Novos tratamentos contra o câncer podem dar reações na pele: o que fazer?
“Aliás, o prurido intenso pode ser o primeiro passo de problemas até mais graves, que vão exigir internação por serem potencialmente fatais. Por isso que digo a cada paciente: se aparecer qualquer coisa diferente na pele, me ligue”, conta a dermatologista Luiza Kassuga Roisman, colaboradora do ECA-QT, o ambulatório de efeitos adversos cutâneos que ela viu nascer de perto no INCA (Instituto Nacional de Câncer), no Rio de Janeiro.
A ideia desse ambulatório surgiu há dez anos, a partir de uma conversa entre o chefe da dermatologia e um oncologista. A jovem médica, que naqueles tempos fazia mestrado na instituição, logo entrou no assunto. Em parte, por uma vivência pessoal. “Minha avó teve câncer de pulmão e usou erlotinibe, uma terapia-alvo que fazia efeito colateral pra caramba”, conta.
Ela própria começava a encontrar no hospital do INCA pacientes submetidos à terapia-alvo ou à imunoterapia com problemas de pele, cuja gravidade variava um bocado. “Além de depender da molécula prescrita, pode existir uma predisposição genética maior ou menor a essas reações”, explica. “Mas, na época, não tínhamos tanto conhecimento”, relembra. “A maior parte das informações vinha de artigos de fora, principalmente do Memorial Sloan Ketterting, o famoso centro de câncer nova-iorquino, que já acumulava muitos casos em que aplicaram esses novos tratamentos. Eu devorava esses estudos.”
De lá para cá, a doutora Luiza atendeu centenas e centenas de pacientes de câncer que apresentaram reações de pele. Na última sexta-feira, dia 8, compartilhou um pedaço dessa experiência no XXV Congresso SBOC, promovido pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.
No evento, ela mostrou que, para a maioria deles, é possível oferecer um bom alívio. Mas isso não acontece com qualquer pomada — é preciso ter por perto um dermatologista que entenda onde exatamente age a molécula selecionada pelo oncologista para combater determinado tumor. “Aliás, melhor seria se o paciente consultasse esse dermato antes mesmo de iniciar o tratamento do câncer”, defende.
Afinal, a jornada de quem busca a cura de uma doença maligna já é difícil. Não precisa ser ainda mais dura coçando, ardendo e pinicando o tempo todo. Definitivamente, não precisa ser assim.
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