C’mon, kids! Em entrevista, Supla analisa relação entre moda e música
Se tem alguém que leva o rock como um estilo de vida, muito além de um gênero musical, este é Supla. Com quase 40 anos de bagagem na indústria musical, o artista paulistano, conhecido pelo visual autêntico, é prova viva de como roupas, sapatos e acessórios são uma extensão da essência que cada um carrega consigo. O cantor e compositor se apresenta em Brasília (DF) neste domingo (23/2), em um show gratuito, e bateu um papo com a coluna sobre as relações entre a moda e a música.
Vem conferir!
Com canções como Garota de Berlim e Humanos entre os maiores sucessos, o artista soltou uma nova faixa, Você Não Vai Me Quebrar, nessa sexta-feira (21/2). A música, com clipe gravado em um cemitério famoso na Argentina, é a terceira do próximo álbum da banda Supla e Os Punks de Boutique. Previsto para junho, o disco está quase pronto, na fase de ajustes finais. Os singles anteriores, Amor Kamizake e Fofoqueira, estrearam no fim de 2024.
No meio tempo, Supla tem experimentado com a música, como nas faixas recentes Faster (Vicious End) e Everyone is Shouting, em parceria com o DJ Gustah. Nelas, o cantor se aventurou no trap. “Vou jogando essas bombas no meio do meu verdadeiro ganha-pão, que é o rock’n’roll”, brinca. Neste domingo (23/2), em Brasília, ele sobe aos palcos com a dupla Brothers of Brazil, ao lado do irmão João Suplicy. O show terá um foco especial no disco Brothers Again, de 2023.
“Lançamos um álbum que não trabalhamos, então é um show inédito”, adianta. “Gosto dessa mistura que inventamos, essa coisa punk com bossa nova, o ‘punkanova’. Meu irmão é focado, na carreira dele, com ritmos brasileiros, e eu faço meu punk rock, mas gostamos de nos juntar e fazer esse som que chamamos de ‘som de irmão’.”
A tempo do show na capital federal, o cantor, além de falar das novidades que vem trabalhando, comentou sobre as influência da moda nas bandas e nos artistas do rock clássico, as inspirações até a relação com o cinema. Para ele, inclusive, a ideia que alguns têm sobre o “rock estar morto” está mais do que errada.
Coluna: Na sua visão, como a moda e a música trocam influências entre si?
Supla: Eu acho que sempre trocaram, desde o começo, dos Beatles. Eles eram superligados na moda, os terninhos bem cortados. Depois, os Rolling Stones vindo com uma estética mais andrógina. A moda e a música sempre caminharam juntas, desde os cortes de cabelo, no punk. Depois, com Vivienne Westwood e Malcom MacLaren na Boutique.
Eu já vi gente falar que a moda é uma coisa fútil. Não é! Moda serve também para você especificar as épocas das quais foram vividas. Os anos 1970 tinham aquela coisa dos hippies, cabelo comprido. A época do grunge, o pessoal com camisas de flanela. A explosão do punk, na Inglaterra, com alfinete e camiseta rasgada.
No seu próprio estilo, ao longo de quase 40 anos na música, você também vê essa mudança no seu visual quando olha para trás?
Acho que ainda mantenho mais ou menos o estilo que eu comecei na mídia. Sempre gostei do estilo punk, meio clássico também, meio Fred Astaire, dos ternos à la David Bowie na época do Let’s Dance, misturado com uma coisa meio Sid Vicious. Uma das bandas que eu acho uma das mais estilosas, na minha opinião, é o The Clash. Bem no começo, deles pintarem as próprias camisetas. Até o Stray Cats, também, que pegava influências dos anos 1950, 1960, e transportava para os anos 1980.
Tem algum estilo de peça, algum item que você acha que seria demais até para você?
Não sei. Tudo eu tenho que colocar e ver se me sinto bem com a peça. Se eu me sentir bem e for de acordo com a ocasião, tudo bem.
Tem algum nome das gerações atuais, seja do rock ou de outros gêneros, que você admira o estilo?
Não está vindo ninguém à cabeça, mas tem gente com muito estilo. Você vem aqui, no centro de São Paulo, em uma sexta-feira à noite e, ali atrás da Galeria do Rock juntam várias tribos de hip hop, trappers e de roqueiros. É muito legal ver como as pessoas levam a sério, sabe? Realmente encarnam mesmo esse personagem.
Quais são as suas inspirações entre as mulheres do rock?
Eu gosto de Joan Jett, Chrissie Hynde, Stevie Nicks. A voz, gosto muito da Pat Benatar. Karol Kang já é uma grande compositora, no estilo mais hippie, eu diria. Ela explodiu mesmo nos anos 1970. X-Ray Spex, gosto muito do estilo vocal dela. Nina Hagen também foi uma pessoa que trouxe inovação no estilo de vocal e tinha um estilo também muito interessante. Poderia ser uma clássica cantora de ópera, com uma roupa toda elegante, e ser totalmente punk rock.
Recentemente, você fez uma música inspirada na nova versão de Nosferatu. Trouxe até uma sonoridade mais bossa-nova. Como é o seu diálogo com o cinema?
Eu gravei uma minissérie que vai sair pela Warner. Sou um mercenário, matador de vampiros, gostei bastante de ter feito. Eu já fiz alguns papéis, tipo o Mário Lago, eu pintei meu cabelo de preto e ele estava bem comprido, coloquei ele liso para trás no filme que se chama Noel – Poeta da Vila, dirigido pelo Ricardo van Steen, foi muito legal, que é a história do Noel Rosa. Tive até aulas de gafieira! Tendo oportunidade para fazer atuação, eu gosto muito.
Geralmente, prefiro uma coisa que não seja igual a como eu sou. Desenvolver outro tipo de movimentação e mudar o meu estilo total, ou até uma caracterização mesmo, para a música Nosferatu. O pessoal fez uma maquiagem em mim que ficou muito legal. Eu estudei o personagem, as movimentações dele, desde o Nosferatu [da década] de 1920 ao Nosferatu atual.
O que você tem a dizer sobre essa ideia de que “o rock está morto”, pelo fato do ritmo não estar mais presente nas rádios da forma que já esteve um dia?
Eu nem penso nisso, seriamente. Como você falou de rádio, em São Paulo temos duas que só tocam rock, Rádio 89 e Rádio Kiss. São rádios que estão bem no Ibope. Tem um gênero de música que deu uma estourada, o trap, que veio com tudo. O sertanejo está aí há bastante tempo. A gente sabe que é uma movimentação grande de empresários. O rock morreu? Eu acho tão absurdo. Tem tanto festival de rock vindo aí, com Green Day e Sex Pistols. Iggy Pop vai tocar no The Town, e eu também, com a banda Os Inocentes. O Oasis está lotando o estádio, já vendeu tudo. É rock, não é? Eu acredito no artista que começa e, depois de anos, você vê se ele ainda está lá, se está fazendo aquilo por amor ou quer só a fama mesmo, e tudo bem, seja lá o que você quiser.
Qual recado você deixa sobre moda e estilo?
Nenhum! Estou brincando, adorei fazer essa resposta (risos). Você tem que ser você tem que vestir o que você se sente bem. Cada um é de um jeito. Se você quiser fazer uma boca de jacaré, ou colocar uns “peitões” (risos), você tem que ser você, acreditar em você. Seja feliz com as suas escolhas.
Se tem alguém que leva o rock como um estilo de vida, muito além de um gênero musical, este é Supla. Com quase 40 anos de bagagem na indústria musical, o artista paulistano, conhecido pelo visual autêntico, é prova viva de como roupas, sapatos e acessórios são uma extensão da essência que cada um carrega consigo. O cantor e compositor se apresenta em Brasília (DF) neste domingo (23/2), em um show gratuito, e bateu um papo com a coluna sobre as relações entre a moda e a música.
Vem conferir!
Com canções como Garota de Berlim e Humanos entre os maiores sucessos, o artista soltou uma nova faixa, Você Não Vai Me Quebrar, nessa sexta-feira (21/2). A música, com clipe gravado em um cemitério famoso na Argentina, é a terceira do próximo álbum da banda Supla e Os Punks de Boutique. Previsto para junho, o disco está quase pronto, na fase de ajustes finais. Os singles anteriores, Amor Kamizake e Fofoqueira, estrearam no fim de 2024.
No meio tempo, Supla tem experimentado com a música, como nas faixas recentes Faster (Vicious End) e Everyone is Shouting, em parceria com o DJ Gustah. Nelas, o cantor se aventurou no trap. “Vou jogando essas bombas no meio do meu verdadeiro ganha-pão, que é o rock’n’roll”, brinca. Neste domingo (23/2), em Brasília, ele sobe aos palcos com a dupla Brothers of Brazil, ao lado do irmão João Suplicy. O show terá um foco especial no disco Brothers Again, de 2023.
“Lançamos um álbum que não trabalhamos, então é um show inédito”, adianta. “Gosto dessa mistura que inventamos, essa coisa punk com bossa nova, o ‘punkanova’. Meu irmão é focado, na carreira dele, com ritmos brasileiros, e eu faço meu punk rock, mas gostamos de nos juntar e fazer esse som que chamamos de ‘som de irmão’.”
A tempo do show na capital federal, o cantor, além de falar das novidades que vem trabalhando, comentou sobre as influência da moda nas bandas e nos artistas do rock clássico, as inspirações até a relação com o cinema. Para ele, inclusive, a ideia que alguns têm sobre o “rock estar morto” está mais do que errada.
Coluna: Na sua visão, como a moda e a música trocam influências entre si?
Supla: Eu acho que sempre trocaram, desde o começo, dos Beatles. Eles eram superligados na moda, os terninhos bem cortados. Depois, os Rolling Stones vindo com uma estética mais andrógina. A moda e a música sempre caminharam juntas, desde os cortes de cabelo, no punk. Depois, com Vivienne Westwood e Malcom MacLaren na Boutique.
Eu já vi gente falar que a moda é uma coisa fútil. Não é! Moda serve também para você especificar as épocas das quais foram vividas. Os anos 1970 tinham aquela coisa dos hippies, cabelo comprido. A época do grunge, o pessoal com camisas de flanela. A explosão do punk, na Inglaterra, com alfinete e camiseta rasgada.
No seu próprio estilo, ao longo de quase 40 anos na música, você também vê essa mudança no seu visual quando olha para trás?
Acho que ainda mantenho mais ou menos o estilo que eu comecei na mídia. Sempre gostei do estilo punk, meio clássico também, meio Fred Astaire, dos ternos à la David Bowie na época do Let’s Dance, misturado com uma coisa meio Sid Vicious. Uma das bandas que eu acho uma das mais estilosas, na minha opinião, é o The Clash. Bem no começo, deles pintarem as próprias camisetas. Até o Stray Cats, também, que pegava influências dos anos 1950, 1960, e transportava para os anos 1980.
Tem algum estilo de peça, algum item que você acha que seria demais até para você?
Não sei. Tudo eu tenho que colocar e ver se me sinto bem com a peça. Se eu me sentir bem e for de acordo com a ocasião, tudo bem.
Tem algum nome das gerações atuais, seja do rock ou de outros gêneros, que você admira o estilo?
Não está vindo ninguém à cabeça, mas tem gente com muito estilo. Você vem aqui, no centro de São Paulo, em uma sexta-feira à noite e, ali atrás da Galeria do Rock juntam várias tribos de hip hop, trappers e de roqueiros. É muito legal ver como as pessoas levam a sério, sabe? Realmente encarnam mesmo esse personagem.
Quais são as suas inspirações entre as mulheres do rock?
Eu gosto de Joan Jett, Chrissie Hynde, Stevie Nicks. A voz, gosto muito da Pat Benatar. Karol Kang já é uma grande compositora, no estilo mais hippie, eu diria. Ela explodiu mesmo nos anos 1970. X-Ray Spex, gosto muito do estilo vocal dela. Nina Hagen também foi uma pessoa que trouxe inovação no estilo de vocal e tinha um estilo também muito interessante. Poderia ser uma clássica cantora de ópera, com uma roupa toda elegante, e ser totalmente punk rock.
Recentemente, você fez uma música inspirada na nova versão de Nosferatu. Trouxe até uma sonoridade mais bossa-nova. Como é o seu diálogo com o cinema?
Eu gravei uma minissérie que vai sair pela Warner. Sou um mercenário, matador de vampiros, gostei bastante de ter feito. Eu já fiz alguns papéis, tipo o Mário Lago, eu pintei meu cabelo de preto e ele estava bem comprido, coloquei ele liso para trás no filme que se chama Noel – Poeta da Vila, dirigido pelo Ricardo van Steen, foi muito legal, que é a história do Noel Rosa. Tive até aulas de gafieira! Tendo oportunidade para fazer atuação, eu gosto muito.
Geralmente, prefiro uma coisa que não seja igual a como eu sou. Desenvolver outro tipo de movimentação e mudar o meu estilo total, ou até uma caracterização mesmo, para a música Nosferatu. O pessoal fez uma maquiagem em mim que ficou muito legal. Eu estudei o personagem, as movimentações dele, desde o Nosferatu [da década] de 1920 ao Nosferatu atual.
O que você tem a dizer sobre essa ideia de que “o rock está morto”, pelo fato do ritmo não estar mais presente nas rádios da forma que já esteve um dia?
Eu nem penso nisso, seriamente. Como você falou de rádio, em São Paulo temos duas que só tocam rock, Rádio 89 e Rádio Kiss. São rádios que estão bem no Ibope. Tem um gênero de música que deu uma estourada, o trap, que veio com tudo. O sertanejo está aí há bastante tempo. A gente sabe que é uma movimentação grande de empresários. O rock morreu? Eu acho tão absurdo. Tem tanto festival de rock vindo aí, com Green Day e Sex Pistols. Iggy Pop vai tocar no The Town, e eu também, com a banda Os Inocentes. O Oasis está lotando o estádio, já vendeu tudo. É rock, não é? Eu acredito no artista que começa e, depois de anos, você vê se ele ainda está lá, se está fazendo aquilo por amor ou quer só a fama mesmo, e tudo bem, seja lá o que você quiser.
Qual recado você deixa sobre moda e estilo?
Nenhum! Estou brincando, adorei fazer essa resposta (risos). Você tem que ser você tem que vestir o que você se sente bem. Cada um é de um jeito. Se você quiser fazer uma boca de jacaré, ou colocar uns “peitões” (risos), você tem que ser você, acreditar em você. Seja feliz com as suas escolhas.
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