Rosângela Moro defende união da direita contra Lula em 2026



Eleita deputada federal em 2022 pelo estado de São Paulo, Rosângela Moro (União Brasil) tem buscado se posicionar nos últimos dois anos como uma das principais lideranças da oposição dentro do Congresso Nacional. Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, a parlamentar comentou sobre seus planos políticos para os próximos anos, defendeu a aprovação do projeto de lei da anistia aos presos do 8 de janeiro e, para 2026, espera que a direita esteja unida em torno de um nome para fazer frente à candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou de qualquer outro nome do PT.

“Meu trabalho na Câmara tem sido de oposição e resistência em pautas nacionais. A oposição ainda é minoria na Casa, então não conseguimos aprovar tantos projetos quanto gostaríamos, mas temos conseguido barrar algumas propostas, o que também é uma vitória”, disse a deputada. 

No ano passado, a esposa do ex-juiz e senador Sergio Moro (União-PR) transferiu seu domicílio eleitoral para o Paraná e disputou a prefeitura de Curitiba como vice na chapa do deputado estadual Ney Leprevost, também do União Brasil.  A dupla acabou em quarto lugar na corrida que foi vencida, em segundo turno, por Eduardo Pimentel (PSD), candidato apoiado pelo governador do estado, Carlos Massa Ratinho Jr. (PSD).

Segundo Rosângela Moro, sua entrada na eleição foi feita para atender a um pedido da cúpula do seu partido, mas agora ela avalia que a candidatura “foi um erro de estratégia” do União Brasil. Ela fala ainda sobre sua mais recente proposta legislativa, que visa aumentar a transparência com relação aos gastos da primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja.

O projeto foi protocolado no começo de fevereiro, logo após o episódio em que o governo Lula se recusou em quatro instâncias a responder um pedido de Lei de Acesso à Informação (LAI) para liberar os dados sobre o local de hospedagem e os gastos da primeira-dama em uma viagem a Nova York, nos Estados Unidos, em março de 2024. Ela integrou na ocasião a comitiva brasileira do Ministério das Mulheres durante a 68ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher, da ONU.

“Esse projeto busca regulamentar a transparência dos gastos da primeira-dama, pois ela exerce nitidamente uma função pública. O presidente a designa para representá-lo, inclusive em viagens internacionais, mas ela não ocupa um cargo oficial e não foi eleita. Todos nós que temos uma função regulamentada estamos sujeitos à Lei de Acesso à Informação, mas a primeira-dama, apesar de usufruir de benefícios, não tem obrigação de prestar contas”, disse Rosângela Moro.

Confira a íntegra da entrevista com Rosângela Moro 

O ano de 2025 começou agora, mas os políticos já estão de olho nas eleições de 2026. Como a senhora vê a organização da direita para a próxima disputa presidencial?

Rosângela Moro: Precisamos trabalhar para evitar a reeleição do presidente Lula ou de qualquer nome do PT. O partido não conseguiu construir um sucessor forte para 2026. [O governador de Goiás] Ronaldo Caiado já se colocou como pré-candidato à Presidência, e, se for o nome do União Brasil, o partido o apoiará. A grande incógnita é a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. Se ele puder concorrer, será um candidato muito forte. Se não, ele certamente apoiará um nome, o que influenciará bastante o cenário eleitoral. 

Neste momento o ex-presidente Bolsonaro está declarado inelegível pela Justiça Eleitoral, isso pode prejudicar de alguma forma o campo da direita?

Rosângela Moro: Minha preocupação é que a decisão [de uma eventual reversão] sobre sua inelegibilidade venha após o prazo de desincompatibilização, o que pode prejudicar o campo da direita. Precisamos tratar essa questão com muita responsabilidade para tirar o PT do poder.

E a senhora, quais o planos para 2026, pretende concorrer novamente e agora pelo estado do Paraná?

Rosângela Moro: Sobre 2026, pretendo continuar na política, mas agora pelo Paraná. Se os paranaenses me quiserem, terei muita alegria em representá-los. Se disputarei um novo mandato como deputada federal ou outro cargo, ainda é cedo para definir. 

No ano passado a senhora disputou como vice na chapa do União Brasil pela prefeitura de Curitiba. Como avalia o desempenho da candidatura, que terminou o primeiro turno em quarto lugar, com apenas 6% dos votos válidos?

Rosângela Moro: Eu fui eleita por São Paulo, onde sempre tive um vínculo profissional forte. No entanto, por questões familiares, mudei meu domicílio eleitoral para Curitiba. Minha mãe tem 90 anos, e quero estar mais próxima dela. O presidente do União Brasil me convidou para compor a chapa na eleição municipal de Curitiba em 2024. Aceitei porque era importante para o partido, mas acredito que houve um erro de estratégia na candidatura. Ainda assim, foi uma oportunidade para conhecer melhor a realidade das associações e santas casas do Paraná, que são pautas muito caras para mim. 

Sobre a sua atuação na Câmara dos Deputados, qual é a sua relação de forma geral com a oposição, encampada principalmente pelo PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro?

Rosângela Moro: É natural que haja divergências tanto na oposição quanto na base do governo. No geral, me alinho à pauta conservadora e de liberdade econômica. Sou contra o aborto, contra a saída temporária (“saidinha”) de presos e defendo valores que compartilho com os colegas da oposição. 

Uma das pautas da oposição tem sido a tentativa de se aprovar um projeto que anistia os presos durante os atos de vandalismo do 8 de janeiro de 2023. Qual o posicionamento da senhora sobre essa matéria?

Rosângela Moro: Se o projeto for pautado, votarei a favor. Com todo respeito ao Supremo Tribunal Federal, acredito que há erros graves nos julgamentos. As penas não estão sendo individualizadas corretamente. O relatório da Polícia Federal não identificou mandantes ou financiadores. Não houve tanques na rua nem apoio dos outros poderes, então classificar o episódio como golpe é um exagero. Sempre vi aquilo como um ato de vandalismo, algo errado, mas não como tentativa de golpe. As penas aplicadas são desproporcionais, chegando a 14 ou 17 anos de prisão, enquanto traficantes e corruptos muitas vezes não recebem punições tão severas. Defendo que as penas sejam proporcionais aos atos cometidos.

A oposição também tem se movimentado para discutir mudanças no prazo de inelegibilidade da Lei da Ficha Limpa. O projeto mais recente, do deputado Bibo Nunes (PL-RS), reduz de oito para dois anos esse período, qual o posicionamento da senhora?

Rosângela Moro: Sou contra qualquer tentativa de afrouxar a Lei da Ficha Limpa. Precisamos de regras rígidas para impedir que pessoas envolvidas em corrupção voltem a disputar eleições. O projeto da deputada Dani Cunha, que apenas estabelece um marco inicial claro para a inelegibilidade, faz sentido, pois traz mais previsibilidade. Mas reduzir o período de inelegibilidade para casos de prejuízo ao erário? Sou totalmente contra. 

A senhora começou 2025 apresentando um projeto de lei que enquadra os gastos da primeira-dama nas regras de transparência. O texto já conta com a adesão de mais de 20 parlamentares, quais os próximos passos a partir de agora?

Rosângela Moro: Eu fui pesquisar sobre os gastos e encontrei informações divulgadas na imprensa apontando mais de R$ 169 milhões relacionados ao gabinete da primeira-dama. Há assessores, estrutura de trabalho, mas tudo na informalidade. Então, apresentei um projeto para alterar a Lei de Acesso à Informação, tornando obrigatório o acesso a esses dados não apenas para a primeira-dama federal, mas também para as dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Nosso líder [partidário], Pedro Lucas, está organizando a tramitação. Estou aguardando o presidente da Câmara, Hugo Motta, despachar o projeto para definir em qual comissão ele começará a tramitar.

Após as cobranças públicas, a Janja passou a divulgar parte de sua agenda pelas redes sociais, mas não em meios oficiais. É o suficiente?

Rosângela Moro: A Transparência Internacional solicitou informações sobre esses gastos, mas recebeu a resposta de que a lei não prevê essa obrigatoriedade. Com a aprovação desse projeto, isso mudará, e a prestação de contas será obrigatória. Não pode haver apenas bônus sem ônus. O Planalto sentiu a movimentação e começou a divulgar a agenda da primeira-dama, mas isso ainda é insuficiente. Queremos saber os custos e como o dinheiro público está sendo empregado. 

Eleita deputada federal em 2022 pelo estado de São Paulo, Rosângela Moro (União Brasil) tem buscado se posicionar nos últimos dois anos como uma das principais lideranças da oposição dentro do Congresso Nacional. Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, a parlamentar comentou sobre seus planos políticos para os próximos anos, defendeu a aprovação do projeto de lei da anistia aos presos do 8 de janeiro e, para 2026, espera que a direita esteja unida em torno de um nome para fazer frente à candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou de qualquer outro nome do PT.

“Meu trabalho na Câmara tem sido de oposição e resistência em pautas nacionais. A oposição ainda é minoria na Casa, então não conseguimos aprovar tantos projetos quanto gostaríamos, mas temos conseguido barrar algumas propostas, o que também é uma vitória”, disse a deputada. 

No ano passado, a esposa do ex-juiz e senador Sergio Moro (União-PR) transferiu seu domicílio eleitoral para o Paraná e disputou a prefeitura de Curitiba como vice na chapa do deputado estadual Ney Leprevost, também do União Brasil.  A dupla acabou em quarto lugar na corrida que foi vencida, em segundo turno, por Eduardo Pimentel (PSD), candidato apoiado pelo governador do estado, Carlos Massa Ratinho Jr. (PSD).

Segundo Rosângela Moro, sua entrada na eleição foi feita para atender a um pedido da cúpula do seu partido, mas agora ela avalia que a candidatura “foi um erro de estratégia” do União Brasil. Ela fala ainda sobre sua mais recente proposta legislativa, que visa aumentar a transparência com relação aos gastos da primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja.

O projeto foi protocolado no começo de fevereiro, logo após o episódio em que o governo Lula se recusou em quatro instâncias a responder um pedido de Lei de Acesso à Informação (LAI) para liberar os dados sobre o local de hospedagem e os gastos da primeira-dama em uma viagem a Nova York, nos Estados Unidos, em março de 2024. Ela integrou na ocasião a comitiva brasileira do Ministério das Mulheres durante a 68ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher, da ONU.

“Esse projeto busca regulamentar a transparência dos gastos da primeira-dama, pois ela exerce nitidamente uma função pública. O presidente a designa para representá-lo, inclusive em viagens internacionais, mas ela não ocupa um cargo oficial e não foi eleita. Todos nós que temos uma função regulamentada estamos sujeitos à Lei de Acesso à Informação, mas a primeira-dama, apesar de usufruir de benefícios, não tem obrigação de prestar contas”, disse Rosângela Moro.

Confira a íntegra da entrevista com Rosângela Moro 

O ano de 2025 começou agora, mas os políticos já estão de olho nas eleições de 2026. Como a senhora vê a organização da direita para a próxima disputa presidencial?

Rosângela Moro: Precisamos trabalhar para evitar a reeleição do presidente Lula ou de qualquer nome do PT. O partido não conseguiu construir um sucessor forte para 2026. [O governador de Goiás] Ronaldo Caiado já se colocou como pré-candidato à Presidência, e, se for o nome do União Brasil, o partido o apoiará. A grande incógnita é a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. Se ele puder concorrer, será um candidato muito forte. Se não, ele certamente apoiará um nome, o que influenciará bastante o cenário eleitoral. 

Neste momento o ex-presidente Bolsonaro está declarado inelegível pela Justiça Eleitoral, isso pode prejudicar de alguma forma o campo da direita?

Rosângela Moro: Minha preocupação é que a decisão [de uma eventual reversão] sobre sua inelegibilidade venha após o prazo de desincompatibilização, o que pode prejudicar o campo da direita. Precisamos tratar essa questão com muita responsabilidade para tirar o PT do poder.

E a senhora, quais o planos para 2026, pretende concorrer novamente e agora pelo estado do Paraná?

Rosângela Moro: Sobre 2026, pretendo continuar na política, mas agora pelo Paraná. Se os paranaenses me quiserem, terei muita alegria em representá-los. Se disputarei um novo mandato como deputada federal ou outro cargo, ainda é cedo para definir. 

No ano passado a senhora disputou como vice na chapa do União Brasil pela prefeitura de Curitiba. Como avalia o desempenho da candidatura, que terminou o primeiro turno em quarto lugar, com apenas 6% dos votos válidos?

Rosângela Moro: Eu fui eleita por São Paulo, onde sempre tive um vínculo profissional forte. No entanto, por questões familiares, mudei meu domicílio eleitoral para Curitiba. Minha mãe tem 90 anos, e quero estar mais próxima dela. O presidente do União Brasil me convidou para compor a chapa na eleição municipal de Curitiba em 2024. Aceitei porque era importante para o partido, mas acredito que houve um erro de estratégia na candidatura. Ainda assim, foi uma oportunidade para conhecer melhor a realidade das associações e santas casas do Paraná, que são pautas muito caras para mim. 

Sobre a sua atuação na Câmara dos Deputados, qual é a sua relação de forma geral com a oposição, encampada principalmente pelo PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro?

Rosângela Moro: É natural que haja divergências tanto na oposição quanto na base do governo. No geral, me alinho à pauta conservadora e de liberdade econômica. Sou contra o aborto, contra a saída temporária (“saidinha”) de presos e defendo valores que compartilho com os colegas da oposição. 

Uma das pautas da oposição tem sido a tentativa de se aprovar um projeto que anistia os presos durante os atos de vandalismo do 8 de janeiro de 2023. Qual o posicionamento da senhora sobre essa matéria?

Rosângela Moro: Se o projeto for pautado, votarei a favor. Com todo respeito ao Supremo Tribunal Federal, acredito que há erros graves nos julgamentos. As penas não estão sendo individualizadas corretamente. O relatório da Polícia Federal não identificou mandantes ou financiadores. Não houve tanques na rua nem apoio dos outros poderes, então classificar o episódio como golpe é um exagero. Sempre vi aquilo como um ato de vandalismo, algo errado, mas não como tentativa de golpe. As penas aplicadas são desproporcionais, chegando a 14 ou 17 anos de prisão, enquanto traficantes e corruptos muitas vezes não recebem punições tão severas. Defendo que as penas sejam proporcionais aos atos cometidos.

A oposição também tem se movimentado para discutir mudanças no prazo de inelegibilidade da Lei da Ficha Limpa. O projeto mais recente, do deputado Bibo Nunes (PL-RS), reduz de oito para dois anos esse período, qual o posicionamento da senhora?

Rosângela Moro: Sou contra qualquer tentativa de afrouxar a Lei da Ficha Limpa. Precisamos de regras rígidas para impedir que pessoas envolvidas em corrupção voltem a disputar eleições. O projeto da deputada Dani Cunha, que apenas estabelece um marco inicial claro para a inelegibilidade, faz sentido, pois traz mais previsibilidade. Mas reduzir o período de inelegibilidade para casos de prejuízo ao erário? Sou totalmente contra. 

A senhora começou 2025 apresentando um projeto de lei que enquadra os gastos da primeira-dama nas regras de transparência. O texto já conta com a adesão de mais de 20 parlamentares, quais os próximos passos a partir de agora?

Rosângela Moro: Eu fui pesquisar sobre os gastos e encontrei informações divulgadas na imprensa apontando mais de R$ 169 milhões relacionados ao gabinete da primeira-dama. Há assessores, estrutura de trabalho, mas tudo na informalidade. Então, apresentei um projeto para alterar a Lei de Acesso à Informação, tornando obrigatório o acesso a esses dados não apenas para a primeira-dama federal, mas também para as dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Nosso líder [partidário], Pedro Lucas, está organizando a tramitação. Estou aguardando o presidente da Câmara, Hugo Motta, despachar o projeto para definir em qual comissão ele começará a tramitar.

Após as cobranças públicas, a Janja passou a divulgar parte de sua agenda pelas redes sociais, mas não em meios oficiais. É o suficiente?

Rosângela Moro: A Transparência Internacional solicitou informações sobre esses gastos, mas recebeu a resposta de que a lei não prevê essa obrigatoriedade. Com a aprovação desse projeto, isso mudará, e a prestação de contas será obrigatória. Não pode haver apenas bônus sem ônus. O Planalto sentiu a movimentação e começou a divulgar a agenda da primeira-dama, mas isso ainda é insuficiente. Queremos saber os custos e como o dinheiro público está sendo empregado. 



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