Decisão da Meta de eliminar checagem rompeu padrões – 11/01/2025 – Tec


Mark Zuckerberg mantém um círculo pequeno de pessoas que conhecem seu pensamento. No mês passado, o CEO da Meta, dona do Facebook, WhatsApp e Instagram, reuniu um grupo seleto de executivos de políticas e comunicações e outros setores para discutir a abordagem da empresa em relação ao discurso online.

Ele havia decidido fazer mudanças drásticas após visitar o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, em Mar-a-Lago, na Flórida, durante o Dia de Ação de Graças. Agora ele precisava que seus funcionários transformassem essas ideias em política.

Nas semanas seguintes, Zuckerberg e sua equipe escolhida a dedo discutiram como fazer isso em reuniões no Zoom, chamadas de conferência e conversas em grupo madrugada adentro. Alguns subordinados se afastaram de jantares em família e reuniões de feriado para trabalhar, enquanto Zuckerberg opinava entre viagens para suas casas na área da baía de São Francisco e na ilha havaiana de Kauai.

No Dia de Ano Novo, Zuckerberg estava pronto para tornar públicas as mudanças, de acordo com quatro funcionários e conselheiros atuais e antigos da Meta com conhecimento dos eventos, que não estavam autorizados a falar publicamente sobre as discussões confidenciais.

Todo o processo foi altamente incomum. A Meta normalmente altera políticas que regem seus aplicativos convidando funcionários, líderes da sociedade civil e outros para opinar. Qualquer mudança geralmente leva meses. Mas Zuckerberg transformou esse esforço em uma corrida de seis semanas mantida em sigilo, surpreendendo até mesmo funcionários de suas equipes de política e integridade.

Na terça-feira (7), a maioria dos 72 mil funcionários da Meta soube dos planos de Zuckerberg junto com o restante do mundo. O gigante do Vale do Silício disse que estava reformulando o discurso em seus aplicativos ao afrouxar as restrições sobre como as pessoas podem falar sobre questões sociais controversas, como imigração, gênero e sexualidade.

A empresa acabou com seu programa de checagem de fatos que visava conter a desinformação e anunciou que, em vez disso, confiaria nos usuários para policiar falsidades, através do uso do programa “notas de contexto”, adotado pela rede social X (antigo Twitter). E disse que inseriria mais conteúdo político nos feeds das pessoas após anteriormente ter desvalorizado esse material.

Nos dias seguintes, as medidas —que têm implicações abrangentes para o que as pessoas verão online— receberam aplausos de Trump e conservadores, críticas do presidente Joe Biden, escárnio de grupos de verificação de fatos e pesquisadores de desinformação, e preocupações de governos de países e de grupos de defesa LGBTQIA+ que temem que as mudanças levem a mais pessoas sendo assediadas online e offline.

Dentro da Meta, a reação foi de divisão. Alguns funcionários celebraram as medidas, enquanto outros ficaram chocados e criticaram abertamente as mudanças nos quadros de mensagens internos da empresa. Vários empregados escreveram que estavam envergonhados de trabalhar para a Meta.

BIDEN FALA EM DECISÃO “VERGONHOSA”

Na sexta-feira (10), a reformulação da Meta continuou quando a empresa informou aos trabalhadores que encerraria seu setor de diversidade, equidade e inclusão. Eliminou o cargo de diretor de diversidade, acabou com as metas de contratação de diversidade que exigiam a chegada de um certo número de mulheres e minorias, e disse que não priorizaria mais empresas criadas por minorias ao contratar colaboradores.

A Meta planeja “focar em como aplicar práticas justas e consistentes que mitiguem o viés para todos, independentemente de sua origem”, disse Janelle Gale, vice-presidente de recursos humanos, em uma comunicação interna que foi vista pelo The New York Times.

Na Casa Branca na sexta-feira, Biden afirmou que a decisão de Zuckerberg de abandonar a verificação de fatos no Facebook e Instagram era “vergonhosa”.

Em entrevistas, mais de uma dúzia de funcionários atuais e antigos da Meta, executivos e conselheiros de Zuckerberg descreveram sua mudança como servindo a um duplo propósito. Posiciona a Meta para o cenário político do momento, com o poder conservador ascendente em Washington enquanto Trump assume o cargo em 20 de janeiro.

Mais do que isso, as mudanças refletem também as visões pessoais do dono da companhia sobre como sua empresa de US$ 1,5 trilhão deve ser administrada —e ele não quer mais manter essas visões em silêncio.

Zuckerberg, de 40 anos, tem falado regularmente com amigos e colegas, incluindo Marc Andreessen, capitalista de risco e membro do conselho da Meta, sobre preocupações de que progressistas estão policiando o discurso, disseram as pessoas.

Ele também se sentiu pressionado pelo que vê como a postura anti-tecnologia da administração Biden, e magoado pelo que vê como progressistas na mídia e no Vale do Silício —incluindo até funcionários da Meta— o pressionam a adotar uma postura rígida no policiamento do discurso, disseram.

A Meta se recusou a comentar.

Em uma entrevista ao podcaster Joe Rogan na sexta-feira, Zuckerberg comentou que era hora de voltar à “nossa missão original” dando às pessoas “o poder de compartilhar”.

Ele disse que se sentiu pressionado pela administração Biden e pela mídia a “censurar” certos conteúdos.



Tenho um controle muito maior agora sobre o que acho que a política deveria ser, e é assim que será daqui para frente

As mudanças mais recentes foram catalisadas pela vitória de Trump em novembro. Naquele mês, Zuckerberg voou para a Flórida para se encontrar com o republicano em Mar-a-Lago. Posteriormente, a Meta doou US$ 1 milhão para o fundo inaugural do presidente eleito.

Dentro da empresa, Zuckerberg começou a se preparar para mudar as políticas de discurso. Sabendo que qualquer movimento seria controverso, ele montou uma equipe de no máximo uma dúzia de conselheiros e tenentes próximos, incluindo Joel Kaplan, um executivo de políticas de longa data com fortes laços com o Partido Republicano; Kevin Martin, chefe de políticas dos EUA; e David Ginsberg, chefe de comunicações.

Zuckerberg insistiu em não haver vazamentos, disseram as pessoas com conhecimento do esforço.

O grupo trabalhou na revisão da política de “Discurso de Ódio” da Meta, com o CEO liderando o esforço, disseram. Eles mudaram o nome da política, que estabelece o que fazer com insultos, ameaças contra grupos protegidos e outros conteúdos prejudiciais em seus aplicativos, para “Conduta Odiosa”.

Isso efetivamente mudou o foco das regras do discurso, minimizando o papel da Meta no policiamento do conteúdo publicado pelos usuários. Kaplan e Martin foram entusiastas das mudanças, disseram essas pessoas.

Zuckerberg decidiu promover Kaplan a chefe de políticas públicas globais da Meta para implementar as mudanças e aprofundar os laços da Meta com a administração Trump que estava por vir, substituindo Nick Clegg, ex-vice-primeiro-ministro do Reino Unido que lidava com questões de políticas e regulamentações globalmente para a Meta desde 2018. Na noite anterior ao anúncio da Meta, Kaplan fez chamadas individuais com influenciadores conservadores de mídia social, disseram duas pessoas.

Na terça-feira, Zuckerberg tornou públicas as novas políticas de discurso em seu vídeo no Instagram. Kaplan apareceu no “Fox & Friends”, um dos programas favoritos de Trump, dizendo que os parceiros de verificação de fatos da Meta “tinham muito viés político”.

Grupos de verificação de fatos que trabalharam com a Meta disseram que não tinham influência na decisão do que a empresa fez com o conteúdo que foi verificado.

Entre as mudanças, a Meta afrouxou as regras para que as pessoas pudessem postar declarações afirmando que odiavam pessoas de certas raças, religiões ou orientações sexuais, incluindo permitir “alegações de doença mental ou anormalidade quando baseadas em gênero ou orientação sexual”.

A empresa citou o discurso político sobre direitos transgêneros para a mudança. Também removeu uma regra que proibia os usuários de dizer que pessoas de certas raças eram responsáveis por espalhar a Covid-19.

Alguns materiais de treinamento que a Meta criou para as novas políticas eram confusos e contraditórios, disseram dois funcionários que revisaram os documentos. Parte do texto indicava que dizer “pessoas brancas têm doença mental” seria proibido no Facebook, mas dizer “pessoas gays têm doença mental” era permitido, afirmaram.

A Meta bloqueou o acesso às políticas e materiais de treinamento internamente na noite de quinta-feira (9), horas depois que o The Intercept publicou trechos, comentaram as fontes.

A empresa também removeu os “temas” transgêneros e não-binários em seu aplicativo de chat Messenger, que permite aos usuários personalizar as cores e o papel de parede do aplicativo, disseram dois funcionários. A mudança foi relatada anteriormente pelo 404 Media.

No mesmo dia, nos escritórios da Meta no Vale do Silício, Texas e Nova York, os gerentes de instalações foram instruídos a remover absorventes dos banheiros masculinos, que a empresa havia fornecido para funcionários não-binários e transgêneros que usam o banheiro masculino e que podem precisar de absorventes higiênicos, revelaram dois funcionários.

Alguns empregados ficaram furiosos com o que viram como esforços dos executivos para esconder mudanças na política de “Conduta Odiosa” antes de ser anunciada, disseram duas pessoas. Enquanto pessoas de toda a divisão de políticas normalmente visualizam e comentam sobre revisões significativas, a maioria não teve a oportunidade desta vez.

No Workplace, software de comunicações internas da Meta semelhante ao Slack, os funcionários começaram a discutir sobre as mudanças. No grupo de recursos de funcionários chamado Pride, onde trabalhadores que apoiam questões LGBTQ+ se reúnem, pelo menos uma pessoa anunciou sua demissão enquanto outros relataram privadamente uns aos outros que planejavam procurar empregos em outros lugares, disseram duas pessoas.

Em um post esta semana para o grupo @Pride, Alex Schultz, diretor de marketing da Meta, defendeu Zuckerberg e disse que tópicos como questões transgênero se tornaram politizados. Ele afirmou que as políticas da Meta não deveriam atrapalhar o debate social e apontou o caso Roe x Wade, uma disputa histórica de aborto nos EUA nos anos 1970, como um exemplo de “tribunais se adiantando à sociedade”. Schultz comentou que os tribunais “politizaram” a questão em vez de permitir que fosse debatida pela sociedade civil.

“Você encontra tópicos que se tornam politizados e permanecem na conversa política por muito mais tempo do que teriam se a sociedade simplesmente os debatesse”, escreveu Schultz. Ele disse que restrições mais frouxas ao discurso nos aplicativos da Meta permitiriam esse tipo de debate.

Na sexta-feira, Roy Austin, vice-presidente de direitos civis da Meta, anunciou que estava deixando a empresa. Ele não anunciou qual foi a motivação.

Zuckerberg viajou para Palm Beach, na Flórida, esta semana, disseram quatro pessoas com conhecimento de suas atividades, e na sexta-feira foi dito que ele estava em Mar-a-Lago.

Em sua entrevista com Rogan, Zuckerberg negou ter feito mudanças drásticas para agradar a administração Trump que estava por vir, mas disse que a eleição influenciou seu pensamento.

“A coisa boa de fazer isso após a eleição é que você consegue captar esse pulso cultural. Chegamos a um ponto em que havia coisas que você não podia dizer que eram apenas discurso popular”, comentou.

Mark Zuckerberg mantém um círculo pequeno de pessoas que conhecem seu pensamento. No mês passado, o CEO da Meta, dona do Facebook, WhatsApp e Instagram, reuniu um grupo seleto de executivos de políticas e comunicações e outros setores para discutir a abordagem da empresa em relação ao discurso online.

Ele havia decidido fazer mudanças drásticas após visitar o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, em Mar-a-Lago, na Flórida, durante o Dia de Ação de Graças. Agora ele precisava que seus funcionários transformassem essas ideias em política.

Nas semanas seguintes, Zuckerberg e sua equipe escolhida a dedo discutiram como fazer isso em reuniões no Zoom, chamadas de conferência e conversas em grupo madrugada adentro. Alguns subordinados se afastaram de jantares em família e reuniões de feriado para trabalhar, enquanto Zuckerberg opinava entre viagens para suas casas na área da baía de São Francisco e na ilha havaiana de Kauai.

No Dia de Ano Novo, Zuckerberg estava pronto para tornar públicas as mudanças, de acordo com quatro funcionários e conselheiros atuais e antigos da Meta com conhecimento dos eventos, que não estavam autorizados a falar publicamente sobre as discussões confidenciais.

Todo o processo foi altamente incomum. A Meta normalmente altera políticas que regem seus aplicativos convidando funcionários, líderes da sociedade civil e outros para opinar. Qualquer mudança geralmente leva meses. Mas Zuckerberg transformou esse esforço em uma corrida de seis semanas mantida em sigilo, surpreendendo até mesmo funcionários de suas equipes de política e integridade.

Na terça-feira (7), a maioria dos 72 mil funcionários da Meta soube dos planos de Zuckerberg junto com o restante do mundo. O gigante do Vale do Silício disse que estava reformulando o discurso em seus aplicativos ao afrouxar as restrições sobre como as pessoas podem falar sobre questões sociais controversas, como imigração, gênero e sexualidade.

A empresa acabou com seu programa de checagem de fatos que visava conter a desinformação e anunciou que, em vez disso, confiaria nos usuários para policiar falsidades, através do uso do programa “notas de contexto”, adotado pela rede social X (antigo Twitter). E disse que inseriria mais conteúdo político nos feeds das pessoas após anteriormente ter desvalorizado esse material.

Nos dias seguintes, as medidas —que têm implicações abrangentes para o que as pessoas verão online— receberam aplausos de Trump e conservadores, críticas do presidente Joe Biden, escárnio de grupos de verificação de fatos e pesquisadores de desinformação, e preocupações de governos de países e de grupos de defesa LGBTQIA+ que temem que as mudanças levem a mais pessoas sendo assediadas online e offline.

Dentro da Meta, a reação foi de divisão. Alguns funcionários celebraram as medidas, enquanto outros ficaram chocados e criticaram abertamente as mudanças nos quadros de mensagens internos da empresa. Vários empregados escreveram que estavam envergonhados de trabalhar para a Meta.

BIDEN FALA EM DECISÃO “VERGONHOSA”

Na sexta-feira (10), a reformulação da Meta continuou quando a empresa informou aos trabalhadores que encerraria seu setor de diversidade, equidade e inclusão. Eliminou o cargo de diretor de diversidade, acabou com as metas de contratação de diversidade que exigiam a chegada de um certo número de mulheres e minorias, e disse que não priorizaria mais empresas criadas por minorias ao contratar colaboradores.

A Meta planeja “focar em como aplicar práticas justas e consistentes que mitiguem o viés para todos, independentemente de sua origem”, disse Janelle Gale, vice-presidente de recursos humanos, em uma comunicação interna que foi vista pelo The New York Times.

Na Casa Branca na sexta-feira, Biden afirmou que a decisão de Zuckerberg de abandonar a verificação de fatos no Facebook e Instagram era “vergonhosa”.

Em entrevistas, mais de uma dúzia de funcionários atuais e antigos da Meta, executivos e conselheiros de Zuckerberg descreveram sua mudança como servindo a um duplo propósito. Posiciona a Meta para o cenário político do momento, com o poder conservador ascendente em Washington enquanto Trump assume o cargo em 20 de janeiro.

Mais do que isso, as mudanças refletem também as visões pessoais do dono da companhia sobre como sua empresa de US$ 1,5 trilhão deve ser administrada —e ele não quer mais manter essas visões em silêncio.

Zuckerberg, de 40 anos, tem falado regularmente com amigos e colegas, incluindo Marc Andreessen, capitalista de risco e membro do conselho da Meta, sobre preocupações de que progressistas estão policiando o discurso, disseram as pessoas.

Ele também se sentiu pressionado pelo que vê como a postura anti-tecnologia da administração Biden, e magoado pelo que vê como progressistas na mídia e no Vale do Silício —incluindo até funcionários da Meta— o pressionam a adotar uma postura rígida no policiamento do discurso, disseram.

A Meta se recusou a comentar.

Em uma entrevista ao podcaster Joe Rogan na sexta-feira, Zuckerberg comentou que era hora de voltar à “nossa missão original” dando às pessoas “o poder de compartilhar”.

Ele disse que se sentiu pressionado pela administração Biden e pela mídia a “censurar” certos conteúdos.



Tenho um controle muito maior agora sobre o que acho que a política deveria ser, e é assim que será daqui para frente

As mudanças mais recentes foram catalisadas pela vitória de Trump em novembro. Naquele mês, Zuckerberg voou para a Flórida para se encontrar com o republicano em Mar-a-Lago. Posteriormente, a Meta doou US$ 1 milhão para o fundo inaugural do presidente eleito.

Dentro da empresa, Zuckerberg começou a se preparar para mudar as políticas de discurso. Sabendo que qualquer movimento seria controverso, ele montou uma equipe de no máximo uma dúzia de conselheiros e tenentes próximos, incluindo Joel Kaplan, um executivo de políticas de longa data com fortes laços com o Partido Republicano; Kevin Martin, chefe de políticas dos EUA; e David Ginsberg, chefe de comunicações.

Zuckerberg insistiu em não haver vazamentos, disseram as pessoas com conhecimento do esforço.

O grupo trabalhou na revisão da política de “Discurso de Ódio” da Meta, com o CEO liderando o esforço, disseram. Eles mudaram o nome da política, que estabelece o que fazer com insultos, ameaças contra grupos protegidos e outros conteúdos prejudiciais em seus aplicativos, para “Conduta Odiosa”.

Isso efetivamente mudou o foco das regras do discurso, minimizando o papel da Meta no policiamento do conteúdo publicado pelos usuários. Kaplan e Martin foram entusiastas das mudanças, disseram essas pessoas.

Zuckerberg decidiu promover Kaplan a chefe de políticas públicas globais da Meta para implementar as mudanças e aprofundar os laços da Meta com a administração Trump que estava por vir, substituindo Nick Clegg, ex-vice-primeiro-ministro do Reino Unido que lidava com questões de políticas e regulamentações globalmente para a Meta desde 2018. Na noite anterior ao anúncio da Meta, Kaplan fez chamadas individuais com influenciadores conservadores de mídia social, disseram duas pessoas.

Na terça-feira, Zuckerberg tornou públicas as novas políticas de discurso em seu vídeo no Instagram. Kaplan apareceu no “Fox & Friends”, um dos programas favoritos de Trump, dizendo que os parceiros de verificação de fatos da Meta “tinham muito viés político”.

Grupos de verificação de fatos que trabalharam com a Meta disseram que não tinham influência na decisão do que a empresa fez com o conteúdo que foi verificado.

Entre as mudanças, a Meta afrouxou as regras para que as pessoas pudessem postar declarações afirmando que odiavam pessoas de certas raças, religiões ou orientações sexuais, incluindo permitir “alegações de doença mental ou anormalidade quando baseadas em gênero ou orientação sexual”.

A empresa citou o discurso político sobre direitos transgêneros para a mudança. Também removeu uma regra que proibia os usuários de dizer que pessoas de certas raças eram responsáveis por espalhar a Covid-19.

Alguns materiais de treinamento que a Meta criou para as novas políticas eram confusos e contraditórios, disseram dois funcionários que revisaram os documentos. Parte do texto indicava que dizer “pessoas brancas têm doença mental” seria proibido no Facebook, mas dizer “pessoas gays têm doença mental” era permitido, afirmaram.

A Meta bloqueou o acesso às políticas e materiais de treinamento internamente na noite de quinta-feira (9), horas depois que o The Intercept publicou trechos, comentaram as fontes.

A empresa também removeu os “temas” transgêneros e não-binários em seu aplicativo de chat Messenger, que permite aos usuários personalizar as cores e o papel de parede do aplicativo, disseram dois funcionários. A mudança foi relatada anteriormente pelo 404 Media.

No mesmo dia, nos escritórios da Meta no Vale do Silício, Texas e Nova York, os gerentes de instalações foram instruídos a remover absorventes dos banheiros masculinos, que a empresa havia fornecido para funcionários não-binários e transgêneros que usam o banheiro masculino e que podem precisar de absorventes higiênicos, revelaram dois funcionários.

Alguns empregados ficaram furiosos com o que viram como esforços dos executivos para esconder mudanças na política de “Conduta Odiosa” antes de ser anunciada, disseram duas pessoas. Enquanto pessoas de toda a divisão de políticas normalmente visualizam e comentam sobre revisões significativas, a maioria não teve a oportunidade desta vez.

No Workplace, software de comunicações internas da Meta semelhante ao Slack, os funcionários começaram a discutir sobre as mudanças. No grupo de recursos de funcionários chamado Pride, onde trabalhadores que apoiam questões LGBTQ+ se reúnem, pelo menos uma pessoa anunciou sua demissão enquanto outros relataram privadamente uns aos outros que planejavam procurar empregos em outros lugares, disseram duas pessoas.

Em um post esta semana para o grupo @Pride, Alex Schultz, diretor de marketing da Meta, defendeu Zuckerberg e disse que tópicos como questões transgênero se tornaram politizados. Ele afirmou que as políticas da Meta não deveriam atrapalhar o debate social e apontou o caso Roe x Wade, uma disputa histórica de aborto nos EUA nos anos 1970, como um exemplo de “tribunais se adiantando à sociedade”. Schultz comentou que os tribunais “politizaram” a questão em vez de permitir que fosse debatida pela sociedade civil.

“Você encontra tópicos que se tornam politizados e permanecem na conversa política por muito mais tempo do que teriam se a sociedade simplesmente os debatesse”, escreveu Schultz. Ele disse que restrições mais frouxas ao discurso nos aplicativos da Meta permitiriam esse tipo de debate.

Na sexta-feira, Roy Austin, vice-presidente de direitos civis da Meta, anunciou que estava deixando a empresa. Ele não anunciou qual foi a motivação.

Zuckerberg viajou para Palm Beach, na Flórida, esta semana, disseram quatro pessoas com conhecimento de suas atividades, e na sexta-feira foi dito que ele estava em Mar-a-Lago.

Em sua entrevista com Rogan, Zuckerberg negou ter feito mudanças drásticas para agradar a administração Trump que estava por vir, mas disse que a eleição influenciou seu pensamento.

“A coisa boa de fazer isso após a eleição é que você consegue captar esse pulso cultural. Chegamos a um ponto em que havia coisas que você não podia dizer que eram apenas discurso popular”, comentou.



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