Flamengo fecha acordo com última família das vítimas do incêndio no Ninho do Urubu e encerra litígio judicial

Christian Esmério


O Clube de Regatas do Flamengo anunciou um acordo com os pais do goleiro Christian Esmério, última família das vítimas do incêndio no Ninho do Urubu que ainda não havia sido indenizada. O desfecho encerra um dos capítulos mais dolorosos da história do clube, marcando o fim de um longo litígio judicial. Christian, que era considerado uma das maiores promessas do futebol brasileiro, faleceu na tragédia de 2019 aos 15 anos. A família do jovem travou uma batalha na Justiça em busca de uma compensação financeira condizente com a dor e o impacto da perda.

O acordo foi oficializado com cláusulas de confidencialidade, impossibilitando a divulgação dos valores acertados. No entanto, a Justiça já havia condenado o Flamengo a pagar R$ 2,82 milhões de danos morais para os pais de Christian, além de R$ 120 mil ao irmão e uma pensão mensal de R$ 7 mil até 2048 ou até o falecimento dos genitores. O clube já realizava os pagamentos da pensão de forma voluntária, e a nova gestão, comandada por Luiz Eduardo Baptista, adotou uma postura conciliadora para pôr fim ao processo.

Os advogados da família de Christian elogiaram a mudança de postura do Flamengo e destacaram que a decisão do clube de encerrar o litígio foi um gesto de reconhecimento à memória do jovem atleta. A tragédia do Ninho do Urubu segue como um dos episódios mais trágicos da história do futebol brasileiro, e a luta das famílias por justiça ainda não terminou.

A tragédia do Ninho do Urubu

O incêndio ocorreu na madrugada de 8 de fevereiro de 2019, por volta das 5h, no Centro de Treinamento George Helal, conhecido como Ninho do Urubu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O fogo teve início após um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado em um dos dormitórios utilizados pelas categorias de base do Flamengo. A estrutura improvisada, composta por contêineres adaptados como alojamento, não possuía alvará de funcionamento e apresentava diversas irregularidades.

O incêndio vitimou dez jovens atletas que sonhavam com uma carreira no futebol profissional. As vítimas fatais foram:

  • Athila Paixão, 14 anos
  • Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, 14 anos
  • Bernardo Pisetta, 14 anos
  • Christian Esmério, 15 anos
  • Gedson Santos, 14 anos
  • Jorge Eduardo Santos, 15 anos
  • Pablo Henrique da Silva Matos, 14 anos
  • Rykelmo de Souza Vianna, 16 anos
  • Samuel Thomas Rosa, 15 anos
  • Vitor Isaías, 15 anos

Outros três atletas sobreviveram ao incêndio, mas ficaram com sequelas físicas e emocionais que ainda impactam suas vidas.

A responsabilidade do Flamengo e a busca por justiça

As investigações apontaram que o Flamengo não havia tomado as medidas necessárias para garantir a segurança dos jovens alojados no Ninho do Urubu. A estrutura não possuía equipamentos adequados de combate a incêndios, como alarmes, sprinklers e saídas de emergência em quantidade suficiente. Os contêineres utilizados como dormitórios não eram apropriados para habitação e agravaram a rápida propagação do fogo.

Diante das evidências, a Justiça determinou que dirigentes do Flamengo e representantes das empresas envolvidas na instalação dos módulos habitacionais respondessem criminalmente pelo ocorrido. Entre os réus no processo estão:

  • Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo
  • Antonio Marcio Mongelli e Garotti, ex-diretor do Flamengo
  • Claudia Pereira Rodrigues, representante da empresa NHJ, que forneceu os módulos
  • Fábio Hilario da Silva, Danilo da Silva Duarte e Weslley Gimenes, engenheiros responsáveis pela montagem dos módulos
  • Edson Colman da Silva, sócio da empresa Colman Refrigeração, responsável pela manutenção dos aparelhos de ar-condicionado

Apesar da responsabilização judicial, até o momento, ninguém foi punido criminalmente pela tragédia.

Homenagens e memória das vítimas

Desde 2019, a torcida do Flamengo mantém viva a memória dos “Garotos do Ninho”. Em todos os jogos, no décimo minuto, os torcedores entoam cânticos em homenagem aos jovens falecidos. Além disso, em 2022, o clube inaugurou uma capela ecumênica no CT, um espaço de reflexão e homenagem às vítimas.

Em 2024, a jornalista Daniela Arbex lançou o livro “Longe do Ninho”, que detalha os bastidores da tragédia, o impacto nas famílias e as consequências para o futebol brasileiro. O Flamengo também organiza, anualmente, uma missa no Ninho do Urubu no dia 8 de fevereiro, data da tragédia, reunindo familiares, atletas e membros da diretoria.

A evolução da segurança nos clubes

A tragédia do Ninho do Urubu levantou discussões sobre as condições dos alojamentos das categorias de base no Brasil. O caso expôs falhas estruturais e a falta de fiscalização adequada nos centros de treinamento de vários clubes do país. Após o ocorrido, medidas foram tomadas para reforçar a segurança, incluindo:

  • Fiscalização mais rigorosa dos alojamentos esportivos
  • Implementação de novos protocolos de segurança
  • Exigência de alvarás e certificações para funcionamento de alojamentos
  • Reforço na estrutura dos centros de treinamento

O Flamengo reformou suas instalações e modernizou a segurança do Ninho do Urubu, adotando novas diretrizes para alojamento de atletas. No entanto, especialistas alertam que a fiscalização precisa ser constante para evitar novas tragédias.

O impacto emocional e psicológico da tragédia

Além das consequências judiciais e estruturais, a tragédia do Ninho do Urubu deixou marcas profundas nas famílias das vítimas e nos atletas sobreviventes. Muitos pais relatam dificuldades emocionais para lidar com a perda e a ausência de apoio psicológico adequado. Os jogadores que escaparam do incêndio carregam traumas que impactam suas carreiras e vidas pessoais.

A psicologia esportiva tem enfatizado a necessidade de oferecer suporte contínuo para atletas que passam por situações traumáticas. O episódio serviu como alerta para que clubes invistam não apenas na segurança física, mas também no bem-estar mental de seus jogadores.

O futuro do Flamengo após o acordo

Com o encerramento do último processo judicial relacionado à tragédia, o Flamengo busca seguir em frente, mas sem esquecer a história dos Garotos do Ninho. A nova gestão do clube reforçou o compromisso com a segurança e prometeu continuar investindo na estrutura do CT. No entanto, para os familiares das vítimas, o sentimento de justiça só será completo quando todos os responsáveis forem devidamente responsabilizados.

A tragédia do Ninho do Urubu jamais será esquecida, e sua memória segue como um lembrete da importância de garantir condições dignas e seguras para os jovens atletas que sonham em brilhar nos gramados.



O Clube de Regatas do Flamengo anunciou um acordo com os pais do goleiro Christian Esmério, última família das vítimas do incêndio no Ninho do Urubu que ainda não havia sido indenizada. O desfecho encerra um dos capítulos mais dolorosos da história do clube, marcando o fim de um longo litígio judicial. Christian, que era considerado uma das maiores promessas do futebol brasileiro, faleceu na tragédia de 2019 aos 15 anos. A família do jovem travou uma batalha na Justiça em busca de uma compensação financeira condizente com a dor e o impacto da perda.

O acordo foi oficializado com cláusulas de confidencialidade, impossibilitando a divulgação dos valores acertados. No entanto, a Justiça já havia condenado o Flamengo a pagar R$ 2,82 milhões de danos morais para os pais de Christian, além de R$ 120 mil ao irmão e uma pensão mensal de R$ 7 mil até 2048 ou até o falecimento dos genitores. O clube já realizava os pagamentos da pensão de forma voluntária, e a nova gestão, comandada por Luiz Eduardo Baptista, adotou uma postura conciliadora para pôr fim ao processo.

Os advogados da família de Christian elogiaram a mudança de postura do Flamengo e destacaram que a decisão do clube de encerrar o litígio foi um gesto de reconhecimento à memória do jovem atleta. A tragédia do Ninho do Urubu segue como um dos episódios mais trágicos da história do futebol brasileiro, e a luta das famílias por justiça ainda não terminou.

A tragédia do Ninho do Urubu

O incêndio ocorreu na madrugada de 8 de fevereiro de 2019, por volta das 5h, no Centro de Treinamento George Helal, conhecido como Ninho do Urubu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O fogo teve início após um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado em um dos dormitórios utilizados pelas categorias de base do Flamengo. A estrutura improvisada, composta por contêineres adaptados como alojamento, não possuía alvará de funcionamento e apresentava diversas irregularidades.

O incêndio vitimou dez jovens atletas que sonhavam com uma carreira no futebol profissional. As vítimas fatais foram:

  • Athila Paixão, 14 anos
  • Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, 14 anos
  • Bernardo Pisetta, 14 anos
  • Christian Esmério, 15 anos
  • Gedson Santos, 14 anos
  • Jorge Eduardo Santos, 15 anos
  • Pablo Henrique da Silva Matos, 14 anos
  • Rykelmo de Souza Vianna, 16 anos
  • Samuel Thomas Rosa, 15 anos
  • Vitor Isaías, 15 anos

Outros três atletas sobreviveram ao incêndio, mas ficaram com sequelas físicas e emocionais que ainda impactam suas vidas.

A responsabilidade do Flamengo e a busca por justiça

As investigações apontaram que o Flamengo não havia tomado as medidas necessárias para garantir a segurança dos jovens alojados no Ninho do Urubu. A estrutura não possuía equipamentos adequados de combate a incêndios, como alarmes, sprinklers e saídas de emergência em quantidade suficiente. Os contêineres utilizados como dormitórios não eram apropriados para habitação e agravaram a rápida propagação do fogo.

Diante das evidências, a Justiça determinou que dirigentes do Flamengo e representantes das empresas envolvidas na instalação dos módulos habitacionais respondessem criminalmente pelo ocorrido. Entre os réus no processo estão:

  • Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo
  • Antonio Marcio Mongelli e Garotti, ex-diretor do Flamengo
  • Claudia Pereira Rodrigues, representante da empresa NHJ, que forneceu os módulos
  • Fábio Hilario da Silva, Danilo da Silva Duarte e Weslley Gimenes, engenheiros responsáveis pela montagem dos módulos
  • Edson Colman da Silva, sócio da empresa Colman Refrigeração, responsável pela manutenção dos aparelhos de ar-condicionado

Apesar da responsabilização judicial, até o momento, ninguém foi punido criminalmente pela tragédia.

Homenagens e memória das vítimas

Desde 2019, a torcida do Flamengo mantém viva a memória dos “Garotos do Ninho”. Em todos os jogos, no décimo minuto, os torcedores entoam cânticos em homenagem aos jovens falecidos. Além disso, em 2022, o clube inaugurou uma capela ecumênica no CT, um espaço de reflexão e homenagem às vítimas.

Em 2024, a jornalista Daniela Arbex lançou o livro “Longe do Ninho”, que detalha os bastidores da tragédia, o impacto nas famílias e as consequências para o futebol brasileiro. O Flamengo também organiza, anualmente, uma missa no Ninho do Urubu no dia 8 de fevereiro, data da tragédia, reunindo familiares, atletas e membros da diretoria.

A evolução da segurança nos clubes

A tragédia do Ninho do Urubu levantou discussões sobre as condições dos alojamentos das categorias de base no Brasil. O caso expôs falhas estruturais e a falta de fiscalização adequada nos centros de treinamento de vários clubes do país. Após o ocorrido, medidas foram tomadas para reforçar a segurança, incluindo:

  • Fiscalização mais rigorosa dos alojamentos esportivos
  • Implementação de novos protocolos de segurança
  • Exigência de alvarás e certificações para funcionamento de alojamentos
  • Reforço na estrutura dos centros de treinamento

O Flamengo reformou suas instalações e modernizou a segurança do Ninho do Urubu, adotando novas diretrizes para alojamento de atletas. No entanto, especialistas alertam que a fiscalização precisa ser constante para evitar novas tragédias.

O impacto emocional e psicológico da tragédia

Além das consequências judiciais e estruturais, a tragédia do Ninho do Urubu deixou marcas profundas nas famílias das vítimas e nos atletas sobreviventes. Muitos pais relatam dificuldades emocionais para lidar com a perda e a ausência de apoio psicológico adequado. Os jogadores que escaparam do incêndio carregam traumas que impactam suas carreiras e vidas pessoais.

A psicologia esportiva tem enfatizado a necessidade de oferecer suporte contínuo para atletas que passam por situações traumáticas. O episódio serviu como alerta para que clubes invistam não apenas na segurança física, mas também no bem-estar mental de seus jogadores.

O futuro do Flamengo após o acordo

Com o encerramento do último processo judicial relacionado à tragédia, o Flamengo busca seguir em frente, mas sem esquecer a história dos Garotos do Ninho. A nova gestão do clube reforçou o compromisso com a segurança e prometeu continuar investindo na estrutura do CT. No entanto, para os familiares das vítimas, o sentimento de justiça só será completo quando todos os responsáveis forem devidamente responsabilizados.

A tragédia do Ninho do Urubu jamais será esquecida, e sua memória segue como um lembrete da importância de garantir condições dignas e seguras para os jovens atletas que sonham em brilhar nos gramados.



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