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12 Mar 2025, Wed


Caminhos para fortalecer o Governo Lula e bloquear a ameaça autoritária

por Erick Kayser

            O governo Lula enfrenta um momento decisivo: após uma queda na aprovação popular e diante de um Congresso conservador, com uma extrema direita organizada e um cenário global instável, a pressão por resultados é urgente. Para as eleições de 2026, a sombra do bolsonarismo, mesmo com Bolsonaro inelegível ou eventualmente preso, segue viva, alimentada por discursos de ódio, fake news e um projeto autoritário que ameaça a democracia. Para transformar este cenário,  não basta corrigir erros pontuais ou melhorar a comunicação. É preciso um projeto audacioso que una justiça social, participação popular e sustentabilidade, mostrando que o Brasil pode ser diferente. A crise climática, que coloca o próprio capitalismo em xeque, abre uma janela única: o país pode liderar uma transição energética que gere empregos, distribua renda e proteja o meio ambiente. Este artigo propõe sete caminhos para reconquistar a confiança da população e construir um futuro onde o fascismo não tenha espaço.

1. Unir o Povo em torno de uma Causa Comum

            A queda na aprovação do governo mostra que falta uma narrativa capaz de mobilizar a maioria. É preciso construir uma identidade coletiva que una as lutas de trabalhadores, mulheres, indígenas, quilombolas, jovens das periferias, defensores do meio ambiente, etc. O desafio é transformar essas demandas dispersas em um projeto político claro, que coloque o povo contra uma elite conservadora, da Faria Lima ao agro, que dominam o Congresso. Isso exige uma comunicação que vá além de números e planilhas: é necessário falar de justiça, dignidade e soberania, mostrando que o governo defende os interesses da maioria, não de grupos privilegiados.

2. Democratizar o Poder: Mais Voz ao Cidadão

            A democracia não pode se limitar às urnas. Para enfrentar a desilusão com a política, o governo precisa criar espaços onde a população decida diretamente sobre orçamentos, políticas públicas e prioridades. Como o Orçamento Participativo, com assembleias locais e consultas digitais, dando voz às comunidades, especialmente nas regiões mais pobres. Essa participação fortalece a legitimidade do governo e retira o combustível da extrema direita, que cresce onde o povo se sente ignorado.

3. Economia a Serviço da Maioria

            Programas sociais são importantes, mas insuficientes. É preciso enfrentar a desigualdade com medidas ousadas: taxar grandes fortunas, isentar quem trabalha para sobreviver do Imposto de Renda, acelerar a reforma agrária, fim das jornadas de trabalho 6×1 e investir em empregos verdes, são algumas das medidas possíveis e necessárias. A economia deve ser usada como ferramenta para redistribuir riqueza e poder. Ao vincular essas políticas a uma narrativa de reparação histórica, o governo cria um contraste claro: de um lado, um projeto que inclui os pobres; de outro, as elites que apoiam o bolsonarismo e defendem privilégios.

4. Combater as Mentiras da Extrema Direita

            A onda conservadora se alimenta de fake news, medo e discursos de ódio. Para enfrentá-la, o governo precisa ocupar as redes sociais e as ruas com uma comunicação ágil e combativa. Denunciar as alianças de Bolsonaro com milícias, o desmonte ambiental e a submissão a interesses estrangeiros é essencial. Além disso, é preciso construir alianças com artistas, influenciadores e veículos independentes para transformar a resistência em cultura popular, mostrando que a direita radical não representa os valores do brasileiro.

5. Liderar uma Aliança Global Progressista

            Com a volta de Trump e a crise internacional, o Brasil precisa se reposicionar. Fortalecer os BRICS, investir em parcerias com países do Sul Global e defender um mundo multipolar são estratégias para ganhar relevância. Ao mesmo tempo, aproximar-se de governos progressistas na América Latina cria uma rede de apoio contra o avanço conservador. Essa postura fortalece a imagem de Lula como líder global, em contraste com o isolamento do período Bolsonaro.

6. A Crise Climática como Oportunidade para Reinventar o Brasil

            A emergência ambiental expõe a falência do capitalismo, que destrói o planeta em nome do lucro. O Brasil tem a chance de liderar a transição energética, investindo em energia solar, eólica, hidrogênio verde e na bioeconomia da Amazônia. Essa mudança pode gerar milhões de empregos, combater a desigualdade e atrair investimentos globais. Ao vincular desenvolvimento econômico à proteção ambiental, o governo cria um projeto inovador: um novo modelo que não repete os erros do neoliberalismo e nem do extrativismo predatório. É a chance de mostrar que é possível crescer distribuindo renda e preservando a natureza.

7. Educação e Cultura como Antídotos ao Autoritarismo

            O fantasma do bolsonarismo não some com prisões ou inelegibilidades. É preciso combater o fascismo na raiz: nas escolas, nas igrejas, nas redes sociais, etc. Investir em educação pública com foco em direitos humanos, apoiar produções culturais que valorizem a diversidade e ocupar os meios de comunicação são alguns passos fundamentais. A direita radical conquista corações e mentes com símbolos simples; a esquerda precisa responder com histórias que inspirem esperança e orgulho de ser brasileiro.

Conclusão

            Recuperar a popularidade de Lula exige mais que ajustes no ministério: é preciso reacender a chama de um projeto transformador. Unir o povo, democratizar a política, redistribuir riqueza, enfrentar a crise climática e investir em cultura são peças de um mesmo quebra-cabeça. O governo tem a chance de provar que outro Brasil é possível – mais justo, sustentável e livre do veneno autoritário. Avançando nesta direção, poderemos não apenas superar o legado autoritário, mas também abrir caminhos para um futuro onde democracia e justiça social caminhem juntas.

Erick Kayser é historiador

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected]. O artigo será publicado se atender aos critérios do Jornal GGN.

“Democracia é coisa frágil. Defendê-la requer um jornalismo corajoso e contundente. Junte-se a nós: www.catarse.me/jornalggn “

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Caminhos para fortalecer o Governo Lula e bloquear a ameaça autoritária

por Erick Kayser

            O governo Lula enfrenta um momento decisivo: após uma queda na aprovação popular e diante de um Congresso conservador, com uma extrema direita organizada e um cenário global instável, a pressão por resultados é urgente. Para as eleições de 2026, a sombra do bolsonarismo, mesmo com Bolsonaro inelegível ou eventualmente preso, segue viva, alimentada por discursos de ódio, fake news e um projeto autoritário que ameaça a democracia. Para transformar este cenário,  não basta corrigir erros pontuais ou melhorar a comunicação. É preciso um projeto audacioso que una justiça social, participação popular e sustentabilidade, mostrando que o Brasil pode ser diferente. A crise climática, que coloca o próprio capitalismo em xeque, abre uma janela única: o país pode liderar uma transição energética que gere empregos, distribua renda e proteja o meio ambiente. Este artigo propõe sete caminhos para reconquistar a confiança da população e construir um futuro onde o fascismo não tenha espaço.

1. Unir o Povo em torno de uma Causa Comum

            A queda na aprovação do governo mostra que falta uma narrativa capaz de mobilizar a maioria. É preciso construir uma identidade coletiva que una as lutas de trabalhadores, mulheres, indígenas, quilombolas, jovens das periferias, defensores do meio ambiente, etc. O desafio é transformar essas demandas dispersas em um projeto político claro, que coloque o povo contra uma elite conservadora, da Faria Lima ao agro, que dominam o Congresso. Isso exige uma comunicação que vá além de números e planilhas: é necessário falar de justiça, dignidade e soberania, mostrando que o governo defende os interesses da maioria, não de grupos privilegiados.

2. Democratizar o Poder: Mais Voz ao Cidadão

            A democracia não pode se limitar às urnas. Para enfrentar a desilusão com a política, o governo precisa criar espaços onde a população decida diretamente sobre orçamentos, políticas públicas e prioridades. Como o Orçamento Participativo, com assembleias locais e consultas digitais, dando voz às comunidades, especialmente nas regiões mais pobres. Essa participação fortalece a legitimidade do governo e retira o combustível da extrema direita, que cresce onde o povo se sente ignorado.

3. Economia a Serviço da Maioria

            Programas sociais são importantes, mas insuficientes. É preciso enfrentar a desigualdade com medidas ousadas: taxar grandes fortunas, isentar quem trabalha para sobreviver do Imposto de Renda, acelerar a reforma agrária, fim das jornadas de trabalho 6×1 e investir em empregos verdes, são algumas das medidas possíveis e necessárias. A economia deve ser usada como ferramenta para redistribuir riqueza e poder. Ao vincular essas políticas a uma narrativa de reparação histórica, o governo cria um contraste claro: de um lado, um projeto que inclui os pobres; de outro, as elites que apoiam o bolsonarismo e defendem privilégios.

4. Combater as Mentiras da Extrema Direita

            A onda conservadora se alimenta de fake news, medo e discursos de ódio. Para enfrentá-la, o governo precisa ocupar as redes sociais e as ruas com uma comunicação ágil e combativa. Denunciar as alianças de Bolsonaro com milícias, o desmonte ambiental e a submissão a interesses estrangeiros é essencial. Além disso, é preciso construir alianças com artistas, influenciadores e veículos independentes para transformar a resistência em cultura popular, mostrando que a direita radical não representa os valores do brasileiro.

5. Liderar uma Aliança Global Progressista

            Com a volta de Trump e a crise internacional, o Brasil precisa se reposicionar. Fortalecer os BRICS, investir em parcerias com países do Sul Global e defender um mundo multipolar são estratégias para ganhar relevância. Ao mesmo tempo, aproximar-se de governos progressistas na América Latina cria uma rede de apoio contra o avanço conservador. Essa postura fortalece a imagem de Lula como líder global, em contraste com o isolamento do período Bolsonaro.

6. A Crise Climática como Oportunidade para Reinventar o Brasil

            A emergência ambiental expõe a falência do capitalismo, que destrói o planeta em nome do lucro. O Brasil tem a chance de liderar a transição energética, investindo em energia solar, eólica, hidrogênio verde e na bioeconomia da Amazônia. Essa mudança pode gerar milhões de empregos, combater a desigualdade e atrair investimentos globais. Ao vincular desenvolvimento econômico à proteção ambiental, o governo cria um projeto inovador: um novo modelo que não repete os erros do neoliberalismo e nem do extrativismo predatório. É a chance de mostrar que é possível crescer distribuindo renda e preservando a natureza.

7. Educação e Cultura como Antídotos ao Autoritarismo

            O fantasma do bolsonarismo não some com prisões ou inelegibilidades. É preciso combater o fascismo na raiz: nas escolas, nas igrejas, nas redes sociais, etc. Investir em educação pública com foco em direitos humanos, apoiar produções culturais que valorizem a diversidade e ocupar os meios de comunicação são alguns passos fundamentais. A direita radical conquista corações e mentes com símbolos simples; a esquerda precisa responder com histórias que inspirem esperança e orgulho de ser brasileiro.

Conclusão

            Recuperar a popularidade de Lula exige mais que ajustes no ministério: é preciso reacender a chama de um projeto transformador. Unir o povo, democratizar a política, redistribuir riqueza, enfrentar a crise climática e investir em cultura são peças de um mesmo quebra-cabeça. O governo tem a chance de provar que outro Brasil é possível – mais justo, sustentável e livre do veneno autoritário. Avançando nesta direção, poderemos não apenas superar o legado autoritário, mas também abrir caminhos para um futuro onde democracia e justiça social caminhem juntas.

Erick Kayser é historiador

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected]. O artigo será publicado se atender aos critérios do Jornal GGN.

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