Nunes e Enel, não a chuva, deixaram São Paulo no escuro – 16/10/2024 – Thiago Amparo

A cidade de São Paulo não está preparada para eventos climáticos extremos devido à inépcia de seus governantes e da concessionária Enel. Os primeiros pensam que basta vestir colete da Defesa Civil para serem levados a sério; os segundos, que são imunes a consequências jurídicas sobre seus atos e omissões.

Já deveria estar claro a todos que reclamar que a prefeitura e a Enel não têm um plano claro para mitigar e adaptar os efeitos da crise climática não é papo furado de quem ama abraçar árvores. Um plano é o mínimo que se espera de quem governa a maior cidade do país.

Falando em árvore, a Folha noticiou a partir de dados oficiais que a Enel podou apenas 1% do que era previsto para 2024 (deveriam ser podadas 240,4 mil árvores; foram 1.730).

Ricardo Nunes e a Enel não têm um plano detalhado para a poda de árvores em contato com a rede elétrica. Não basta dizer que há podas. É preciso detalhar quais árvores ameaçam a rede e quais são os critérios de vulnerabilidade climática e de apagão usados para escolher onde e quando podar.

Em ano eleitoral, Nunes pode se ver dando murro em ponta de faca ao insistir no embate com a Enel como forma de se mostrar ativo na solução, quando na verdade isso apenas mostra que ele não possui solução.

Não é só a prefeitura e a Enel que erram. A omissão da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e o embate desta com o ministro de Minas e Energia tampouco ajudam a mostrar que os governos federal, estadual e municipal estão, diante de suas divergências políticas, dispostos a trabalhar em conjunto para resolver a questão. Apenas nesta quarta-feira (16) a Aneel foi provocada pelo Tribunal de Contas da União a compartilhar informações com os governos locais sobre o apagão, o que deveria ter sido a medida número um.


Omissão climática custa, e a conta, como a de luz, está cada vez mais cara. Na data em que escrevo esta coluna (quarta-feira, 16), 74 mil imóveis ainda estão sem energia elétrica em São Paulo, depois de cinco dias de apagão com um temporal de rajadas de vento de até 107 km/h.

Aos políticos deveria custar a eleição; às empresas deveria custar o contrato de concessão.


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