O mundo sem homens – 12/11/2024 – Mariliz Pereira Jorge
Reportagem do The New York Times mostra que, em resposta à eleição de Trump, o movimento feminista radical 4B virou inspiração para mulheres que aspiram por uma vida sem relações heterossexuais, um mundo sem homens. As entrevistadas alegam que é uma medida para garantir segurança e saúde durante o futuro governo, que já deu motivos para que a população feminina se sinta acuada e revoltada.
Há, no entanto, diferenças entre a sociedade sul-coreana, onde o 4B foi criado, e a norte-americana ou mesmo a brasileira. A Coreia do Sul, apesar de ser um país com fachada moderna, ainda tem valores patriarcais arraigados e a desigualdade de gênero pior do que em países ocidentais. O movimento, apesar de extremado, tem servido para promover debates e mudanças estruturais.
Da coreana, espera-se submissão familiar, abdicação do trabalho em detrimento do casamento. É comum salários mais baixos, homens com prioridade em promoções, mulheres ameaçadas para não engravidarem, mães solo excluídas de políticas públicas. Claro, feministas são odiadas, inclusive por homens das novas gerações. Mas o resultado é que o feminismo já mudou a sociedade: em 2020, apenas 22% das mulheres consideravam o casamento indispensável; dez anos antes, elas eram 47%.
Nos EUA, uma onda mais light surgiu quando a comediante Hope Woodard usou o tema do celibato voluntário para um show sobre seu ano sem relacionamentos amorosos. Batizado de Boysober, é um detox de homem, um período que teria sido rico para a autodescoberta, sem a necessidade da validação masculina.
Na Coreia do Sul pode ter tido efeito, mas, no Ocidente, movimentos como o B4 ou o Boysober parecem tiro no pé. Na teoria, o sexo masculino é punido pelo boicote imposto pelas grevistas, mas na prática mulheres renunciam à autonomia sexual, ao próprio prazer, a liberdades já conquistadas, sem mudar substancialmente queixas que são legítimas, enquanto os homens brincam pelados nas camas das fura-greve.
Vibrador é bom, mas nem sempre substitui fungada no cangote. Autoconhecimento é fundamental e deve servir de peneira contra boy lixo.
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