Rei Charles III e Camila encontram Papa Francisco em visita histórica ao Vaticano

O Rei Charles III e a Rainha Camila, do Reino Unido, embarcarão em uma viagem marcante à Itália e ao Vaticano em abril de 2025, onde se reunirão com o Papa Francisco durante as celebrações do Ano Jubileu, uma tradição católica milenar que ocorre a cada 25 anos. O Palácio de Buckingham confirmou que a visita de Estado, agendada para o início de abril, fortalecerá os laços entre o Reino Unido e a Itália, com compromissos em Roma e Ravena, além de destacar a participação do monarca britânico em um dos eventos religiosos mais significativos do calendário católico. Charles, como Governador Supremo da Igreja da Inglaterra, se juntará a cerca de 32 milhões de peregrinos esperados na “Cidade Santa” neste ano, em um momento dedicado ao perdão, à reconciliação e, conforme pedido do Papa, à esperança. Esta será a primeira vez que o rei se encontrará com Francisco desde sua ascensão ao trono, em um evento que simboliza tanto a fé pessoal de Charles quanto a diplomacia entre as nações.

A visita ocorre em um contexto de relações históricas entre a monarquia britânica e o Vaticano, marcadas por respeito mútuo e diálogo inter-religioso. Charles, conhecido por sua devoção religiosa e presença regular em cultos anglicanos, já encontrou o Papa em cinco ocasiões como Príncipe de Gales, mas este será um marco como monarca reinante. O Jubileu, instituído no século XIV pelo Papa Bonifácio VIII, convida os fiéis a atravessarem as “Portas Santas” das quatro basílicas principais de Roma, um ritual que o rei também deverá realizar. Além do aspecto religioso, a agenda inclui compromissos oficiais em Roma e na região de Emília-Romanha, reforçando os laços bilaterais com a Itália, que mantém relações diplomáticas plenas com o Reino Unido desde 1982.

O encontro entre Charles e Francisco também reflete interesses compartilhados, como a defesa do meio ambiente e o apoio às comunidades cristãs perseguidas, temas que têm unido os dois líderes ao longo dos anos. A viagem, que pode coincidir com o 20º aniversário de casamento de Charles e Camila, celebrado em 9 de abril, promete ser um momento de simbolismo religioso e político, com a troca de presentes entre o monarca e o pontífice prevista para selar a visita. Enquanto o rei enfrenta um tratamento contínuo contra o câncer, diagnosticado em 2024, sua participação no Jubileu destaca sua resiliência e compromisso com deveres reais em meio a desafios pessoais.

Charles III reforça laços com o Vaticano

A relação entre o Rei Charles III e o Papa Francisco é construída sobre uma base de respeito e colaboração que transcende diferenças confessionais. Como chefe da Igreja Anglicana, Charles mantém uma postura de diálogo com outras religiões, um traço evidente em suas interações anteriores com o Vaticano. Em 2019, ainda como Príncipe de Gales, ele participou da canonização de São John Henry Newman na Praça de São Pedro, um evento que celebrou a conversão do teólogo anglicano ao catolicismo. Na ocasião, Charles escreveu um artigo elogiando Newman e parabenizando Francisco por suas iniciativas ambientais, um tema caro a ambos.

Esse será o segundo encontro de Francisco com um monarca britânico, após a visita da Rainha Elizabeth II e do Duque de Edimburgo em 2014. A coroação de Charles, em 2023, também contou com gestos significativos do Vaticano: o Papa enviou duas relíquias da “Verdadeira Cruz” — fragmentos de madeira supostamente ligados à crucificação de Jesus —, que foram incorporados a uma cruz processional usada na cerimônia e posteriormente doada a uma igreja no País de Gales. A presença de dois cardeais no evento, incluindo um representante pessoal de Francisco, marcou a primeira participação católica em uma coroação britânica em quase 50 anos.

Jubileu católico atrai milhões a Roma

O Ano Jubileu de 2025, iniciado em dezembro de 2024, espera receber 32 milhões de peregrinos em Roma, transformando a cidade em um epicentro de espiritualidade. Durante os 12 meses do evento, os fiéis são incentivados a visitar as basílicas de São Pedro, São João de Latrão, Santa Maria Maior e São Paulo Fora dos Muros, passando pelas “Portas Santas” como símbolo de renovação espiritual. O Papa Francisco pediu que este Jubileu seja guiado pela esperança, um apelo que ressoa com os desafios globais contemporâneos e que deve orientar os encontros com líderes como Charles III.

A participação do rei britânico no Jubileu reforça sua conexão pessoal com a fé, um aspecto destacado por sua atuação como defensor de cristãos perseguidos no Oriente Médio. Ele já colaborou com instituições católicas de caridade nessa causa, demonstrando um compromisso que vai além de sua posição anglicana. A visita ao Vaticano, portanto, não é apenas protocolar, mas também um reflexo de valores compartilhados com Francisco, como a sustentabilidade ambiental e a promoção da paz.

Encontros anteriores moldam relação especial

Charles e Francisco compartilham um histórico de interações que pavimentaram o caminho para essa visita histórica. Como Príncipe de Gales, Charles esteve no Vaticano cinco vezes, incluindo o funeral do Papa João Paulo II em 2005, que o levou a adiar seu casamento com Camila para comparecer à cerimônia. Em 2017, durante um encontro no Vaticano, Francisco incentivou Charles a ser um “homem de paz”, palavras que ecoam em suas ações como rei. Esses momentos fortaleceram uma relação marcada por gestos simbólicos, como o presente das relíquias da cruz para a coroação de 2023.

A viagem de abril será a primeira desde que Charles assumiu o trono, após a morte de Elizabeth II em 2022, e ocorre em um momento delicado de sua saúde. Diagnosticado com câncer em 2024, o rei segue em tratamento, mas mantém uma agenda ativa, incluindo compromissos internacionais como este. A presença de Camila ao seu lado reforça o caráter pessoal e oficial da visita, que também pode celebrar duas décadas de união do casal.

Cronologia da visita em 2025

A agenda do Rei Charles III e da Rainha Camila na Itália e no Vaticano está planejada para o início de abril de 2025, com os seguintes destaques:

• Início de abril: Chegada a Roma para compromissos oficiais e fortalecimento das relações Reino Unido-Itália.
• Visita ao Vaticano: Encontro com o Papa Francisco durante as celebrações do Ano Jubileu.
• Ravena: Visita à região de Emília-Romanha para eventos diplomáticos.

Embora as datas exatas ainda não tenham sido divulgadas, especula-se que o itinerário coincida com o aniversário de casamento do casal, em 9 de abril, adicionando um toque pessoal à viagem.

Valores compartilhados guiam o encontro

A defesa do meio ambiente é um dos pilares que une Charles e Francisco, ambos reconhecidos por suas posturas ecológicas. Charles, criador do Earthshot Prize, uma iniciativa de £50 milhões para soluções ambientais, encontra eco nas encíclicas de Francisco, como a “Laudato Si’”, que chama por ações contra as mudanças climáticas. Esse alinhamento deve ser um dos temas centrais do encontro, oferecendo uma plataforma para discutir desafios globais em um contexto de fé e liderança.

Além disso, o apoio a cristãos perseguidos no Oriente Médio é outra causa comum. Charles tem trabalhado com organizações católicas para oferecer ajuda humanitária, enquanto Francisco frequentemente destaca a situação dessas comunidades em seus discursos. A visita de abril pode resultar em iniciativas conjuntas ou mensagens públicas que ampliem o impacto dessas ações, fortalecendo a colaboração entre a monarquia britânica e a Igreja Católica.

Tradições e gestos simbólicos do Jubileu

Durante o Ano Jubileu, gestos simbólicos têm um peso especial, e a visita de Charles III não será exceção. Os peregrinos que atravessam as “Portas Santas” recebem indulgências, um perdão espiritual segundo a tradição católica, e o rei deverá participar desse ritual ao lado de Francisco. A troca de presentes entre os líderes também é esperada, seguindo o costume de encontros anteriores. Em 2019, por exemplo, Charles presenteou Francisco com itens ligados à sua família, enquanto o Papa ofereceu símbolos religiosos, gestos que reforçam a amizade entre eles.

A presença de Charles em Roma durante o Jubileu também resgata a memória de visitas reais históricas, como a de Elizabeth II em 2014. Sua Majestade, que faleceu aos 96 anos, foi recebida por Francisco em um encontro que simbolizou a harmonia entre as duas instituições. Agora, Charles continua esse legado, trazendo sua própria perspectiva como monarca e líder espiritual.

Impacto da visita na diplomacia e na fé

A viagem de Charles III e Camila à Itália e ao Vaticano terá implicações que vão além da esfera religiosa. Em Roma, os compromissos oficiais com autoridades italianas visam aprofundar laços econômicos e culturais entre os dois países, que compartilham uma história de cooperação desde o restabelecimento das relações diplomáticas plenas em 1982. A visita a Ravena, na região de Emília-Romanha, destaca o interesse do rei em explorar conexões regionais, possivelmente ligadas a projetos ambientais ou culturais.

No Vaticano, o encontro com Francisco reforça o papel de Charles como uma ponte entre o anglicanismo e o catolicismo, uma missão que ele abraçou desde os tempos de príncipe. Sua participação no Jubileu, um evento que atrai milhões de fiéis, amplifica a visibilidade da monarquia britânica em um contexto global, enquanto sua saúde em recuperação adiciona uma camada de humanidade à narrativa. A presença de Camila, que o acompanha em todas as etapas, sublinha a parceria do casal em meio a esses desafios.

Um marco pessoal e global para Charles III

Apesar do tratamento contra o câncer, iniciado em 2024, Charles III demonstra determinação ao liderar essa viagem internacional. Sua devoção religiosa, evidente em sua participação regular em cultos e em seu apoio a causas inter-religiosas, encontra no Jubileu uma oportunidade de expressão única. A visita ao Vaticano, combinada com os compromissos na Itália, posiciona o rei como um líder ativo em um momento de transição para a monarquia britânica, após a longa reignação de Elizabeth II.

O encontro com Francisco, um papa conhecido por sua simplicidade e engajamento global, também destaca a relevância contínua da realeza em questões de fé e diplomacia. Com 32 milhões de peregrinos previstos para o Jubileu, a presença de Charles amplifica a mensagem de esperança do evento, enquanto a troca de presentes e discursos conjuntos pode gerar manchetes mundiais. Este momento histórico une tradição, espiritualidade e política, consolidando o legado de Charles III como um monarca de visão ampla.