Quatro anos após Harkot, milhares ainda morrem atropelados – 08/11/2024 – Ciclocosmo

Há quatro anos morria Marina Kohler Harkot, jovem socióloga com papel de destaque em pesquisas sobre mobilidade urbana.

Uma de suas mais importantes perguntas foi: “Quais características das cidades impedem as mulheres de usarem bicicletas, e o que significa falar de mobilidade ativa e gênero no contexto brasileiro?”

As respostas estão em sua dissertação de mestrado na USP, A Bicicleta e as Mulheres, onde a pesquisadora desenvolveu uma metodologia para estudar a mobilidade e analisar a infraestrutura urbana. Seu objetivo era orientar planejadores urbanos na tarefa de construir cidades mais justas e democráticas.

Morreu dois anos depois, pedalando, aos 28 anos de idade, atropelada por um homem que dirigia no dobro da velocidade máxima permitida, acusado de estar bêbado e de não prestar socorro.

Entre aquela madrugada de 8 de novembro de 2020 e hoje, ao menos 1.533 ciclistas morreram atropelados no estado de São Paulo, apesar do alerta dado por Marina e sua trágica morte.

Os dados são do Infosiga, sistema do governo paulista de monitoramento da letalidade no trânsito, que mostra também que as mortes de pedestres e ciclistas crescem assustadoramente na cidade de São Paulo, batendo recordes enquanto pouco se faz para proteger os mais vulneráveis.

Só em 2024, entre janeiro e setembro, 1.068 pedestres morreram atropelados no estado de São Paulo. O número é quase 18% maior que o do mesmo período do ano passado, que teve 906 óbitos.

No Brasil todo, o tamanho da tragédia é incomensurável.

Homenagem

Para lembrar os 4 anos da morte da socióloga, um plantio de árvores está marcado para às 9h deste sábado (9), na esquina da Av. Paulo 6º com a Rua Lisboa (zona oeste da cidade de São Paulo), local do atropelamento.

“Plantar e cuidar deste bosque, para nós que amamos Marina, traz o sentido de cultivar e germinar seus sonhos e desejos por vias seguras e mais gentileza no trânsito cruel das cidades, onde centenas de pessoas são mortas por ano e o descaso continua”, diz Maria Claudia Kohler, mãe de Marina, ao lembrar que o motorista ainda responde em liberdade.


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