quais os riscos da gravidez após os 40?
Traçar uma carreira, conquistar autonomia sobre o próprio corpo, passar em um concurso, se tornar uma das mulheres mais famosas do mundo, conhecer outros países, casar, separar, namorar e só depois pensar na maternidade novamente. Essas foram as escolhas da modelo brasileira internacionalmente conhecida, Gisele Bündchen.
Agora, aos 44 anos, a modelo estampou sua terceira gravidez, e primeira ao lado do namorado, o instrutor de jiu-jitsu Joaquim Valente, em todos os jornais mundiais. A gravidez reacendeu um debate importante: até que ponto é seguro engravidar após os 40?
Com o avanço da medicina e o acesso a tratamentos de fertilidade, mais mulheres têm adiado a maternidade em busca de conquistas pessoais e profissionais antes de formar uma família.
Só para se ter uma ideia, de acordo com o Ministério da Saúde, gestações de mulheres com mais de 40 anos vêm aumentando no Brasil, representando 3,2% dos nascimentos em 2021. Essa tendência acompanha mudanças sociais, nas quais a autonomia feminina, as realizações profissionais e o planejamento familiar mais tardio ganham protagonismo.
Os desafios da gravidez após os 40 anos
Nem tudo são flores quando pensamos na gravidez após os 40 anos. Para a médica ginecologista Flávia Mambrini, a gravidez em idades avançadas ainda apresenta desafios que precisam ser geridos com acompanhamento médico de perto.
“A gravidez em idades avançadas apresenta maiores chances de anomalias cromossômicas, como a Síndrome de Down, além de riscos de pré-eclâmpsia e diabetes gestacional. Após os 40, ela envolve riscos devido à diminuição da qualidade dos óvulos, mas o acompanhamento médico adequado pode monitorar e gerenciar essas questões,” explica Mambrini. Segundo ela, essas condições aumentam com a idade e exigem cuidados específicos para a saúde da mãe e do bebê.
Pré-natal deve ser aliado à outros exames, explica médico
Além do monitoramento contínuo durante o pré-natal, a saúde cardiovascular e metabólica devem ser pontos de atenção. O ginecologista César Patez reforça a importância dos cuidados médicos regulares.
“Exames regulares são essenciais para monitorar a saúde da mãe e do bebê. Cuidados com a pressão arterial, glicemia e colesterol são fundamentais para reduzir os riscos de complicações. Os exames de pré-natal mais rigorosos permitem a detecção e intervenção precoce em possíveis complicações,” afirma.
Ele ainda alerta que os riscos aumentam à medida que a idade avança, tornando essencial um acompanhamento médico rigoroso e especializado.
Pré-natal deve incluir saúde bucal
Outro aspecto de destaque é a saúde bucal durante a gestação, que muitas vezes passa despercebida.
“A gravidez aumenta o risco de doenças periodontais, como gengivite e periodontite, que podem afetar a saúde materna e fetal,” alerta o especialista em odontologia, César Rodrigues. Ele recomenda que as gestantes mantenham cuidados com a higiene bucal, como escovação e uso do fio dental, e façam visitas regulares ao dentista.
“Essas condições podem impactar a mãe e o bebê, então é importante manter a escovação e o uso do fio dental e realizar consultas odontológicas regulares”, recomenda Rodrigues, destacando que o bruxismo, comum em gestantes devido à tensão e ansiedade, pode ser amenizado com o uso de placas miorrelaxantes.
Cansaço físico não pode ser ignorado
Outro ponto frequentemente abordado por especialistas é o desgaste físico e emocional que uma gravidez em idade mais avançada pode acarretar. A maturidade e experiência de uma mulher aos 40 anos podem ser vantagens, porém o impacto físico dessa fase exige atenção.
“Aos 40, o corpo exige mais, e o desgaste físico é real. Equilibrar a rotina exige paciência e autocuidado,” ressalta a ginecologista, acrescentando que o apoio emocional e o suporte de familiares e amigos são essenciais para uma experiência de gravidez mais tranquila.
Para a médica, a força e o equilíbrio emocional são fundamentais para enfrentar o desgaste físico, o que pode ser ainda mais relevante quando a mulher tem outros filhos e precisa dividir o tempo entre cuidados com a família, carreira e o novo bebê.
A ginecologista lembra ainda que, em alguns casos, as dificuldades para engravidar naturalmente levam mulheres a buscarem alternativas médicas. Segundo ela, a fertilidade começa a declinar significativamente após os 35 anos, tornando a concepção mais complexa em idades avançadas.
“Com menos óvulos e uma qualidade menor após os 40, a concepção se torna mais complexa, mas muitas mulheres têm conseguido engravidar com auxílio médico,” explica o ginecologista César Patez.
Ele cita técnicas como a fertilização in vitro (FIV) e a indução da ovulação como opções viáveis para mulheres que enfrentam desafios para conceber naturalmente.
A evolução da medicina e os avanços nos tratamentos de fertilidade têm permitido que mulheres vivenciem a maternidade de forma saudável e segura, mesmo em idades mais avançadas. Contudo, especialistas recomendam atenção redobrada e suporte emocional e médico adequado para garantir que tanto a mãe quanto o bebê atravessem essa fase com saúde e tranquilidade.
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