Salário de R$ 7 mil e 37 casas: os bens do policial citado por delator
São Paulo — Com salário de R$ 7 mil mensais, o agente da Polícia Civil de São Paulo Rogerio de Almeida Felício é sócio de uma clínica de estética, de uma empresa de segurança privada e de uma construtora que ergueu cinco condomínios de 37 casas no litoral sul paulista.
Conhecido como Rogerinho, o policial civil foi citado pelo delator Vinícius Gritzbach como um dos agentes que cometeram “ilicitudes e arbitrariedades” na investigação sobre a morte do traficante Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, pela qual é acusado.
A delação sobre os policiais está sob sigilo e o Metrópoles não obteve acesso aos documentos. Em peças apresentadas pela defesa de Gritzbach à Justiça, menciona-se, em resumo, que são implicados agentes de quatro delegacias da Polícia Civil paulista por crimes como corrupção, concussão e associação criminosa.
Rogerinho (foto em destaque) é um policial popular nas redes sociais. Tem mais de 100 mil seguidores em sua página no Instagram. Lá, publica fotos e vídeos, por exemplo, ao lado do cantor sertanejo Gusttavo Lima, de quem é segurança. Também faz marcações de sua construtora, a Magnata Construção e Incorporação. A empresa tem outros dois sócios.
Apesar do capital de R$ 30 mil, trata-se de um negócio milionário. Em sua página, a construtora anuncia cinco empreendimentos na Praia Grande, no litoral sul de São Paulo. Ao todo, esses complexos reúnem 37 casas. Elas estão à venda por até R$ 350 mil cada.
O Metrópoles obteve parte das 47 matrículas de cartório em nome da construtora. Uma delas se refere ao condomínio Magnata 1. O terreno, na Vila Caiçara, fica a três quarteirões da orla da Praia Grande. Somente esse terreno custou R$ 319 mil à construtora. No local, foram construídas 10 casas, segundo o registro do imóvel.
Nesse condomínio, por exemplo, uma das casas foi comprada por um policial militar. A construtora move uma ação de cobrança contra ele por inadimplência do pagamento pela aquisição do imóvel.
Além da Magnata, Rogerinho é sócio de uma empresa de administração de bens pessoais. O Metrópoles não localizou imóveis em nome dela. O policial também aparece nos quadros de uma clínica de estética na capital paulista e de sua empresa de segurança privada, a Punisher.
A reportagem procurou o policial, mas ele não se manifestou. O espaço segue aberto.
Questionada sobre o agente, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou apenas que “montou uma força-tarefa para investigar o crime que aconteceu na área externa do Aeroporto Internacional de Guarulhos, na última sexta-feira (8)”.
“Testemunhas e partes envolvidas já prestaram depoimento e os policiais militares que faziam a segurança de uma das vítimas foram afastados de suas atividades operacionais até o fim das investigações”, diz a SSP por meio de nota.
“Além deles, outros policiais também são alvo de inquérito policial militar, que corre sob segredo de Justiça há cerca de um mês. Paralelamente, a Polícia Civil instaurou uma apuração preliminar para apurar as denúncias contra agentes. As corregedorias das duas instituições acompanham as investigações para que todas as medidas pertinentes sejam adotadas, reiterando o compromisso e respeito às leis, à transparência e à imparcialidade”, diz. Ao todo, seis policiais civis citados na delação de Vinícius Gritzbach foram afastados nessa quarta-feira (13/11).
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