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9 May 2025, Fri

benefícios e desafios para as crianças, pais e educadores


De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a restrição não tem o intuito de demonizar o uso da tecnologia, mas sim incentivar práticas mais saudáveis e equilibradas. “Nossos jovens têm muito acesso à internet e a aparelhos próprios, o que atrapalha o sono, a interação social e a concentração, por isso essa lei é tão importante”, afirmou o ministro da Educação, Camilo Santana, na cerimônia de aprovação da lei, em Brasília (DF).

A norma estabelece que qualquer dispositivo eletrônico com acesso à internet (celular, tablet, relógio) deve ser mantido desligado ou em modo silencioso durante aulas, recreio e intervalos, salvo para fins pedagógicos ou em casos de saúde, inclusão e acessibilidade. A lei divide opiniões e levanta muitas dúvidas por parte dos pais. Pensando nisso, CRESCER listou as principais questões e foi buscar respostas com especialistas da área. Confira abaixo:

O psicólogo Cristiano Nabuco, pioneiro no tratamento de pacientes com dependência tecnológica, considera a medida um ponto de partida importante para mudanças necessárias. “Tem tudo para dar certo. O que falta é que o tema seja colocado na mesa para que professores, pais e alunos possam conversar a respeito. Assim, com a união de todos, vamos estabelecer uma perspectiva mais consciente do uso da tecnologia”, afirma Nabuco, que é autor de Vivendo Esse Mundo Digital: impactos na saúde, na educação e nos comportamentos sociais (Editora Artmed) e fundador da Associação Matera (SP).

Já o hebiatra Felipe Fortes, do Rio de Janeiro (RJ), destaca que o sucesso da iniciativa também dependerá da capacidade das escolas em gerenciar a transição. “Vai ser difícil no início, para escolas e alunos, como toda mudança sempre é. Cada escola vai ter que encontrar o seu jeito de controlar esse uso de celulares, dentro de suas realidades específicas”, acredita.

Segundo Alessandra Borelli, advogada especialista em Direito Digital, a responsabilidade principal está na gestão escolar. “A fiscalização preliminar compete à direção escolar, que precisa criar mecanismos para implementar e monitorar o cumprimento da lei”, explica. Ela alerta que a sobrecarga dos professores deve ser evitada para que eles possam cumprir suas funções essenciais. “A gestão escolar precisa garantir que os docentes foquem na entrega do conteúdo pedagógico e no desenvolvimento das habilidades socioemocionais dos alunos, além da própria educação midiática, que, aliás, independe da presença do celular”, completa.

A lei pode trazer impactos positivos significativos para os adolescentes. “É muito difícil para o professor competir com os algoritmos de redes sociais, jogos digitais e a multiplicidade de estímulos de um smartphone conectado”, ressalta o hebiatra Felipe Fortes. Ele lembra que é difícil para os adolescentes conseguirem “desligar” desses atrativos, pois são feitos para isso. “São friamente calculados para nos tornar viciados mesmo. E na juventude, por características específicas de um cérebro que ainda está em desenvolvimento, eles estão mais vulneráveis a esta adição”, explica.

Tirando o celular e demais aparelhos de cena, o aproveitamento e o rendimento escolar tendem a melhorar, pois isso reduz uma variável importante neste processo de ensino-aprendizagem: a distração. Alguns pais têm dúvidas se os adolescentes não perderão o interesse na escola, mas não podemos confundir educação digital com o uso de celular na sala de aula. “O que a lei propõe não é uma ausência de discussões e uso de tecnologia, e sim o uso do celular descontextualizado, sem propósito educacional”, completa o hebiatra Fortes.

Embora a lei não estabeleça sanções específicas ou meios diretos de fiscalização, isso não significa que as instituições possam ignorá-la. Alessandra Borelli, que também é autora do livro Crianças e Adolescentes no Mundo Digital: orientações essenciais para o uso seguro e consciente das novas tecnologias (Autêntica Editora), enfatiza que as escolas têm um dever moral e jurídico de mostrar aos jovens a importância de cumprir as normas. No que diz respeito às famílias, o primeiro passo para cobrar uma posição das escolas deve ser o diálogo, segundo a advogada. “Caso a omissão persista, os pais podem recorrer a instâncias, como as delegacias de ensino e até mesmo o Ministério da Educação (MEC), para formalizar suas reclamações”, conclui.

Quanto aos alunos, as instituições devem aplicar as medidas disciplinares previstas no regimento interno, como advertências, retenção temporária dos aparelhos ou, em casos graves, suspensão com atividades pedagógicas. “Lembrando que o objetivo deve ser educativo e não meramente punitivo”, reforça Alessandra.

A proibição do uso de celulares nas escolas, embora necessária, não deve ser a única estratégia para lidar com os obstáculos trazidos pela tecnologia. “Banir certas coisas faz parte da responsabilidade de quem educa. Ensinar um bom uso das interações mediadas digitalmente é, sim, fundamental. Mas ninguém sabe muito bem como fazer isso, nem as escolas nem os professores”, diz o psicólogo e psicanalista Paulo Jeronymo Carvalho, de São Paulo.

Possivelmente, não. “Inquietação, ansiedade e agressividade certamente farão parte do comportamento dos estudantes, especialmente nos primeiros dias ou semanas após a implementação da medida. Será necessário um acompanhamento contínuo, além de estratégias específicas para ajudar os alunos a lidarem com esses sentimentos”, diz o professor Ygor Corrêa, ph.D. em Educaçãoe Tecnologia.

Infelizmente, sim. “As escolas privadas, com mais recursos, implementam a medida de forma mais eficaz, enquanto as públicas enfrentam mais dificuldades, como a falta de estrutura para oferecer meios de armazenamento dos dispositivos e até mesmo opções de entretenimento. Um esforço extra será necessário para que as redes públicas disponham de alternativas para minimizar essas desigualdades”, alerta a advogada Alessandra Borelli.

Em muitos casos, essa necessidade pode ser menor do que parece. “Na medida em que as telas deixam de ser permitidas, as interações naturais e orgânicas entre os alunos voltam a surgir, como acontecia em gerações anteriores. Isso é espontâneo, e a escola pode observar e, se necessário, desenvolver recursos alternativos”, destaca Cristiano Nabuco.

No entanto, é válido que as instituições invistam em alternativas de entretenimento que incentivem a socialização, como atividades esportivas, jogos de tabuleiro e áreas de convivência. “Uma ideia interessante é engajar os próprios alunos no planejamento dessas mudanças, criando um Comitê Multidisciplinar para trocar ideias, executar e avaliar as estratégias. A avaliação constante dos impactos sempre enriquece o processo”, sugere Alessandra.

Por outro lado, Ygor Corrêa recomenda a presença de monitores educacionais para supervisionar as interações e garantir um ambiente seguro. “A supervisão, nesse período de transição, ajuda a minimizar comportamentos impulsivos ou conflitos, além de incentivar brincadeiras e conversas que estimulem o desenvolvimento social e emocional dos alunos”, afirma. O equilíbrio entre o retorno às interações espontâneas e a oferta de novas atividades pode ser o diferencial para tornar o recreio mais atrativo e menos dependente das telas.

“É provável que haja um efeito rebote quando as crianças e adolescentes não puderem usar seus celulares na escola, o que pode gerar sentimentos negativos, como frustração, que eles tentarão compensar em casa, aumentando o tempo de uso”, opina Ygor Corrêa. Ele ressalta, porém, que as famílias têm um papel essencial nesse processo: “Acolhendo os sentimentos da criança ou adolescente, escutando-os e explicando as razões para a restrição do uso, é possível ajudar os filhos a entender e respeitar os limites estabelecidos”.

Por outro lado, o pediatra Daniel Becker, um ativista do tema, enxerga a possibilidade de uma repercussão positiva. Ele cita relatos de crianças que, ao se adaptarem à nova rotina sem celulares, começaram a resgatar atividades do “mundo real”, como brincar, jogar bola e conversar.

O impacto se estende ainda ao recreio e às interações sociais. Para o pediatra Becker, a medida ajuda a reconectar as crianças com o mundo real. “Elas ganham a vida, a brincadeira, a interação, o movimento, o exercício, que é o que o recreio oferece. Ganham também o aprendizado, que estavam perdendo”, pontua.

No entanto, o psicólogo Ygor Corrêa alerta sobre o início desse processo. “A proibição certamente desencadeará uma série de conflitos no ambiente escolar, envolvendo gestores educacionais, orientadores pedagógicos, professores, alunos e famílias. Essa lacuna no preparo pode gerar desafios significativos, tanto na adaptação às novas regras quanto na promoção de um uso consciente da tecnologia na educação”, afirma. Embora resistências sejam esperadas, o saldo tende a ser positivo. Dedos cruzados, e fora das telas!

A implementação de regras para o uso de celulares nas escolas tem trazido impactos positivos, mas o processo exige planejamento e diálogo desde o início. Em São Paulo, o colégio Vera Cruz adotou uma abordagem participativa ao implementar a restrição, no ano passado. “Não queríamos que a proibição fosse algo imposto de cima para baixo”, explica o coordenador pedagógico Daniel Helene. Alunos foram envolvidos em discussões, refletiram sobre o tema e até propuseram experimentar períodos sem celulares no recreio. Segundo Helene, essa abordagem gradual ajudou na aceitação das regras, que agora fazem parte da rotina.

No colégio Gracinha (SP), a retirada dos celulares durante as aulas – que aconteceu aos poucos, da Educação Infantil ao Ensino Fundamental 2 – também teve resultados animadores. De acordo com a diretora Lígia Mori, a medida melhorou a atenção e o foco dos alunos. Apesar de acreditar que será mais desafiador com adolescentes agora, no Ensino Médio, a escola está comprometida com a aplicação da norma. “É uma medida necessária, e sendo uma lei, precisamos seguir”, afirma.

No Rio de Janeiro, o Ginásio Experimental Elza Soares, que atende crianças do Ensino Fundamental 1, fez um trabalho de conscientização envolvendo professores e famílias. “A comunidade escolar já assumiu a regra e as crianças interagem mais, formam relações pessoais e emocionais”, relata a diretora Elidia Rodrigues. Para situações excepcionais, como a necessidade de comunicação após a aula, os celulares ficam guardados na secretaria.

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a restrição não tem o intuito de demonizar o uso da tecnologia, mas sim incentivar práticas mais saudáveis e equilibradas. “Nossos jovens têm muito acesso à internet e a aparelhos próprios, o que atrapalha o sono, a interação social e a concentração, por isso essa lei é tão importante”, afirmou o ministro da Educação, Camilo Santana, na cerimônia de aprovação da lei, em Brasília (DF).

A norma estabelece que qualquer dispositivo eletrônico com acesso à internet (celular, tablet, relógio) deve ser mantido desligado ou em modo silencioso durante aulas, recreio e intervalos, salvo para fins pedagógicos ou em casos de saúde, inclusão e acessibilidade. A lei divide opiniões e levanta muitas dúvidas por parte dos pais. Pensando nisso, CRESCER listou as principais questões e foi buscar respostas com especialistas da área. Confira abaixo:

O psicólogo Cristiano Nabuco, pioneiro no tratamento de pacientes com dependência tecnológica, considera a medida um ponto de partida importante para mudanças necessárias. “Tem tudo para dar certo. O que falta é que o tema seja colocado na mesa para que professores, pais e alunos possam conversar a respeito. Assim, com a união de todos, vamos estabelecer uma perspectiva mais consciente do uso da tecnologia”, afirma Nabuco, que é autor de Vivendo Esse Mundo Digital: impactos na saúde, na educação e nos comportamentos sociais (Editora Artmed) e fundador da Associação Matera (SP).

Já o hebiatra Felipe Fortes, do Rio de Janeiro (RJ), destaca que o sucesso da iniciativa também dependerá da capacidade das escolas em gerenciar a transição. “Vai ser difícil no início, para escolas e alunos, como toda mudança sempre é. Cada escola vai ter que encontrar o seu jeito de controlar esse uso de celulares, dentro de suas realidades específicas”, acredita.

Segundo Alessandra Borelli, advogada especialista em Direito Digital, a responsabilidade principal está na gestão escolar. “A fiscalização preliminar compete à direção escolar, que precisa criar mecanismos para implementar e monitorar o cumprimento da lei”, explica. Ela alerta que a sobrecarga dos professores deve ser evitada para que eles possam cumprir suas funções essenciais. “A gestão escolar precisa garantir que os docentes foquem na entrega do conteúdo pedagógico e no desenvolvimento das habilidades socioemocionais dos alunos, além da própria educação midiática, que, aliás, independe da presença do celular”, completa.

A lei pode trazer impactos positivos significativos para os adolescentes. “É muito difícil para o professor competir com os algoritmos de redes sociais, jogos digitais e a multiplicidade de estímulos de um smartphone conectado”, ressalta o hebiatra Felipe Fortes. Ele lembra que é difícil para os adolescentes conseguirem “desligar” desses atrativos, pois são feitos para isso. “São friamente calculados para nos tornar viciados mesmo. E na juventude, por características específicas de um cérebro que ainda está em desenvolvimento, eles estão mais vulneráveis a esta adição”, explica.

Tirando o celular e demais aparelhos de cena, o aproveitamento e o rendimento escolar tendem a melhorar, pois isso reduz uma variável importante neste processo de ensino-aprendizagem: a distração. Alguns pais têm dúvidas se os adolescentes não perderão o interesse na escola, mas não podemos confundir educação digital com o uso de celular na sala de aula. “O que a lei propõe não é uma ausência de discussões e uso de tecnologia, e sim o uso do celular descontextualizado, sem propósito educacional”, completa o hebiatra Fortes.

Embora a lei não estabeleça sanções específicas ou meios diretos de fiscalização, isso não significa que as instituições possam ignorá-la. Alessandra Borelli, que também é autora do livro Crianças e Adolescentes no Mundo Digital: orientações essenciais para o uso seguro e consciente das novas tecnologias (Autêntica Editora), enfatiza que as escolas têm um dever moral e jurídico de mostrar aos jovens a importância de cumprir as normas. No que diz respeito às famílias, o primeiro passo para cobrar uma posição das escolas deve ser o diálogo, segundo a advogada. “Caso a omissão persista, os pais podem recorrer a instâncias, como as delegacias de ensino e até mesmo o Ministério da Educação (MEC), para formalizar suas reclamações”, conclui.

Quanto aos alunos, as instituições devem aplicar as medidas disciplinares previstas no regimento interno, como advertências, retenção temporária dos aparelhos ou, em casos graves, suspensão com atividades pedagógicas. “Lembrando que o objetivo deve ser educativo e não meramente punitivo”, reforça Alessandra.

A proibição do uso de celulares nas escolas, embora necessária, não deve ser a única estratégia para lidar com os obstáculos trazidos pela tecnologia. “Banir certas coisas faz parte da responsabilidade de quem educa. Ensinar um bom uso das interações mediadas digitalmente é, sim, fundamental. Mas ninguém sabe muito bem como fazer isso, nem as escolas nem os professores”, diz o psicólogo e psicanalista Paulo Jeronymo Carvalho, de São Paulo.

Possivelmente, não. “Inquietação, ansiedade e agressividade certamente farão parte do comportamento dos estudantes, especialmente nos primeiros dias ou semanas após a implementação da medida. Será necessário um acompanhamento contínuo, além de estratégias específicas para ajudar os alunos a lidarem com esses sentimentos”, diz o professor Ygor Corrêa, ph.D. em Educaçãoe Tecnologia.

Infelizmente, sim. “As escolas privadas, com mais recursos, implementam a medida de forma mais eficaz, enquanto as públicas enfrentam mais dificuldades, como a falta de estrutura para oferecer meios de armazenamento dos dispositivos e até mesmo opções de entretenimento. Um esforço extra será necessário para que as redes públicas disponham de alternativas para minimizar essas desigualdades”, alerta a advogada Alessandra Borelli.

Em muitos casos, essa necessidade pode ser menor do que parece. “Na medida em que as telas deixam de ser permitidas, as interações naturais e orgânicas entre os alunos voltam a surgir, como acontecia em gerações anteriores. Isso é espontâneo, e a escola pode observar e, se necessário, desenvolver recursos alternativos”, destaca Cristiano Nabuco.

No entanto, é válido que as instituições invistam em alternativas de entretenimento que incentivem a socialização, como atividades esportivas, jogos de tabuleiro e áreas de convivência. “Uma ideia interessante é engajar os próprios alunos no planejamento dessas mudanças, criando um Comitê Multidisciplinar para trocar ideias, executar e avaliar as estratégias. A avaliação constante dos impactos sempre enriquece o processo”, sugere Alessandra.

Por outro lado, Ygor Corrêa recomenda a presença de monitores educacionais para supervisionar as interações e garantir um ambiente seguro. “A supervisão, nesse período de transição, ajuda a minimizar comportamentos impulsivos ou conflitos, além de incentivar brincadeiras e conversas que estimulem o desenvolvimento social e emocional dos alunos”, afirma. O equilíbrio entre o retorno às interações espontâneas e a oferta de novas atividades pode ser o diferencial para tornar o recreio mais atrativo e menos dependente das telas.

“É provável que haja um efeito rebote quando as crianças e adolescentes não puderem usar seus celulares na escola, o que pode gerar sentimentos negativos, como frustração, que eles tentarão compensar em casa, aumentando o tempo de uso”, opina Ygor Corrêa. Ele ressalta, porém, que as famílias têm um papel essencial nesse processo: “Acolhendo os sentimentos da criança ou adolescente, escutando-os e explicando as razões para a restrição do uso, é possível ajudar os filhos a entender e respeitar os limites estabelecidos”.

Por outro lado, o pediatra Daniel Becker, um ativista do tema, enxerga a possibilidade de uma repercussão positiva. Ele cita relatos de crianças que, ao se adaptarem à nova rotina sem celulares, começaram a resgatar atividades do “mundo real”, como brincar, jogar bola e conversar.

O impacto se estende ainda ao recreio e às interações sociais. Para o pediatra Becker, a medida ajuda a reconectar as crianças com o mundo real. “Elas ganham a vida, a brincadeira, a interação, o movimento, o exercício, que é o que o recreio oferece. Ganham também o aprendizado, que estavam perdendo”, pontua.

No entanto, o psicólogo Ygor Corrêa alerta sobre o início desse processo. “A proibição certamente desencadeará uma série de conflitos no ambiente escolar, envolvendo gestores educacionais, orientadores pedagógicos, professores, alunos e famílias. Essa lacuna no preparo pode gerar desafios significativos, tanto na adaptação às novas regras quanto na promoção de um uso consciente da tecnologia na educação”, afirma. Embora resistências sejam esperadas, o saldo tende a ser positivo. Dedos cruzados, e fora das telas!

A implementação de regras para o uso de celulares nas escolas tem trazido impactos positivos, mas o processo exige planejamento e diálogo desde o início. Em São Paulo, o colégio Vera Cruz adotou uma abordagem participativa ao implementar a restrição, no ano passado. “Não queríamos que a proibição fosse algo imposto de cima para baixo”, explica o coordenador pedagógico Daniel Helene. Alunos foram envolvidos em discussões, refletiram sobre o tema e até propuseram experimentar períodos sem celulares no recreio. Segundo Helene, essa abordagem gradual ajudou na aceitação das regras, que agora fazem parte da rotina.

No colégio Gracinha (SP), a retirada dos celulares durante as aulas – que aconteceu aos poucos, da Educação Infantil ao Ensino Fundamental 2 – também teve resultados animadores. De acordo com a diretora Lígia Mori, a medida melhorou a atenção e o foco dos alunos. Apesar de acreditar que será mais desafiador com adolescentes agora, no Ensino Médio, a escola está comprometida com a aplicação da norma. “É uma medida necessária, e sendo uma lei, precisamos seguir”, afirma.

No Rio de Janeiro, o Ginásio Experimental Elza Soares, que atende crianças do Ensino Fundamental 1, fez um trabalho de conscientização envolvendo professores e famílias. “A comunidade escolar já assumiu a regra e as crianças interagem mais, formam relações pessoais e emocionais”, relata a diretora Elidia Rodrigues. Para situações excepcionais, como a necessidade de comunicação após a aula, os celulares ficam guardados na secretaria.



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