Indicações de Trump para governo sinalizam política externa mais dura
Donald Trump foi eleito o 47º presidente dos Estados Unidos nas eleições do dia 5 de novembro. Após uma semana do pleito, Trump já apontou três nomes que desempenharão cargos em sua administração.
Os três indicados são figuras políticas do Partido Republicano conhecidas por frases e políticas duras em relação à migração e à política internacional.
O primeiro nome indicado por Trump foi o de Thomas Homan, conhecido como o “czar das fronteiras”, apelido dado por sua postura linha-dura (veja abaixo). Ele será o diretor interino da Agência de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês).
A deputada republicana por Nova York Elise Stefanik foi o segundo nome anunciado para o compor a nova gestão Trump. Elise foi indicada para o cargo de embaixadora norte-americana na Organização das Nações Unidas (ONU). A sua indicação precisa da confirmação do Senado dos EUA.
Marco Rubio, senador pela Flórida, é o nome mais contado para ser o chefe da diplomacia dos Estados Unidos. Rubio é neto de imigrantes cubanos, mas tem adotado posturas cada vez mais duras em relação a Cuba, à Venezuela, à China e ao Irã. Ele se coloca a favor do fim da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Diante dos nomes indicados nesses primeiros dias pós-eleição, Donald Trump está sinalizando sua intenção de cumprir suas principais promessas de campanha. São elas: resolver a questão da imigração ilegal, com deportações generalizadas de imigrantes indocumentados; endurecimento de medidas que permitem que imigrantes permaneçam no país legalmente; endurecer a relação dos EUA com países considerados de esquerda pelo Partido Republicano.
Stephen Miller, um linha-dura da imigração e conselheiro do Trump, tem assumindo o planejamento de políticas de transição e deve ser nomeado vice-chefe de gabinete no governo Trump. Isso demonstra a clara intenção do presidente eleito em enrijecer a política internacional em seu futuro governo.
É esperado que Miller trabalhe em estreita colaboração com o Homan para supervisionar as deportações planejadas, bem como a segurança marítima e da aviação do país.
Czar das fronteiras
Thomas Homan, indicado por Trump para assumir o ICE, já havia sido nomeado diretor interino da agência em 2017. Ele tem décadas de experiência em fiscalização de imigração. Começou como policial, agente da Patrulha de Fronteira dos Estados Unidos e atuou como agente especial do antigo Serviço de Imigração e Naturalização.
Em entrevista à CBS, Homan disse que tais políticas de proteção da fronteira, que não foram conduzidas na administração do presidente Biden, seriam retomadas. Ele descreveu “prisões direcionadas” e imposições no local de trabalho, quando questionado sobre o plano de deportação.
“Não é OK entrar em um país ilegalmente, o que é um crime. É isso que impulsiona a imigração ilegal, quando não há consequências”, disse.
Donald Trump anunciou a indicação de Homan afirmando que ele é o melhor nome para cumprir as promessas eleitorais de controle das fronteiras dos EUA.
“Conheço Tom há muito tempo, e não há ninguém melhor em policiar e controlar nossas fronteiras. Da mesma forma, Tom Homan ficará encarregado de todas as deportações de imigrantes ilegais de volta ao seu país de origem”, escreveu Trump na Truth Social.
Elise Stefanik
Indicada para o cargo de embaixadora norte-americana na ONU, a deputada republicana por Nova York Elise Stefanik surgiu como uma aliada-chave de Trump durante seu primeiro processo de impeachment. Ela foi presidente da conferência republicana da Câmara.
No entanto, tem pouca experiência em política externa e segurança nacional. Elise atuou no Comitê de Serviços Armados da Câmara e no Comitê Permanente de Inteligência da Câmara.
“Estou honrado em nomear a presidente (da Conferência Republicana da Câmara) Elise Stefanik para servir em meu gabinete como embaixadora dos EUA nas Nações Unidas. Elise é uma lutadora incrivelmente forte, resistente e inteligente do America First”, afirmou Trump.
A deputada republicana tem sido uma defensora declarada de Israel. Ela teve um papel de destaque nas audiências do Congresso que levaram a renúncias de vários presidentes de universidades devido à forma como lidaram com a agitação nos campus após o ataque terrorista do Hamas a Israel e a subsequente guerra em Gaza.
Elise confirmou ao jornal New York Times que aceita a nomeação ao cargo.
“Estou realmente honrada em receber a nomeação do presidente Trump para servir em seu gabinete como embaixadora dos EUA nas Nações Unidas. Durante minha conversa com o presidente Trump, compartilhei o quão profundamente humilde estou em aceitar sua nomeação e que estou ansiosa para ganhar o apoio dos meus colegas no Senado dos Estados Unidos”, destacou.
Marco Rubio
Senador pela Flórida, Marco Rubio é o nome mais contado para ser o chefe da diplomacia dos Estados Unidos no governo de Donald Trump. Quando eleito para o Senado em 2010, Rubio assumiu uma posição de linha dura em relação à China, Irã, Venezuela e Cuba, em particular.
Marco Rubio se colocou a favor do fim da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, dizendo que o conflito chegou a um impasse e “precisa ser encerrado”.
Ele tem sido um dos senadores mais abertos sobre a necessidade de os Estados Unidos se colocarem de forma mais agressiva em relação à China. Ele adotou posições que mais tarde se tornaram populares em ambos os partidos. Por exemplo, enquanto servia no Congresso durante o primeiro governo Trump, ele começou a defender uma política industrial destinada a ajudar os Estados Unidos a competir melhor com a economia estatal da China.
Ele também atuou como copresidente da Comissão Executiva-Congressista bipartidária sobre a China, que tem como objetivo elaborar uma política agressiva sobre os chineses, especialmente na tentativa de abordar os abusos de direitos humanos no país.
Em 2020, Rubio patrocinou um projeto de lei que tentava impedir a importação de produtos chineses feitos com o uso de trabalho forçado pela minoria étnica uigur, da China. O presidente Biden sancionou a lei no ano seguinte.
Em 2019, o senador ajudou a convecer Donald Trump a adotar uma política de sanções severas contra a Venezuela para tentar retirar Nicolás Maduro do poder.
Rubio também já fez críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Ele já demonstrou apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e proximidade com o filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
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