Empresas de café vão aumentar preço em até 40% até janeiro – 12/12/2024 – Café na Prensa

As principais marcas de café do Brasil preparam um aumento entre o fim deste ano e janeiro de 2025 que deve passar dos 40%, segundo comunicados internos aos quais a Folha teve acesso. As altas ocorrem após a cotação do grão disparar no mercado global (leia mais abaixo).

O grupo 3corações, líder do setor, comunicou seus revendedores sobre um reajuste de 20% para café torrado e moído e em grãos a partir de dezembro, além de um novo repasse de 21% em 1º de janeiro de 2025.

Em comunicado enviado aos seus clientes, a empresa cita a alta histórica dos preços do café nas últimas semanas, ocasionada “por um conjunto de fatores climáticos, que se intensificaram nos últimos meses”.

O documento ainda informa sobre aumentos para outros tipos de produto, a saber: em dezembro, 10% para solúveis; em janeiro, 11% para solúveis, 11% para cápsulas e 11% para cappuccinos.

A JDE (Jacobs Douwe Egberts), vice-líder do setor, decidiu reajustar os preços, em média, em 30% a partir de 1º janeiro. A empresa, que é dona de marcas como Pilão, L’Or e Maratá, também cita as altas da matéria-prima como justificativa para o aumento.

No comunicado confidencial enviado aos seus revendedores, a JDE diz que os percentuais de cada tipo de produto, marca e região serão informados até janeiro. A empresa diz ainda que pode haver “novas atualizações de preço a partir de fevereiro”.

  • Diante da alta, muitos consumidores podem ir em busca de outros tipos e marcas de café. Por isso, veja na galeria de imagens abaixo algumas dicas de como escolher o melhor café no supermercado de acordo com seu gosto:

Procurado, o grupo 3corações disse que “monitora atentamente as projeções de safra e as oscilações históricas nas cotações dos grãos, amplamente influenciadas pelas mudanças climáticas e pelas quebras de safra, fatores que pressionam fortemente os custos do café verde, nossa principal matéria-prima”.

“Apesar de termos absorvido essas variações ao máximo, a persistência desse cenário tornou necessária uma revisão de nossos custos operacionais, resultando em um ajuste nos preços. Reiteramos, entretanto, nosso compromisso em implementar esse ajuste de forma gradual e responsável, sempre com o objetivo de minimizar o impacto para o consumidor e preservar a sustentabilidade de toda a cadeia produtiva”, disse a empresa, em nota ao Café na Prensa.

A JDE não deu detalhes sobre o reajuste. “Não fornecemos informações a nível nacional sobre este assunto, nem preços, nem estratégias de vendas, uma vez que não estamos autorizados a fazê-lo em conformidade com as leis de concorrência e antitruste aplicáveis”, disse a empresa holandesa em nota à reportagem.

Como o Café na Prensa havia informado no início da semana, boa parte da alta de preços histórica ainda não chegou ao consumidor final, uma vez que as indústrias estavam evitando repassar todo o aumento.

As últimas semanas foram de cotações recordes do preço do café. Na última terça-feira (10), a espécie arábica ultrapassou a marca de US$ 3,44 por libra (0,45 kg) –um aumento de mais de 80% este ano.

Isto porque o mercado está preocupado com a próxima safra, que deve ser menor do que o inicialmente esperado.

As principais regiões produtoras enfrentaram neste ano severas adversidades climáticas –no Brasil, sobretudo secas prolongadas.

A disparada dos preços, apesar de impressionante, não é inesperada. Ao menos desde outubro, como publicado pelo Café na Prensa, já havia fortes sinais de que os preços continuariam em alta por causa dos problemas relatados nas lavouras.

No início de novembro, o CEO do grupo 3corações, Pedro Lima, disse em entrevista à Folha que o preço sofreria reajuste, a fim de “equilibrar a situação de mercado”.

“Nós ainda estamos repassando devagar porque o consumidor não aguenta, e [porque nem] os concorrentes nem o trade deixam”, disse Lima na ocasião.

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