Cabeça de delator do PCC valia R$ 3 milhões, diz advogado

Corpo de rival do PCC executado no aeroporto

São Paulo — O empresário Vinicius Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) que foi assassinado a tiros, na última sexta-feira (8/11), em um terminal de desembarque do Aeroporto de Guarulhos, na região metropolitana, havia recebido um áudio no qual uma pessoa oferecia R$ 3 milhões para matá-lo.

“Ele recebeu uma ligação de uma pessoa, que é investigada, que estava oferecendo R$ 3 milhões pela cabeça dele, que era fácil acertar ele [sic]”, afirmou o advogado Ivelson Salotto, que defendeu o empresário em dois processos.

De acordo com o advogado, uma pessoa presente no momento da “oferta” gravou a fala e enviou a Vinicius. “Não sei com que intuito, talvez até de preservação da vida dele.”

Ivelson assumiu a defesa de dois policiais que trabalhavam como segurança do empresário no dia da execução a tiros.

Vinicius era jurado de morte pelo PCC por estar supostamente envolvido no assassinato de dois membros da maior facção do Brasil, entre eles um chefão. Ele havia sido alvo de uma tentativa de homicídio, a tiros, na noite de Natal do ano passado.

PMs investigados

Os policiais militares (PMs) responsáveis pela segurança de Vinícius Antônio Gritzbach foram afastados das atividades na corporação e passaram a ser investigados.

Nos primeiros depoimentos prestados, eles disseram que, momentos antes do ataque ao empresário, pararam em posto de combustíveis para lanchar, enquanto aguardavam a chegada dele, que voltava de uma viagem a Maceió.

Segundo eles, quando decidiram ir em direção ao aeroporto, uma caminhonete não funcionou. Apenas um dos PMs teria ido até o local.

Câmeras de segurança do aeroporto registraram o momento em que dois homens de capuz descem de um carro preto e disparam contra Gritzbach. Ele morreu na hora. Um motorista de aplicativo, atingido por uma bala perdida, também morreu.

O advogado Ivelton Salotto, que defendia Gritzbach em dois processos, afirma que o empresário havia solicitado proteção ao Ministério Público de São Paulo (MPSP). A solicitação, porém, não teria sido atendida.

O pedido ocorreu pouco antes de fechar um acordo de delação, com o qual ajudou na investigação de um núcleo do Primeiro Comando da Capital (PCC) envolvido com a lavagem de dinheiro.

Gritzbach chegou a ficar preso, preventivamente, pela acusação de duplo homicídio. Ele foi solto, em junho do ano passado, por uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), para responder às acusações em liberdade. Fontes do Judiciário paulista afirmaram ao Metrópoles, na ocasião, que a soltura representava riscos à vida do empresário.

Crime

Conforme apurado pelo Metrópoles, o empresário foi morto com um tiro de fuzil no rosto na sexta-feira (8/11). Os filhos foram buscá-lo com quatro seguranças, todos PMs. O carro da filha quebrou e ficou em um posto, e o filho seguiu ao encontro do pai com os quatro seguranças.

Imagens do circuito de segurança mostram o momento em que um carro para na área de desembarque, dois homens encapuzados descem do veículo, vestindo coletes à prova de balas e portando fuzis.

Assim que o empresário se aproxima, os assassinos começam a atirar. São 29 disparos, segundo fontes ouvidas pelo Metrópoles. Pelo menos um disparo atingiu o rosto do empresário. Dois seguranças ficaram feridos. Os atiradores entram no carro e fogem do local. Pouco depois, o veículo utilizado no crime foi localizado pela Polícia Militar.



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