece a toda hora. Estamos cada vez mais esgotados, sozinhos e isolados, vivendo histórias cômodas, romantizando o excesso de tarefas como se fosse algo positivo. E sabemos que não é! Chega a ser exaustivo viver apenas pelo “grande momento”. Você não acha?
Quando nos damos conta, acabamos sendo sempre mais um (a). Apenas mais um (a). Substituíveis e ao mesmo tempo submersos em demandas. Vivemos o caos e precisamos aprender a termos inteligência emocional para sabermos que a vida não é sobre sair do caos — é sobre estar no caos sem perder a si mesmo.
Assim, deixo a você um desafio que tento colocar em prática: Descansar pode ser um ato radical de amor-próprio em um mundo que glorifica a exaustão. Por isso, de vez em quando, leve sua vida adulta para passear.
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