Proteína que regula a pressão pode virar antiviral contra gripe e covid-19

Nos animais, fica evidente que o peptídeo reduz a inflamação nos pulmões, ajuda na resposta imune para enfrentar a doença e — sim! — diminui a quantidade de vírus em circulação, ajudando em uma recuperação mais rápida. Hoje, isso está sendo investigado com uma série de outros vírus, como o influenza da gripe. “Os resultados”, antecipa o professor, “são bastante promissores.”

Apesar de as vacinas serem as principais armas para evitar infecções sérias, como a covid-19 e a gripe, ainda há gente que adoece e desenvolve pneumonias que colocam a vida em risco. Por isso, além de imunizantes, é fundamental que a ciência encontre tratamentos para interromper a escalada de danos dessas viroses.

Nos pulmões

Quando o time de cientistas mineiros resolveu sondar os efeitos da angiotensina 1-7 na covid-19, ele não tirou a ideia da cartola, assim do nada. Esse caminho já tinha começado a ser percorrido anos antes, quando cientistas perceberam que um remédio para tratar a hipertensão, o losartan, melhorava o quadro de quem tinha DPOC, a doença pulmonar obstrutiva crônica.

Então, o raciocínio foi o seguinte: “Ora, esse medicamento é um antagonista dos efeitos da angiotensina 2. Ele promove a dilatação dos vasos e aumenta a excreção de sódio e de água pelo organismo”, lembra o professor Robson dos Santos. Ao ter essa ação nos incontáveis vasinhos nos pulmões e diminuir a presença do líquido despejado pela inflamação nesses órgãos, o remédio ajudaria a tirá-los do sufoco da DPOC.

Mas será que isso não poderia ter a ver com a rival natural da angiotensina 2? “Ao fazermos essa indagação, passamos a estudar o efeito da angiotensina 1-7 nos pulmões. Nos quadros de asma, por exemplo, eu diria que ele é quase mágico”, observa o professor Robson dos Santos. “Essa angiotensina parece atrapalhar os eosinófilos, sem interferir nos macrógafos”, diz ele, mencionando dois tipos de células imunológicas. Os eosinófilos podem ser o estopim de inflamações. Já os macrófagos teriam uma ação oposta, anti-inflamatória.



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