Lobista alvo da PF compartilhou suposta minuta da Presidência do STJ

O suposto documento seria da época em que o presidente era o ministro João Otávio de Noronha. Questionado, Noronha afirmou que nunca havia visto o documento e que não era possível saber se foi forjado ou produzido efetivamente no STJ. Também reiterou que não tomou nenhuma decisão no processo e que ele foi redirecionado para a competência de outro ministro, por meio de uma ferramenta da Presidência que usa inteligência artificial para triagem de recursos.

As provas fazem parte dos diálogos entre Andreson e o advogado Roberto Zampieri, assassinado no fim do ano passado em Cuiabá. Extraídas do celular de Zampieri pela Corregedoria do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), as mensagens mostram que o lobista compartilhou com Zampieri uma minuta que antecipava uma decisão a ser proferida pelo então presidente do STJ, em um processo de interesse do grupo criminoso. Mas essa decisão não foi proferida.

As informações indicam que o lobista poderia ter conexões ainda mais amplas com funcionários do STJ. A investigação apura indícios de que Andreson teria acesso, por meio de funcionários do STJ, a informações dos gabinetes de cinco ministros: Isabel Gallotti, Nancy Andrighi, Og Fernandes, Moura Ribeiro e Antônio Carlos Ferreira. Até o momento, não surgiram indícios de que os ministros estariam envolvidos.

A defesa de Andreson de Oliveira Gonçalves não quis se manifestar porque afirma que não teve acesso à investigação.

Agora, o relatório do CNJ sobre os diálogos também aponta suspeita de acesso indevido às informações da Presidência. A Comissão de Sindicância do STJ aberta para apurar o assunto afirmou que não foi possível fazer a leitura do código de barras da minuta de decisão compartilhada por Andreson, por isso não foi verificada sua autenticidade.

O inquérito sobre o caso foi remetido ao STF (Supremo Tribunal Federal), depois que foram detectadas transações financeiras suspeitas envolvendo uma autoridade com foro privilegiado. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, analisa o material para decidir os próximos passos da apuração. Por isso, o caso ainda não foi devolvido para a PF dar prosseguimento às diligências.



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