KSW: Júlio Cesar busca primeira vitória no evento: "Pela minha filha"
Catarinense aposta em bom repertório de luta livre para vencer polonês, favorito no confronto: “Esperem um espetáculo” – Se perder a luta lá, vai apanhar aqui também – ouviu, em tom bem-humorado, antes de ir para o aeroporto.
Foi com boa dose de descontração – e expectativa – que Julio Cesar Neves embarcou para a Polônia, onde enfrenta o anfitrião Piotr Kacprzak pelo KSW 102, neste sábado (25). No que depender dos amigos de Camboriú, Santa Catarina, sua terra natal, não faltará apoio para buscar a primeira vitória na liga. Depois de uma derrota definida pelos juízes na estreia, há dez meses, o peso-pena de 30 anos intensificou a preparação e aposta no repertório técnico amplo para surpreender o adversário polonês, considerado favorito. Em exclusiva ao Combate, o catarinense admitiu estar ‘com muita sede’ de vitória. Para alcançar o objetivo, a pequena filha de 5 anos é o principal combustível.
– Agora é tudo por ela. Quando vem um ‘perrenguezinho’ ali na luta, uma chave, alguma situação difícil, vem logo ela na cabeça. É ela que me faz explodir – revela.
O Combate 2 exibe o evento ao vivo a partir das 14h15. O Sportv 3 exibe as quatro primeiras lutas.
Júlio Cesar Neves nocauteia adversário no Bellator
Reprodução
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Detentor de um cartel de 36 vitórias e apenas duas derrotas em quase uma década de carreira, “Morceguinho” viveu um dos grandes momentos no MMA entre 2014 e 2015, quando fechou três lutas com o Bellator. Ainda garoto, com 20 anos, o início na organização foi arrebatador: dois nocautes em sequência contra os norte-americanos Josh Arrocho e Poppies Martinez. Depois, foi finalizado por Jordan Parsons e não voltou a competir na organização.
Melhores Momentos do KSW 101
Parceria com o irmão
Júlio Cesar Neves e Rafael Silva no aeroporto antes do embarque para a Polônia
Reprodução
Faixa preta de luta-livre, Júlio teve no irmão mais velho Rafael Silva, o “Morcego”, o grande impulso para dar os primeiros passos nas artes marciais. Foi acompanhando o mentor, ainda aos 12 anos, que o atleta despontou definitivamente para os esportes de combate. A trajetória, iniciada nos tatames, logo se expandiu: do jiu-jitsu à luta livre, e posteriormente ao MMA. Versátil e explosivo, como se define, o catarinense acredita que o estilo de luta que o forjou é moldado pelo rigor técnico e pela cobrança incansável do irmão, agora também seu treinador.
– Ele me dá uns esporros sinistros, é chato pra caramba, mas é um norte pra mim. Quer o meu melhor. Treino com ele pra gente ter um vínculo maior. Amo esse cara pra caramba – declarou.
Peça-chave na trajetória do caçula, Rafael Silva, o “Morcego”, lutou 39 vezes no MMA e venceu 31. Afastado do cage desde 2019, ele voltou a competir no ano passado pelo UAE Warriors 48 e foi finalizado pelo peruano Vicente Vargas. Desde então, se dedica à carreira do pupilo como treinador e administra a academia Morcego’s Brothers, em Camboriú, onde é o mestre.
Projeção
No cage polonês da gelada cidade de Radom, no leste do país, Júlio Cesar planeja valer-se do repertório construído ao longo de quase uma década de carreira, mesclando quedas da luta livre, transições rápidas no chão e golpes precisos em pé. O objetivo é buscar uma vitória por finalização ou nocaute. Na projeção de Júlio, o duelo dificilmente vai ser decidido pela arbitragem.
– Vai ser difícil chegar no terceiro round pelo nosso estilo de luta. Mas se chegar, vou estar preparado. Ele (Piotr Kacprzak) é melhor que o primeiro adversário (Daniel Rutkowski). Solta bastante golpe, vai ser uma luta interessante. Pra completar, ele é canhoto, o que é uma m… – reclamou.
Durante a luta em pé, o lutador canhoto costuma adotar a postura ‘southpaw’, com o pé direito à frente, enquanto o lutador destro, dominante do lado direito, utiliza a posição ortodoxa, com o pé esquerdo na frente. Essa diferença de posicionamento influencia, sobretudo, nas estratégias de defesa e impacta, naturalmente, na preparação. De acordo com o blog ‘Cientista do Esporte’, cerca de 17% dos lutadores de MMA são canhotos, com destaque para Manny Pacquiao, Oscar De La Roya, Mike Tyson, Rogério Minotouro, Vitor Belfort e Conor McGregor.
Três anos mais jovem, Piotr Kacprzak chega embalado por uma vitória recente contra outro brasileiro: em duelo válido pelo Babilon, o polonês venceu Fabiano Silva, de Roraima, por decisão unânime, desfecho nem tão comum na trajetória do lutador. No cartel com 11 vitórias e quatro derrotas, Kacprzak triunfou sete vezes por nocaute ou finalização – e apenas quatro por interferência dos juízes -, o que reforça a previsão de Júlio Cesar.
Autêntico striker, Kacprzak é conhecido pela agressividade e a boa capacidade de conectar golpes logo nos primeiros minutos da luta, o que tende a demandar atenção redobrada do brasileiro. Ao site “MY MMA”, da Polônia, ele admitiu que será um embate “desconfortável” e “possivelmente duradouro”.
– Júlio Cesar chuta muito, tem braços e pernas longos. Mas agora é a minha hora, aqui está o meu público, aqui está a gaiola do KSW. É o momento certo para mostrar minhas habilidades – declarou.
Ex-entregador da hamburgueria de José Aldo vive expectativa por estreia internacional
PFL: Usman Nurmagomedov avisa desafiante: “Vou destruí-lo”
Bruno Azevedo disputa título dos galos no KSW e se emociona: “Representa muito para mim”
Desafios
Curiosamente, a característica genética do adversário – de ter predileção pela mão esquerda – representou um dificultador na preparação do brasileiro, que lutou, na grande maioria das vezes, contra oponentes destros. Segundo ele, a estratégia para o embate teve de ser totalmente redesenhada depois que descobriu com quem subiria no octógono.
– Muda tudo. É tudo diferente. É chato pra caramba. Tracei um plano de ação para jogar em cima do jogo dele – revela.
Outro desafio é o acentuado contraste climático, que interfere de maneira significativa na preparação final. Habituado à tropical Camboriú, Júlio César tem enfrentado dificuldades para se adaptar ao inverno rigoroso da Polônia, que cotidianamente registra temperaturas abaixo de zero. Os últimos treinos antes do confronto têm sido à base de casacos volumosos e roupas especiais. Em certo nível, há prejuízo de mobilidade e dinâmica.
Duro na queda
Júlio César Neves em primeira luta no KSW, na Polônia
Reprodução
No entanto, nem o inverno rigoroso, nem a imprevisibilidade de um adversário canhoto intimidam Júlio, que carrega a resiliência moldada por anos de desafios dentro e fora do cage. Na memória, um amargo período vivido pela família, que enfrentou grande dificuldade financeira no início da década de 1990. Na época, os irmãos tiveram de driblar a fome para sobreviver.
– Meu irmão e minha irmã já tiveram que comer farinha. Em certo momento, era o que tinha de refeição – lembra.
O capítulo dramático o motiva a persistir. Apesar de ter Poatan, Conor McGregor e Charlos do Bronx como inspirações na carreira, as grandes referências de Júlio na vida são a mãe e os irmãos, que juntos conseguiram dar a volta por cima. Através da ascensão proporcionada pelo esporte, hoje a família administra a própria lojinha de coisas diversas em Camboriú, Santa Catarina.
– Minha mãe trabalhou na prefeitura (de Camboriú) por anos. Agora está de boa, aposentada, tranquila. Deus abençoou e a gente foi pra outro patamar – celebra.
KSW 102
25 de janeiro de 2025, às 14h (de Brasília), em Random (Polônia)
CARD DO EVENTO:
Peso-galo: Sebastian Przybysz x Bruno Azevedo
Peso-pena: Patryk Kaczmarczyk x Ahmed Vila
Peso-médio: Radoslaw Paczuski x Kléber Orgulho
Peso-pena: Adam Soldaev x Danu Tarchila
Peso-meio-médio: Muslim Tulshaev x Daniel Skibinski
Peso-mosca: Wiktoria Czyzewska x Adrianna Kreft
Peso-casado (até 87kg): Cezariusz Kesik x Andi Vrtacic
Peso-pena: Piotr Kacprzak x Júlio Cesar Neves
Peso-pesado: Kamil Gawryjolek x Miha Frlic
*Estagiário sob a supervisão de Gleidson Venga
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Catarinense aposta em bom repertório de luta livre para vencer polonês, favorito no confronto: “Esperem um espetáculo” – Se perder a luta lá, vai apanhar aqui também – ouviu, em tom bem-humorado, antes de ir para o aeroporto.
Foi com boa dose de descontração – e expectativa – que Julio Cesar Neves embarcou para a Polônia, onde enfrenta o anfitrião Piotr Kacprzak pelo KSW 102, neste sábado (25). No que depender dos amigos de Camboriú, Santa Catarina, sua terra natal, não faltará apoio para buscar a primeira vitória na liga. Depois de uma derrota definida pelos juízes na estreia, há dez meses, o peso-pena de 30 anos intensificou a preparação e aposta no repertório técnico amplo para surpreender o adversário polonês, considerado favorito. Em exclusiva ao Combate, o catarinense admitiu estar ‘com muita sede’ de vitória. Para alcançar o objetivo, a pequena filha de 5 anos é o principal combustível.
– Agora é tudo por ela. Quando vem um ‘perrenguezinho’ ali na luta, uma chave, alguma situação difícil, vem logo ela na cabeça. É ela que me faz explodir – revela.
O Combate 2 exibe o evento ao vivo a partir das 14h15. O Sportv 3 exibe as quatro primeiras lutas.
Júlio Cesar Neves nocauteia adversário no Bellator
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Detentor de um cartel de 36 vitórias e apenas duas derrotas em quase uma década de carreira, “Morceguinho” viveu um dos grandes momentos no MMA entre 2014 e 2015, quando fechou três lutas com o Bellator. Ainda garoto, com 20 anos, o início na organização foi arrebatador: dois nocautes em sequência contra os norte-americanos Josh Arrocho e Poppies Martinez. Depois, foi finalizado por Jordan Parsons e não voltou a competir na organização.
Melhores Momentos do KSW 101
Parceria com o irmão
Júlio Cesar Neves e Rafael Silva no aeroporto antes do embarque para a Polônia
Reprodução
Faixa preta de luta-livre, Júlio teve no irmão mais velho Rafael Silva, o “Morcego”, o grande impulso para dar os primeiros passos nas artes marciais. Foi acompanhando o mentor, ainda aos 12 anos, que o atleta despontou definitivamente para os esportes de combate. A trajetória, iniciada nos tatames, logo se expandiu: do jiu-jitsu à luta livre, e posteriormente ao MMA. Versátil e explosivo, como se define, o catarinense acredita que o estilo de luta que o forjou é moldado pelo rigor técnico e pela cobrança incansável do irmão, agora também seu treinador.
– Ele me dá uns esporros sinistros, é chato pra caramba, mas é um norte pra mim. Quer o meu melhor. Treino com ele pra gente ter um vínculo maior. Amo esse cara pra caramba – declarou.
Peça-chave na trajetória do caçula, Rafael Silva, o “Morcego”, lutou 39 vezes no MMA e venceu 31. Afastado do cage desde 2019, ele voltou a competir no ano passado pelo UAE Warriors 48 e foi finalizado pelo peruano Vicente Vargas. Desde então, se dedica à carreira do pupilo como treinador e administra a academia Morcego’s Brothers, em Camboriú, onde é o mestre.
Projeção
No cage polonês da gelada cidade de Radom, no leste do país, Júlio Cesar planeja valer-se do repertório construído ao longo de quase uma década de carreira, mesclando quedas da luta livre, transições rápidas no chão e golpes precisos em pé. O objetivo é buscar uma vitória por finalização ou nocaute. Na projeção de Júlio, o duelo dificilmente vai ser decidido pela arbitragem.
– Vai ser difícil chegar no terceiro round pelo nosso estilo de luta. Mas se chegar, vou estar preparado. Ele (Piotr Kacprzak) é melhor que o primeiro adversário (Daniel Rutkowski). Solta bastante golpe, vai ser uma luta interessante. Pra completar, ele é canhoto, o que é uma m… – reclamou.
Durante a luta em pé, o lutador canhoto costuma adotar a postura ‘southpaw’, com o pé direito à frente, enquanto o lutador destro, dominante do lado direito, utiliza a posição ortodoxa, com o pé esquerdo na frente. Essa diferença de posicionamento influencia, sobretudo, nas estratégias de defesa e impacta, naturalmente, na preparação. De acordo com o blog ‘Cientista do Esporte’, cerca de 17% dos lutadores de MMA são canhotos, com destaque para Manny Pacquiao, Oscar De La Roya, Mike Tyson, Rogério Minotouro, Vitor Belfort e Conor McGregor.
Três anos mais jovem, Piotr Kacprzak chega embalado por uma vitória recente contra outro brasileiro: em duelo válido pelo Babilon, o polonês venceu Fabiano Silva, de Roraima, por decisão unânime, desfecho nem tão comum na trajetória do lutador. No cartel com 11 vitórias e quatro derrotas, Kacprzak triunfou sete vezes por nocaute ou finalização – e apenas quatro por interferência dos juízes -, o que reforça a previsão de Júlio Cesar.
Autêntico striker, Kacprzak é conhecido pela agressividade e a boa capacidade de conectar golpes logo nos primeiros minutos da luta, o que tende a demandar atenção redobrada do brasileiro. Ao site “MY MMA”, da Polônia, ele admitiu que será um embate “desconfortável” e “possivelmente duradouro”.
– Júlio Cesar chuta muito, tem braços e pernas longos. Mas agora é a minha hora, aqui está o meu público, aqui está a gaiola do KSW. É o momento certo para mostrar minhas habilidades – declarou.
Ex-entregador da hamburgueria de José Aldo vive expectativa por estreia internacional
PFL: Usman Nurmagomedov avisa desafiante: “Vou destruí-lo”
Bruno Azevedo disputa título dos galos no KSW e se emociona: “Representa muito para mim”
Desafios
Curiosamente, a característica genética do adversário – de ter predileção pela mão esquerda – representou um dificultador na preparação do brasileiro, que lutou, na grande maioria das vezes, contra oponentes destros. Segundo ele, a estratégia para o embate teve de ser totalmente redesenhada depois que descobriu com quem subiria no octógono.
– Muda tudo. É tudo diferente. É chato pra caramba. Tracei um plano de ação para jogar em cima do jogo dele – revela.
Outro desafio é o acentuado contraste climático, que interfere de maneira significativa na preparação final. Habituado à tropical Camboriú, Júlio César tem enfrentado dificuldades para se adaptar ao inverno rigoroso da Polônia, que cotidianamente registra temperaturas abaixo de zero. Os últimos treinos antes do confronto têm sido à base de casacos volumosos e roupas especiais. Em certo nível, há prejuízo de mobilidade e dinâmica.
Duro na queda
Júlio César Neves em primeira luta no KSW, na Polônia
Reprodução
No entanto, nem o inverno rigoroso, nem a imprevisibilidade de um adversário canhoto intimidam Júlio, que carrega a resiliência moldada por anos de desafios dentro e fora do cage. Na memória, um amargo período vivido pela família, que enfrentou grande dificuldade financeira no início da década de 1990. Na época, os irmãos tiveram de driblar a fome para sobreviver.
– Meu irmão e minha irmã já tiveram que comer farinha. Em certo momento, era o que tinha de refeição – lembra.
O capítulo dramático o motiva a persistir. Apesar de ter Poatan, Conor McGregor e Charlos do Bronx como inspirações na carreira, as grandes referências de Júlio na vida são a mãe e os irmãos, que juntos conseguiram dar a volta por cima. Através da ascensão proporcionada pelo esporte, hoje a família administra a própria lojinha de coisas diversas em Camboriú, Santa Catarina.
– Minha mãe trabalhou na prefeitura (de Camboriú) por anos. Agora está de boa, aposentada, tranquila. Deus abençoou e a gente foi pra outro patamar – celebra.
KSW 102
25 de janeiro de 2025, às 14h (de Brasília), em Random (Polônia)
CARD DO EVENTO:
Peso-galo: Sebastian Przybysz x Bruno Azevedo
Peso-pena: Patryk Kaczmarczyk x Ahmed Vila
Peso-médio: Radoslaw Paczuski x Kléber Orgulho
Peso-pena: Adam Soldaev x Danu Tarchila
Peso-meio-médio: Muslim Tulshaev x Daniel Skibinski
Peso-mosca: Wiktoria Czyzewska x Adrianna Kreft
Peso-casado (até 87kg): Cezariusz Kesik x Andi Vrtacic
Peso-pena: Piotr Kacprzak x Júlio Cesar Neves
Peso-pesado: Kamil Gawryjolek x Miha Frlic
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