COP16 precisa acelerar ações de defesa da biodiversidade da Amazônia

Localizado na margem norte do rio Solimões, o Lago Tefé também está bastante afetado. Em agosto, ele encolheu drasticamente em comparação ao mesmo período de 2023, quando mais de 200 botos e tucuxis foram encontrados mortos durante a seca histórica com água em temperaturas recorde. Novamente há mortes dessas espécies de golfinho. Também houve uma taxa histórica de morte de peixes devido às altas temperaturas da água e à baixa concentração de oxigênio.

A maior seca na Amazônia ocorre devido a quatro principais fatores:

El Niño, da metade de 2023 até maio de 2024. O fenômeno é associado a uma camada de água quente no Pacífico equatorial centro-leste que normalmente muda os padrões de precipitação de forma a reduzir a chuva na Amazônia, especialmente durante os meses de julho até setembro, durante a estação seca. A magnitude da seca atual é mais severa do que a região viu em 2015-2016, a última vez que um forte El Niño ocorreu. O El Niño já acabou, mas as condições secas persistem na região. Atualmente, o fenômeno está com tendência de La Niña fraco a moderado e de curta duração.

Uma área de grande aquecimento no Atlântico Norte também afetou os padrões de precipitação e contribuiu para a seca recorde e prolongada, uma vez que esta região mais quente induz secas na Amazônia.

O desmatamento aumenta as temperaturas e muda os padrões de chuva. Há muitas décadas a Amazônia tem sido alvo de desmatamento principalmente para pastagens da pecuária, mineração ilegal, extração de madeira e queimadas, degradando tanto o solo quanto os rios. Quase um quinto desta floresta tropical foi perdida nos últimos 50 anos por desmatamento e outros 17% foram degradados. Áreas de pastagens reduzem muito a reciclagem de água durante a estação seca.

As mudanças climáticas contribuem para piorar as condições de seca de três maneiras principais: durante as estações secas a bacia amazônica está recebendo menos chuvas do que antes, à medida que os padrões climáticos mudam. Temperaturas mais altas aumentam a evapotranspiração, fazendo com que o solo e as plantas percam mais água. O aquecimento global tem tornado os El Niños mais intensos, e o Atlântico Norte mais quente. Nos últimos 40 anos, em todo sul da Amazônia, a estação seca já está 4 a 5 semanas mais longa. A Amazônia vem enfrentando duas secas por década nos últimos 20 anos (2005, 2010, 2015-16 e 2023-24), quando por um longo período no passado ocorria uma seca mais severa a cada duas décadas.



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