Ser um jovem transformador não pode ser luxo – 12/11/2024 – Papo de Responsa

O termo empreendedor social foi popularizado na década de 1980 e é amplamente atribuído ao americano Bill Drayton, que o usou para descrever pessoas que aplicam soluções inovadoras para resolver problemas sociais.

Drayton então fundou a Ashoka com o propósito de identificar e apoiar quem utiliza métodos empreendedores para promover o bem comum, o que difundiu a ideia do “empreendedorismo social” nos círculos acadêmicos, sem fins lucrativos e empresariais, até a emergência de empresas sociais e o ecossistema de impacto nas últimas décadas.

Nesses mais de 40 anos, trabalhando com uma rede de 4 mil empreendedores sociais pelo mundo, ficaram evidentes alguns padrões em suas jornadas.

Desde a infância ou adolescência, eles praticam a empatia de forma consciente. Muito jovens, encontram estímulo para se conectar com o outro e reduzir as distâncias entre suas próprias experiências e as dos demais. E, a partir dessa conexão, se permitem imaginar e criar soluções para problemas que afetam suas comunidades.

Esse é um momento transformador. É a primeira vez que experimentam o poder de contribuir para uma questão coletiva, e isso desperta sua criatividade e iniciativa.

A partir daí, mobilizam outras pessoas, trabalham em equipe e colocam suas ideias em prática. Essa capacidade de agir de forma intencional para provocar mudanças positivas em sua vida e seu entorno é o que chamamos de “agência de transformação”.

Hoje em dia, o compromisso mais importante da Ashoka é despertar essa agência em cada pessoa e incentivar famílias, escolas, empresas e comunidades a também assumirem essa responsabilidade.

Desenvolver essa agência de transformação não pode ser um privilégio de poucos. Temos que democratizar essa experiência em todas as instâncias de socialização. Uma rede de jovens que se identificam como transformadores é o catalisador essencial nesse processo. Com criatividade e valores solidários,

Jovens Transformadores engajam outros jovens em iniciativas sociais e orquestram parcerias institucionais para implementá-las. Empresas, bairros, comunidades, todos deveriam investir na formação de uma rede de Jovens Transformadores.

O momento é propício. Estamos vendo uma onda de iniciativas de inclusão produtiva e empoderamento econômico, voltadas a ampliar o acesso a emprego e renda digna para jovens, mulheres de baixa renda, negros, indígenas e pessoas com deficiência.

Essas ações estão ancoradas em estratégias ESG de corporações, agendas filantrópicas e programas sociais do governo. Mas precisamos ir além: como essas iniciativas podem promover uma transformação cultural que reconheça o potencial dos jovens hoje?

Passamos muito tempo enfatizando as limitações da juventude que “nem trabalha, nem estuda”, uma narrativa que sabota seus sonhos e os faz acreditar que não podem liderar mudanças. Em um mundo atravessado pela desigualdade e incertezas, essa visão sobre os jovens é uma armadilha difícil de desarmar.

Ao mesmo tempo, uma educação sem profundidade crítica e ambientes de trabalho hostis à agência de transformação dos jovens comprometem nossa capacidade de promover a transformação ecológica, distribuir equitativamente os avanços tecnológicos, enfrentar a exclusão, fortalecer a democracia e cuidar de uma população que envelhece rapidamente.

É nesse contexto que unimos forças com o Instituto Coca-Cola, que oferece oportunidades de formação e emprego a mais de 300 mil jovens de 16 a 25 anos, e com a Folha, que há 20 anos fortalece o ecossistema de empreendedorismo social no Brasil.

Juntos, queremos que todas as pessoas e organizações promovam o desenvolvimento dos jovens como agentes de transformação e que suas histórias inspirem uma cultura onde todos tenham habilidades para liderar as mudanças. Este é um passo importante rumo a novas narrativas e rotas de desenvolvimento humano.


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