Eleições provam farsa da polarização e derrotam Bolsonaro; o centro é Lula
Esse Midas às avessas poderia ter se sagrado um vitorioso em São Paulo, mas, como já se disse, ausentou-se da disputa. Atravessou a rua para comprar uma briga em Goiânia e foi humilhado pelo governador Ronaldo Caiado, do União Brasil, um politico nitidamente de direita, mas nunca um agressor da democracia. Por que o ódio? Porque o líder goiano se coloca como um pré-candidato à Presidência da República. Em Curitiba, ignorou a chapa que conta com um vice do PL — que estaria à direita de Gengis Khan… — e preferiu se aliar a uma senhora que costuma dizer coisas que não são deste mundo.
TAL RESULTADO, QUAL O NOME?
Aquele que se lançou na disputa eleitoral prometendo engolfar o processo político e, de posse do resultado, achar que poderia converter, diante do Congresso, a anistia num fato consumado, restando ao Legislativo a simples homologação, acabou sendo expelido por ele. O PSD de Gilberto Kassab elegeu 887 prefeitos; o MDB, 856; o PP, 747; o União (de Caiado), 584. Só depois aparece o PL: 516. Na sequência, vêm o Republicanos, com 435, o PSB, com 309; o PSDB, com 273; o PT, com 252, e o PDT, com 151. Há outros, mas paro por aqui. Nessa lista já exaustiva, só duas legendas não têm assento no ministério de Lula: o PL e o PSDB
E todas, exceção feita ao PT (na hipótese de o PDT seguir com os petistas), têm uma coisa em comum: não dispõem de um nome para disputar a Presidência. “Mas e Tarcísio?” Se a sua garantia era o “capitão”, está mal de padrinho e corre o risco de morrer pagão. O governador de São Paulo se aventurou a apoiar um candidato fora de São Paulo. Resolveu dar uma força para Bruno Engler (PL) em Belo Horizonte, que não hesitou em levar a disputa para a lama. E perdeu. É evidente que os progressistas, para ser genérico, despejaram votos no prefeito Fuad Noman (PSD) para evitar o mal maior. Nota à margem: o governador Romeu Zema (Novo) foi derrotado duas vezes: ao apoiar, inicialmente, a candidatura de Tramonte e, depois, ao aderir a Engler. Obra realmente de gênio para quem chegou a ter ambições presidenciais…
A “polarização”, que dizem ter perdido força, nunca existiu. Como inexiste um atavismo — a exemplo do que sugere o colunismo entre conservador (de iniquidades) e reacionário — que empurra o Brasil para a direita, embora essa gente valente simule cantar as glórias do centro…
A propósito: dada a lista de legendas acima, quem ali pode se dizer centrista? O PSD de Eduardo Paes (Rio) — um dos grandes vitoriosos deste ano — ou o de Eduardo Pimentel (Curitiba)? O MDB de Ricardo Nunes (SP) ou o de Igor Normando (Belém)? O Progressistas de Cícero Lucena (João Pessoa) ou o de Adriane Lopes (Campo Grande)? O União Brasil de Sandro Mabel (Goiânia) ou o de Bruno Reis (Salvador)?
Mais do que pelas palavras, conhecem-se homens e partidos por suas obras, verdade haurida das Escrituras. O dado insofismável é que o PT é um partido de esquerda — e assim concedo porque assim ele se considera; por mim mesmo, eu o diria de centro-esquerda —, mas, por ora, só existe um líder de centro importante no país: chama-se Luiz Inácio Lula da Silva. E a tese da polarização nunca passou de uma importação da realidade americana para a brasileira. Os EUA ficaram presos àquele 6 de janeiro, que, em certa medida, será reeditado nas próximas eleições. Os brasucas encontraram uma resposta bem mais rápida.
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