legado da cantora de ‘Killing Me Softly’ marcou gerações

A cantora e pianista Roberta Flack, ícone da música soul e R&B, morreu aos 88 anos, deixando um legado inestimável para a indústria musical. Conhecida por sua voz suave e interpretação marcante, ela se destacou com sucessos como “Killing Me Softly with His Song” e “The First Time Ever I Saw Your Face”, músicas que atravessaram décadas e influenciaram diversas gerações de artistas. Sua morte foi confirmada por familiares e representantes, que informaram que a artista faleceu pacificamente, cercada por seus entes queridos.

O nome de Roberta Flack está entre os grandes da música mundial, não apenas pelos inúmeros prêmios conquistados, mas também pela sua capacidade de emocionar através da arte. Com um repertório que mesclava baladas românticas e canções de forte apelo emocional, ela construiu uma carreira sólida que atravessou mais de cinco décadas, sempre mantendo sua identidade musical e seu comprometimento com a excelência artística.

A trajetória de Flack foi marcada por inovação e talento desde os primeiros anos. Sua formação em piano clássico e sua paixão pelo jazz e pelo folk resultaram em um estilo único, que a diferenciava de outros artistas da época. Seu trabalho influenciou gerações e continua sendo referência para novos cantores e compositores que buscam expressividade e profundidade em suas músicas.

Infância e os primeiros passos na música

Nascida em 10 de fevereiro de 1937, em Black Mountain, Carolina do Norte, Roberta Cleopatra Flack cresceu em um ambiente musical. Filha de músicos amadores, ela teve contato com o piano ainda na infância e logo demonstrou um talento excepcional para o instrumento.

Aos 15 anos, Flack ganhou uma bolsa de estudos para a prestigiada Universidade Howard, tornando-se uma das mais jovens estudantes da instituição. Inicialmente, seu foco era a música clássica, mas sua versatilidade a levou a explorar outros gêneros, como jazz e R&B, o que a impulsionou a buscar uma carreira além da música erudita.

Foi nos clubes de Washington, D.C., que Roberta Flack começou a ganhar reconhecimento. Durante apresentações em bares e casas de jazz, chamou a atenção do pianista Les McCann, que a apresentou à Atlantic Records, gravadora responsável pelo lançamento de seu primeiro álbum.

Carreira e ascensão ao estrelato

A estreia de Flack na indústria fonográfica aconteceu em 1969 com o álbum “First Take”. A obra não obteve sucesso imediato, mas ganhou notoriedade quando a faixa “The First Time Ever I Saw Your Face” foi utilizada no filme “Play Misty for Me”, dirigido por Clint Eastwood. A canção se tornou um grande sucesso e impulsionou sua carreira, garantindo-lhe o primeiro lugar na parada Billboard Hot 100.

Entre os anos 1970 e 1980, Roberta Flack consolidou-se como uma das artistas mais influentes da música soul. Seus álbuns e colaborações com outros grandes nomes do R&B e do jazz ajudaram a moldar o gênero, tornando suas interpretações referência para músicos de diversas gerações.

Principais sucessos e prêmios recebidos

• “Killing Me Softly with His Song” (1973) – Seu maior sucesso, rendeu-lhe um Grammy de Gravação do Ano.
• “Feel Like Makin’ Love” (1974) – Outro grande hit, alcançou o primeiro lugar na Billboard Hot 100.
• “Where Is the Love” (1972) – Dueto com Donny Hathaway que ganhou o Grammy de Melhor Performance de R&B.
• “The Closer I Get to You” (1978) – Outro dueto icônico com Hathaway, tornou-se um clássico romântico.
• “Tonight, I Celebrate My Love” (1983) – Parceria com Peabo Bryson, consolidou sua popularidade nos anos 80.

Flack fez história ao se tornar a primeira artista solo a ganhar o Grammy de Gravação do Ano por dois anos consecutivos, algo raro na indústria musical e um feito que reafirmou seu impacto na cultura pop.

Parceria com Donny Hathaway e outros artistas

Um dos capítulos mais marcantes da carreira de Roberta Flack foi sua parceria com o cantor e pianista Donny Hathaway. Juntos, eles gravaram alguns dos maiores sucessos do R&B, como “The Closer I Get to You” e “Where Is the Love”.

A química musical entre os dois artistas foi um dos pontos altos da soul music nos anos 1970. Infelizmente, a morte prematura de Hathaway em 1979 interrompeu a parceria, mas as canções gravadas por ambos permanecem atemporais.

Legado e impacto na música mundial

Roberta Flack não apenas marcou época com sua música, mas também abriu portas para muitas artistas negras no cenário internacional. Seu sucesso na indústria fonográfica em uma época de grande desigualdade racial ajudou a criar espaço para outras cantoras afro-americanas que vieram depois dela.

Além de sua contribuição para a música, Flack também foi uma defensora ativa dos direitos dos artistas, tendo participado de iniciativas que buscavam maior controle das obras musicais pelos próprios criadores. Sua influência permanece viva, sendo constantemente referenciada por músicos contemporâneos.

Desafios de saúde e os últimos anos

Em 2016, Roberta Flack passou mal durante uma apresentação no lendário Apollo Theater, sendo levada às pressas para o hospital. Posteriormente, em 2022, foi diagnosticada com esclerose lateral amiotrófica (ELA), condição neurodegenerativa que a impossibilitou de continuar cantando.

Mesmo com as limitações impostas pela doença, Flack permaneceu ativa na indústria, dedicando-se à preservação de seu legado e a projetos musicais voltados para novas gerações. Seu envolvimento com a “Roberta Flack School of Music”, no Bronx, reforçou sua preocupação com o ensino e a democratização da música para jovens de comunidades carentes.

Dados e estatísticas sobre sua carreira

• Mais de 20 milhões de discos vendidos ao longo da carreira.
• Dois Grammy Awards de Gravação do Ano consecutivos (1973 e 1974).
• Mais de 15 álbuns lançados, incluindo projetos solo e colaborações.
• Cinco músicas no topo da Billboard Hot 100, consolidando sua relevância comercial.

Influência e reconhecimento na cultura pop

O impacto de Roberta Flack na cultura pop continua presente. Sua música já foi reinterpretada por artistas de diferentes estilos, e “Killing Me Softly” ganhou uma versão de grande sucesso nos anos 1990 com o grupo The Fugees, apresentando Lauryn Hill como vocalista principal.

Sua habilidade única de misturar gêneros como jazz, R&B, soul e música clássica garantiu-lhe um espaço permanente na história da música mundial. Muitos artistas contemporâneos citam sua obra como referência, e seu nome é constantemente lembrado em premiações e homenagens da indústria musical.