Luis Enrique, um antídoto da Data Fifa – 11/11/2024 – Sandro Macedo

Vai começar a última Data Fifa do ano. E, se é a última, é boa notícia. Os campeonatos europeus serão interrompidos para mais uma rodada da Liga das Nações —torneio pelo qual ninguém dá a mínima, além do campeão, como o nosso Paulistinha.

Para nosotros, significa a interrupção do Brasileiro faltando apenas cinco rodadas para o fim, com Botafogo e Palmeiras disputando o título, Inter atropelando na reta final rumo ao top 3 (será?), Flamengo ativando o modo feliz 2025 e otimistas corintianos (pasmem) sonhando com Libertadores (a farra nunca termina).

No lugar das rodadas finais, vamos encarar mais dois rounds das monótonas Eliminatórias Sul-Americanas. Monótonas para brasileiros e argentinos, já que, com seis vagas (e meia) possíveis entre dez países, as duas seleções ganharam bilhete vitalício para disputar as Copas do Mundo. É como encarar o Brasileiro tendo como objetivo uma vaga na Sul-Americana. Mas na TV vão tentar dizer que o jogo é dramático ou algo parecido.

Sendo assim, este humilde escriba gostaria de sugerir outro programinha, a série “Luis Enrique: Você Não Sabe P**** Nenhuma”, disponível no streaming da Max (antigo HBO).

Não confundir com Luiz Henrique, atacante do Botafogo e principal destaque do segundo turno. O Luis Enrique da série é o ex-jogador espanhol, ex-técnico do Barcelona e atual do PSG, aquele time que não tem Neymar, nem Messi nem Mbappé.

São apenas três episódios com pouco mais de 40 minutos, pouco mais que um jogo com intervalo e acréscimos. Luis Enrique já tinha mostrado na Copa do Qatar que era uma figuraça rara. Totalmente avesso à imprensa, ele se transformou em streamer no Mundial, falando com mais de 800 mil seguidores sobre assuntos diversos, incluindo tipos de bicicleta, uma de suas obsessões.

Após a eliminação precoce na Copa, ele assinou com o PSG, e seu primeiro ano à frente do clube de Paris é o período retratado na série —nada de resumo de toda a carreira.

Espertamente, o diretor Duncan McMath —o mesmo de “Ronaldo, o Fenômeno”, disponível na Globoplay— trata a temporada quase como um apetrecho. Não há entrevistas com jogadores do time, pessoas do estafe ou antigos colegas.

O foco é na intimidade e nas idiossincrasias de Luis Enrique, com um ou outro comentário de sua mulher, Elena, e de Luís Campos, diretor de futebol do PSG, que servem para ressaltar a inquietação do protagonista. Perto do treinador, o agitado Pep Guardiola, seu ex-companheiro de Barcelona, parece um monge budista.

Para os apreciadores de jogadores-celebridades, o documentário mostra um pouco da relação do míster com Mbappé, que estava negociando a saída para o Real Madrid.

O terceiro episódio, o mais pessoal, resgata um pouco o drama do treinador, cuja filha, Xana, morreu aos nove anos, em 2019, vítima de um câncer nos ossos. O técnico criou uma fundação para ajudar famílias na mesma situação, mas sem recursos. Até nessa hora, enquanto telespectadores podem enxugar as lágrimas, o positivista professor celebra a vida e os incríveis nove anos que teve com a filha.

Se Luis Enrique tem um problema, é com a imprensa (esses canalhas). É dele a sugestão do título da série, que resume o que ele pensa dos analistas de futebol, “você não sabe p**** nenhuma”. Este escriba, que não sabe p**** nenhuma, apostaria que a série será mais divertida que Venezuela x Brasil.


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