Artista transforma fotos da África em livro de colorir – 28/10/2024 – Pretos Olhares

Uma publicação independente, o livro “Farafina Colors” reúne cerca de 60 ilustrações com cenas cotidianas que a autora, Kety Kim Farafina, 41, fotografou em países como Senegal, Guiné, Guiné-Bissau e Marrocos.

Kety passou um ano em viagem pelos quatro países africanos registrando paisagens urbanas, festas tradicionais, além de retratos de adultos e crianças de diferentes etnias.

Baiana de Salvador, ela é artista, pesquisa a cultura e as tradições do oeste africano e trabalha com produção cultural. No começo deste ano, Kety teve vontade de compartilhar com outras pessoas o que viu e viveu durante sua viagem em 2011. Foi aí que surgiu a ideia de transformar suas fotografias em ilustrações usando inteligência artificial.

O livro tem apenas uma pequena introdução escrita e em seguida as páginas são tomadas de formas para colorir. Sua intenção é que cada um possa criar padrões e colorir de forma mais livre, mas com referências que exaltam “a riqueza da diversidade que o oeste africano nos proporciona”.

Além de uma atividade relaxante e lúdica, ela diz acreditar que a experiência contribui para a divulgação de uma cultura pouco conhecida. “Quero ver a nossa cultura sendo desmistificada, principalmente para quebrar a ideia da pobreza.”

Uma festa de casamento com vestimentas tradicionais, pessoas dançando ou portando adereços religiosos dividem espaço com crianças brincando, além de homens e mulheres de negócios caminhando pela cidade, para mostrar o diálogo entre tradição e modernidade que ela observou em cada local.

A produção das ilustrações não foi um processo simples, afirma. “Tudo que a IA me entregava era uma África estereotipada, justamente a África que eu não queria passar para as pessoas. Eram ilustrações de pessoas descalças, raquíticas. Isso me desmotivou muito.”

As idas e vindas em “briga com as plataformas de IA” duraram quase seis meses, até que ela alcançasse resultados fieis aos traços dos rostos, tipos de cabelo e vestimentas que ela havia visto. A maioria das pessoas que programam e alimentam as inteligências artificiais são brancas, logo, os vieses racistas que estão na sociedade também estão nos algoritmos.

Na viagem, Kety conta que sua intenção era passar só dois meses na África. Mas, ao entrar em contato com o consulado brasileiro na Guiné, começou a trabalhar como produtora cultural. Ela, que no Brasil já pesquisava danças e ritmos do país, começou a organizar eventos para apresentar grupos tradicionais às embaixadas do Brasil e do Canadá, além de eventos em parceria com o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

A autora pretende voltar à África e quer expandir o projeto do livro. Ela diz ter planos para uma segunda edição, a ser feita, dessa vez, por ilustradores negros. Para isso, ela afirma já ter iniciado planos para captar recursos para seu projeto.

“Farafina Colors” está disponível para compra online por R$ 65,99 através do Clube dos Autores, plataforma de autopublicação, e também no site da Amazon.

O que você quer ler aqui no blog? Tem alguma sugestão para o Pretos Olhares?

Escreva para catarina.ferreira@grupofolha.com.br


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