‘O Exterminador do Futuro’ completa 40 anos à frente de seu tempo
O adiamento de nove meses das filmagens, causado quando o produtor Dino De Laurentiis rodou “Conan, o Destruidor” com Schwarzenegger, terminou sendo benéfico. Cameron e sua equipe puderam aperfeiçoar os efeitos visuais que incluíam a construção do endoesqueleto metálico do Exterminador e as sequências que retratavam a guerra do futuro entre humanos e máquinas. Nesse meio tempo, o diretor escreveu “Rambo 2 – A Missão” e colocou em movimento as engrenagens que resultariam em “Aliens”.
As filmagens de “O Exterminador do Futuro” começaram em março de 1984 em Los Angeles, com boa parte do trabalho realizada à noite até pouco antes do nascer do Sol. Aos poucos, os céticos em relação ao projeto —inclusive o próprio Schwarzenegger— perceberam que Cameron estava longe de ter criado apenas mais um filme B de ação. Quando encerrou sua carreira no cinema, “O Exterminador do Futuro” passou de aposta de baixo orçamento a um sucesso de quase US$ 80 milhões (R$ 460 milhões).
Assim como o próprio Exterminador, o filme de James Cameron trazia camadas muito além de sua superfície. A figura robótica de Schwarzenegger, irrefreável e desprovida de emoções, trouxe, ao lado da empolgação pela brutalidade de fantasia, uma discussão sobre masculinidade sob o prisma do artificialismo. A mistura de paranoia e violência espelhava anseios da sociedade americana nos anos 1980, que então vivia sob a sombra do fim do “sonho americano”.
Ao abrir uma janela para o horror que a humanidade esperava no futuro, o filme sugeria uma reflexão no presente, mesmo sem oferecer uma saída ou um lampejo de esperança. O círculo só seria fechado em 1991, quando Cameron e Schwarzenegger se reuniram em “O Exterminador do Futuro 2”, agora com o personagem de Arnold reapresentado como herói. Os dois filmes trazem uma história completa, fechando o arco dramático de Sarah Connor e fazendo do futuro uma incógnita.
Fora das mãos de Cameron, porém, a marca perdurou, saltando por diferentes estúdios e produtoras que espremeram o conceito em uma série de TV (“The Sarah Connor Chronicles”) e em cinco filmes que fizeram muita força para —à exceção de “O Exterminador do Futuro – A Salvação”— justificar a presença de Schwarzenegger como um androide de cabelos grisalhos sofrendo a ação inexorável do tempo.
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