Ricardo Petraglia, consagrado por seus papéis em novelas de grande sucesso como História de Amor e A Viagem, está longe das telas há mais de uma década. Aos 74 anos, o ator optou por um novo estilo de vida, distante dos holofotes, mas ainda envolvido em um papel de protagonismo: o ativismo pelo uso medicinal da cannabis no Brasil. Instalado em sua casa em Xerém, na Baixada Fluminense, ele não apenas consome, mas também cultiva maconha para tratar dores intensas causadas por problemas de saúde, incluindo uma cirurgia no quadril e complicações hepáticas que o impedem de tomar anti-inflamatórios convencionais. A mudança, que começou como uma necessidade, se tornou um compromisso público, e hoje Petraglia usa sua visibilidade para reforçar a importância da planta no tratamento de diversas condições médicas.
A decisão de cultivar cannabis foi amparada por uma autorização judicial, permitindo que o ator produza e utilize a substância legalmente para fins terapêuticos. Petraglia passou a compartilhar sua experiência, defendendo o acesso legal à planta para outros pacientes que enfrentam dificuldades semelhantes.
A vida do ator, que já foi marcada por personagens icônicos na TV, agora está atrelada a uma causa que vem ganhando espaço no debate público brasileiro.
Carreira marcante e o papel de Xavier em História de Amor
Ricardo Petraglia conquistou o público ao longo das décadas com personagens variados e performances memoráveis. Em História de Amor (1995), ele interpretou Xavier, marido de Marta (Bia Nunnes), um homem oportunista que vivia às custas da esposa. Apesar das falhas do personagem, sua atuação trouxe nuances que cativaram a audiência, consolidando sua presença na teledramaturgia nacional.
Além dessa novela de Manoel Carlos, o ator participou de outras grandes produções da TV Globo, como A Viagem (1994), onde viveu Diogo Queiroz, e Por Amor (1997), no papel de Trajano. Com uma trajetória consolidada, Petraglia acumulou fãs e reconhecimento dentro e fora das telas.
Afastamento da TV e problemas de saúde
Em 2015, após atuar em Os Dez Mandamentos, da Record TV, o ator decidiu se afastar da televisão, motivado principalmente por problemas de saúde. Ele foi diagnosticado com complicações hepáticas que o impediam de usar medicamentos tradicionais para dor. Após uma cirurgia no quadril para a colocação de uma prótese coxofemoral, as dores crônicas se intensificaram, tornando sua rotina mais difícil.
A busca por alternativas levou Petraglia ao canabidiol (CBD), uma substância derivada da cannabis, conhecida por seus efeitos terapêuticos. Ao perceber a melhora significativa na qualidade de vida, ele decidiu aprofundar seu conhecimento sobre a planta e passou a cultivar maconha legalmente em sua propriedade para fins exclusivamente medicinais.
A autorização judicial e o ativismo em defesa da cannabis medicinal
Para garantir que seu cultivo fosse regularizado, Ricardo Petraglia obteve uma decisão judicial que lhe concedeu o direito de plantar maconha para consumo próprio. Essa autorização é um recurso legal que vem sendo utilizado por diversos pacientes no Brasil, diante das dificuldades de acesso a medicamentos à base de cannabis, que muitas vezes têm um custo elevado e burocracias que dificultam a obtenção.
Desde então, o ator se tornou um defensor do uso medicinal da planta, utilizando suas redes sociais para informar e conscientizar a população sobre os benefícios do tratamento canábico. Ele critica o estigma associado ao uso da maconha e defende políticas públicas que ampliem o acesso para pacientes que necessitam da substância.
Benefícios do canabidiol no tratamento de dores crônicas
O canabidiol tem sido amplamente estudado e demonstrado sua eficácia no tratamento de diversas condições, incluindo:
- Dores crônicas e inflamações
- Epilepsia resistente a tratamentos convencionais
- Ansiedade e depressão
- Esclerose múltipla
- Parkinson e Alzheimer
O uso medicinal da cannabis tem se mostrado uma alternativa segura e eficaz para muitos pacientes que não encontram alívio nos medicamentos tradicionais.
O impacto do ativismo de Ricardo Petraglia no debate sobre cannabis no Brasil
A postura do ator tem ajudado a trazer mais visibilidade para a discussão sobre a legalização do cultivo doméstico para fins terapêuticos. No Brasil, o tema ainda enfrenta resistência, mas avanços têm sido registrados nos últimos anos, como a autorização de novos medicamentos à base de cannabis pela Anvisa e o crescimento do número de pacientes que obtêm decisões judiciais para cultivar a planta.
Histórico do uso medicinal da cannabis no Brasil
- 2015: Anvisa autoriza a importação de produtos à base de canabidiol
- 2017: Primeiro medicamento à base de cannabis é registrado no Brasil
- 2019: Anvisa regulamenta a produção de medicamentos com derivados da cannabis
- 2021: Cresce o número de decisões judiciais que permitem o cultivo doméstico para fins medicinais
- 2024: Mais de 100 mil pacientes fazem uso de produtos com cannabis medicinal no país
Desafios e perspectivas para o futuro da cannabis medicinal
Mesmo com os avanços, o acesso à cannabis medicinal no Brasil ainda é restrito e burocrático. Alguns desafios enfrentados pelos pacientes incluem:
- Alto custo dos medicamentos importados
- Dificuldade em obter receitas médicas para o tratamento
- Falta de informação e preconceito sobre o uso da cannabis
- Processo judicial demorado para obter autorização para o cultivo
A tendência é que, nos próximos anos, a regulamentação da cannabis medicinal seja ampliada, permitindo que mais pessoas tenham acesso ao tratamento sem a necessidade de recorrer à Justiça.
Ricardo Petraglia e sua nova missão fora das telas
Após décadas dedicadas à atuação, Ricardo Petraglia encontrou uma nova missão ao compartilhar sua experiência com o uso medicinal da cannabis. Ele utiliza suas redes sociais para educar o público, defender a regulamentação do cultivo doméstico e combater o preconceito em relação ao tema.
O ator também está escrevendo um livro de memórias, onde pretende relatar sua trajetória artística e sua jornada pessoal no ativismo pela cannabis medicinal.
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