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16 Apr 2025, Wed

No Guarujá, PCC suga monte de dinheiro e PM produz montanha de mortos

A justificativa dada pela Secretaria de Segurança Pública era de um plano elaborado para combater o tráfico na região portuária, dominada pelo PCC. O que não faz sentido, pois as ações da Polícia Federal contra facções em terminais prendem meliantes sem mortes. Organizações da sociedade civil acusam a PM de aplicar uma vingança coletiva na população por conta da (inaceitável) morte de policiais.

Um dos contrastes mais chocantes é o abismo entre os relatos de parentes dos mortos e os dos policiais envolvidos. O registro da PM coloca agentes como heróis dignos de condecoração, enquanto familiares, moradores e testemunhas contam cenas de covardia, com tortura e execução de inocentes.

Quem diz a verdade? O problema é que muitos policiais não usavam as câmeras corporais, que poderiam resolver isso. E imagens dos que as usavam chegaram, convenientemente, com problema ao Ministério Público. O governo Tarcísio de Freitas? Pareceu confortável com a falta de resposta. Afinal, em São Paulo, chacina de pobre e negro gera votos nas eleições.

O repórter Luís Adorno, do UOL, percorreu o Guarujá e municípios vizinhos reconstruindo as histórias de parte das e dos sobreviventes no ano passado. E o relato que traz era de pessoas que não estavam em confronto, mas tiveram o azar de estarem no lugar errado, viver na classe social errada e ter a cor de pele errada.

Filipe do Nascimento, negro, 22 anos, morava na favela de Morrinhos 4, no Guarujá, e tinha saído de casa para comprar macarrão. Trabalhava em um quiosque na praia de Astúrias há três anos e, segundo o chefe, era um bom funcionário. O sonho dele era ser tiktoker. A PM alega legítima defesa. Os moradores indicam que ele morreu porque teria testemunhado execução policial

É triste termos que mostrar que uma pessoa tinha um emprego para tentar afastar dela a pecha de criminoso, em um país em que até a Justiça confunde desemprego com periculosidade. Mas, para muitos, isso também já não basta mais.



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