sensor inteligente promete economizar água na agricultura
A crescente escassez de água, intensificada pelas mudanças climáticas, tem impulsionado a busca por soluções sustentáveis. O setor agropecuário, responsável por 70% do consumo global de água, enfrenta o desafio de otimizar este recurso. Nesse contexto, cientistas brasileiros estão inovando com tecnologias avançadas.
Uma colaboração entre a Embrapa Agroindústria Tropical, a Universidade Federal do Ceará (UFC), o Laboratório de Inovação Tecnológica e Experimentação Científica (Litec) e a empresa 3V3 Tecnologia resultou no desenvolvimento de um sensor inteligente.
Esse dispositivo utiliza inteligência artificial para monitorar o estresse hídrico das plantas, promovendo uma irrigação mais eficiente.
Com base em cálculos dos pesquisadores, essa tecnologia pode proporcionar uma economia média de 30% no uso de água nas plantações. Essa inovação é significativa, especialmente para regiões onde a água é escassa, oferecendo uma alternativa sustentável e eficaz.
Sensor inteligente usa inteligência artificial para identificar a necessidade de água nas plantas – Imagem: VH-studio/Shutterstock
Como funciona a tecnologia
O sistema desenvolvido pelos cientistas consiste em três componentes principais: um sensor de temperatura das folhas, um psicrômetro aspirado e um piranômetro. Esses dispositivos medem temperatura, umidade e radiação solar, respectivamente. Com essas informações, o sistema determina quando a irrigação é necessária.
O sensor de temperatura opera com termistores encapsulados em vidro, fixados nas folhas e conectados a um sistema de coleta de dados. A partir dessas medições, o sistema identifica as necessidades hídricas e automaticamente aciona a irrigação.
Cláudio Carvalho, agrônomo e autor principal do estudo, destaca que o uso de inteligência artificial para controlar a irrigação é algo inédito. A inovação promete tornar o manejo da água mais preciso e assertivo.
Próximos passos e reconhecimento
Michel Freire, CEO da 3V3 Tecnologia, menciona que o futuro da tecnologia é promissor. A meta é criar uma versão comercial acessível para pequenos agricultores. O equipamento ainda está em fase de testes, mas apresenta potencial significativo, especialmente em locais onde a irrigação eficiente não é comum.
Durante o 44.º Congresso da Sociedade Brasileira de Computação, realizado em Brasília, o estudo ganhou destaque. Foi premiado na categoria “Best Paper” no Workshop de Computação Aplicada à Gestão do Meio Ambiente e Recursos Naturais (WCAMA).
Otto Sousa, Guilherme Alves e Atslands Rocha, do Departamento de Engenharia em Teleinformática da UFC, também participaram do projeto. Segundo Atslands Rego da Rocha, as expectativas são de que o dispositivo esteja funcional no campo em até dois anos, com uma versão aprimorada do hardware e um banco de dados expandido.
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