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18 Mar 2025, Tue

Julgamento histórico de 7 acusados pela morte de Maradona começa na Argentina com penas de até 25 anos

Maradona


Mais de quatro anos após a morte de Diego Armando Maradona, um dos maiores ídolos do futebol mundial, a Argentina inicia nesta terça-feira, 11 de março, um julgamento que promete reacender debates e emoções em torno do legado do craque. Sete profissionais de saúde, responsáveis por cuidar do ex-jogador em seus últimos dias, enfrentam acusações de “homicídio simples com dolo eventual”, um crime que pode resultar em penas de 8 a 25 anos de prisão. O processo, que ocorre no Tribunal de San Isidro, a cerca de 30 quilômetros de Buenos Aires, reúne 120 testemunhas e expõe detalhes de uma internação domiciliar marcada por falhas, omissões e polêmicas. Veronica Ojeda, ex-namorada de Maradona, foi vista chorando na entrada do tribunal, enquanto fãs exibiam faixas pedindo “justiça para Deus”.

O caso remonta a 25 de novembro de 2020, quando Maradona faleceu aos 60 anos, vítima de insuficiência respiratória e parada cardíaca, enquanto se recuperava de uma cirurgia para retirada de um hematoma na cabeça. Um relatório encomendado pelo Departamento de Justiça argentino apontou que o atendimento ao ex-jogador foi “inadequado, deficiente e imprudente”, sugerindo que ele foi “abandonado à própria sorte” por aqueles que deveriam protegê-lo. A acusação sustenta que a morte poderia ter sido evitada, destacando um cenário de negligência que chocou o país e o mundo.

Familiares, como as filhas Dalma e Jana Maradona, acompanham de perto o julgamento, que deve se estender até julho. A oitava ré, a enfermeira Dahiana Gisela Madrid, optou por um júri popular e será julgada em um processo separado, previsto para começar em julho. Enquanto as audiências avançam, a pressão popular cresce, com torcedores exigindo respostas para o fim trágico de um ícone que levou a Argentina ao título mundial em 1986.

O que levou ao julgamento de Maradona

Uma morte cercada de controvérsias

Diego Maradona enfrentava múltiplas condições de saúde no fim de sua vida, incluindo problemas renais, hepáticos, cardíacos e neurológicos, além de uma longa história de dependência de álcool e drogas. Em novembro de 2020, ele passou por uma cirurgia para tratar um hematoma subdural, resultado de um acidente doméstico. Após o procedimento, recusou-se a permanecer internado em uma clínica e foi transferido para uma casa em Tigre, na região metropolitana de Buenos Aires, sob um regime de internação domiciliar. A decisão, segundo os promotores, foi o ponto de partida para uma série de erros que culminaram em sua morte.

A investigação revelou que a casa não possuía os recursos mínimos necessários para atender às necessidades de Maradona. Faltavam equipamentos médicos adequados, e o acompanhamento foi considerado insuficiente. Um relatório de 2021, elaborado por uma comissão de 22 especialistas a pedido da Justiça, concluiu que o ex-jogador passou por “12 horas de agonia” antes de falecer, em um cenário descrito como “indignante”. Os promotores afirmam que a equipe médica sabia dos riscos, mas optou por negligenciar os cuidados, priorizando interesses próprios em vez da saúde do paciente.

Os acusados e as provas em jogo

Sete profissionais estão no banco dos réus: Leopoldo Luque, neurocirurgião e médico pessoal de Maradona; Agustina Cosachov, psiquiatra; Carlos Ángel Díaz, psicólogo; Nancy Forlini, médica coordenadora do plano de saúde; Mariano Perroni, coordenador de enfermagem; Pedro Pablo Di Spagna, clínico geral; e Ricardo Omar Almirón, enfermeiro. A acusação baseia-se em trocas de mensagens e áudios entre os envolvidos, que revelam preocupações como “ele vai morrer” e “isto acaba mal”, além de tentativas de manipular a história clínica para evitar responsabilidades.

As mensagens também indicam que os acusados temiam perder os rendimentos caso a família interviesse. Há evidências de que conspiraram para manter os parentes afastados, receosos de que Maradona fosse levado para um centro de reabilitação, o que encerraria o contrato de cuidados domiciliares. Cinco denúncias foram apresentadas: quatro pelos filhos reconhecidos do craque — Dalma, Gianinna, Jana, Diego Fernando e Diego Júnior — e uma pelas irmãs dele, reforçando a tese de que a negligência foi determinante para o desfecho fatal.

Detalhes do processo e seus desdobramentos

Cronograma do julgamento e testemunhas-chave

O julgamento começou em 11 de março e deve se prolongar por cerca de quatro meses, com sessões que prometem revelar novos aspectos do caso. Um total de 120 testemunhas foi convocado, incluindo familiares, como a ex-esposa Claudia Villafañe e o advogado Matías Morla, além de médicos que atenderam Maradona ao longo dos anos, peritos, jornalistas e amigos próximos. A expectativa é que os depoimentos tragam luz às condições em que o ex-jogador viveu seus últimos dias e à conduta dos profissionais envolvidos.

Aqui está o cronograma previsto para o processo:

  • 11 de março: Início das audiências com apresentação das provas iniciais.
  • Março a junho: Depoimentos das testemunhas e análise de documentos e áudios.
  • Julho: Encerramento das sessões e encaminhamento para decisão judicial.

A enfermeira Dahiana Gisela Madrid, que será julgada separadamente, teve seu processo iniciado com uma audiência preliminar em outubro do ano passado. Seu julgamento com júri popular está marcado para julho, após a conclusão do caso principal.

Argumentos da defesa e da acusação

A promotoria sustenta que os acusados tinham plena consciência de que Maradona corria risco de morte, mas não agiram para evitar o desfecho. Eles apontam omissões graves, como a falta de encaminhamento para um centro de reabilitação após a cirurgia, e destacam que o atendimento foi improvisado e insuficiente. Para o advogado Mario Baudry, que representa Diego Fernando, filho de Maradona, as provas são claras: “Sabendo que ele ia morrer, não fizeram nada para evitá-lo”.

Já a defesa dos réus deve adotar estratégias distintas. Leopoldo Luque, por exemplo, pode argumentar que sua responsabilidade era limitada ao procedimento cirúrgico, enquanto psiquiatra e psicólogo devem alegar que cuidavam apenas da saúde mental. Os enfermeiros tendem a se justificar dizendo que seguiam ordens e que Maradona era um paciente difícil, resistente a tratamentos. O exame toxicológico, que não detectou álcool ou drogas ilegais no momento da morte, será outro ponto de debate, já que áudios sugerem que tais substâncias eram fornecidas para controlar o comportamento do ex-jogador.

O impacto do caso na Argentina e além

A pressão popular por justiça

A morte de Maradona abalou a Argentina, onde ele é reverenciado como um símbolo nacional. Fãs lotaram as ruas para se despedir dele em 2020, e o luto coletivo se transformou em indignação à medida que detalhes da investigação vieram à tona. No primeiro dia do julgamento, torcedores se reuniram em frente ao tribunal com faixas e gritos pedindo justiça. A frase “Justiça para Deus” estampada em bandeiras reflete o peso cultural do craque, cuja influência transcende o esporte.

Esse clamor popular pode influenciar o desenrolar do caso. À medida que as audiências avançam e as provas são apresentadas, a percepção de que a morte poderia ter sido evitada tende a intensificar a cobrança por punições. Para muitos argentinos, encontrar culpados é uma forma de honrar o legado de um ídolo que marcou gerações com sua genialidade em campo.

Um mausoléu para o eterno camisa 10

Após o julgamento, os restos mortais de Maradona serão transferidos de um cemitério particular em Buenos Aires para o “Memorial M10”, um mausoléu em construção na área turística de Puerto Madero. O espaço, que ocupará mil metros quadrados, foi projetado para receber até um milhão de visitantes por ano, com entrada gratuita para argentinos. Dalma Maradona, uma das filhas do craque, expressou o desejo da família: “Queremos que nosso pai esteja perto do amor do povo”.

O memorial reforça a dimensão mítica de Maradona na Argentina, onde até uma Igreja Maradoniana celebra sua “magia” no futebol. A estrutura deve ser concluída nos próximos meses, coincidindo com o fim do julgamento, e promete se tornar um ponto de peregrinação para fãs de todo o mundo.

Curiosidades sobre o caso e o legado de Maradona

O julgamento não é apenas sobre justiça, mas também sobre o impacto duradouro de Maradona. Aqui estão alguns fatos que cercam o caso:

  • Maradona venceu a Copa do Mundo de 1986 quase sozinho, com gols históricos como o da “Mão de Deus” e o drible antológico contra a Inglaterra.
  • Apesar da ausência de drogas ilegais no exame toxicológico, a dependência química marcou seus últimos anos, agravando suas condições de saúde.
  • A investigação revelou assinaturas falsificadas e histórias clínicas manipuladas, apontando tentativas de encobrir falhas.
  • O culto a Maradona inclui estátuas, murais e tatuagens espalhados pela Argentina, símbolos de sua imortalidade no imaginário popular.

Com mais de 90 jogos pela seleção argentina e atuações em quatro Copas do Mundo, o camisa 10 deixou um legado que vai além dos gramados, mas que agora enfrenta o peso de um desfecho judicial.0



Mais de quatro anos após a morte de Diego Armando Maradona, um dos maiores ídolos do futebol mundial, a Argentina inicia nesta terça-feira, 11 de março, um julgamento que promete reacender debates e emoções em torno do legado do craque. Sete profissionais de saúde, responsáveis por cuidar do ex-jogador em seus últimos dias, enfrentam acusações de “homicídio simples com dolo eventual”, um crime que pode resultar em penas de 8 a 25 anos de prisão. O processo, que ocorre no Tribunal de San Isidro, a cerca de 30 quilômetros de Buenos Aires, reúne 120 testemunhas e expõe detalhes de uma internação domiciliar marcada por falhas, omissões e polêmicas. Veronica Ojeda, ex-namorada de Maradona, foi vista chorando na entrada do tribunal, enquanto fãs exibiam faixas pedindo “justiça para Deus”.

O caso remonta a 25 de novembro de 2020, quando Maradona faleceu aos 60 anos, vítima de insuficiência respiratória e parada cardíaca, enquanto se recuperava de uma cirurgia para retirada de um hematoma na cabeça. Um relatório encomendado pelo Departamento de Justiça argentino apontou que o atendimento ao ex-jogador foi “inadequado, deficiente e imprudente”, sugerindo que ele foi “abandonado à própria sorte” por aqueles que deveriam protegê-lo. A acusação sustenta que a morte poderia ter sido evitada, destacando um cenário de negligência que chocou o país e o mundo.

Familiares, como as filhas Dalma e Jana Maradona, acompanham de perto o julgamento, que deve se estender até julho. A oitava ré, a enfermeira Dahiana Gisela Madrid, optou por um júri popular e será julgada em um processo separado, previsto para começar em julho. Enquanto as audiências avançam, a pressão popular cresce, com torcedores exigindo respostas para o fim trágico de um ícone que levou a Argentina ao título mundial em 1986.

O que levou ao julgamento de Maradona

Uma morte cercada de controvérsias

Diego Maradona enfrentava múltiplas condições de saúde no fim de sua vida, incluindo problemas renais, hepáticos, cardíacos e neurológicos, além de uma longa história de dependência de álcool e drogas. Em novembro de 2020, ele passou por uma cirurgia para tratar um hematoma subdural, resultado de um acidente doméstico. Após o procedimento, recusou-se a permanecer internado em uma clínica e foi transferido para uma casa em Tigre, na região metropolitana de Buenos Aires, sob um regime de internação domiciliar. A decisão, segundo os promotores, foi o ponto de partida para uma série de erros que culminaram em sua morte.

A investigação revelou que a casa não possuía os recursos mínimos necessários para atender às necessidades de Maradona. Faltavam equipamentos médicos adequados, e o acompanhamento foi considerado insuficiente. Um relatório de 2021, elaborado por uma comissão de 22 especialistas a pedido da Justiça, concluiu que o ex-jogador passou por “12 horas de agonia” antes de falecer, em um cenário descrito como “indignante”. Os promotores afirmam que a equipe médica sabia dos riscos, mas optou por negligenciar os cuidados, priorizando interesses próprios em vez da saúde do paciente.

Os acusados e as provas em jogo

Sete profissionais estão no banco dos réus: Leopoldo Luque, neurocirurgião e médico pessoal de Maradona; Agustina Cosachov, psiquiatra; Carlos Ángel Díaz, psicólogo; Nancy Forlini, médica coordenadora do plano de saúde; Mariano Perroni, coordenador de enfermagem; Pedro Pablo Di Spagna, clínico geral; e Ricardo Omar Almirón, enfermeiro. A acusação baseia-se em trocas de mensagens e áudios entre os envolvidos, que revelam preocupações como “ele vai morrer” e “isto acaba mal”, além de tentativas de manipular a história clínica para evitar responsabilidades.

As mensagens também indicam que os acusados temiam perder os rendimentos caso a família interviesse. Há evidências de que conspiraram para manter os parentes afastados, receosos de que Maradona fosse levado para um centro de reabilitação, o que encerraria o contrato de cuidados domiciliares. Cinco denúncias foram apresentadas: quatro pelos filhos reconhecidos do craque — Dalma, Gianinna, Jana, Diego Fernando e Diego Júnior — e uma pelas irmãs dele, reforçando a tese de que a negligência foi determinante para o desfecho fatal.

Detalhes do processo e seus desdobramentos

Cronograma do julgamento e testemunhas-chave

O julgamento começou em 11 de março e deve se prolongar por cerca de quatro meses, com sessões que prometem revelar novos aspectos do caso. Um total de 120 testemunhas foi convocado, incluindo familiares, como a ex-esposa Claudia Villafañe e o advogado Matías Morla, além de médicos que atenderam Maradona ao longo dos anos, peritos, jornalistas e amigos próximos. A expectativa é que os depoimentos tragam luz às condições em que o ex-jogador viveu seus últimos dias e à conduta dos profissionais envolvidos.

Aqui está o cronograma previsto para o processo:

  • 11 de março: Início das audiências com apresentação das provas iniciais.
  • Março a junho: Depoimentos das testemunhas e análise de documentos e áudios.
  • Julho: Encerramento das sessões e encaminhamento para decisão judicial.

A enfermeira Dahiana Gisela Madrid, que será julgada separadamente, teve seu processo iniciado com uma audiência preliminar em outubro do ano passado. Seu julgamento com júri popular está marcado para julho, após a conclusão do caso principal.

Argumentos da defesa e da acusação

A promotoria sustenta que os acusados tinham plena consciência de que Maradona corria risco de morte, mas não agiram para evitar o desfecho. Eles apontam omissões graves, como a falta de encaminhamento para um centro de reabilitação após a cirurgia, e destacam que o atendimento foi improvisado e insuficiente. Para o advogado Mario Baudry, que representa Diego Fernando, filho de Maradona, as provas são claras: “Sabendo que ele ia morrer, não fizeram nada para evitá-lo”.

Já a defesa dos réus deve adotar estratégias distintas. Leopoldo Luque, por exemplo, pode argumentar que sua responsabilidade era limitada ao procedimento cirúrgico, enquanto psiquiatra e psicólogo devem alegar que cuidavam apenas da saúde mental. Os enfermeiros tendem a se justificar dizendo que seguiam ordens e que Maradona era um paciente difícil, resistente a tratamentos. O exame toxicológico, que não detectou álcool ou drogas ilegais no momento da morte, será outro ponto de debate, já que áudios sugerem que tais substâncias eram fornecidas para controlar o comportamento do ex-jogador.

O impacto do caso na Argentina e além

A pressão popular por justiça

A morte de Maradona abalou a Argentina, onde ele é reverenciado como um símbolo nacional. Fãs lotaram as ruas para se despedir dele em 2020, e o luto coletivo se transformou em indignação à medida que detalhes da investigação vieram à tona. No primeiro dia do julgamento, torcedores se reuniram em frente ao tribunal com faixas e gritos pedindo justiça. A frase “Justiça para Deus” estampada em bandeiras reflete o peso cultural do craque, cuja influência transcende o esporte.

Esse clamor popular pode influenciar o desenrolar do caso. À medida que as audiências avançam e as provas são apresentadas, a percepção de que a morte poderia ter sido evitada tende a intensificar a cobrança por punições. Para muitos argentinos, encontrar culpados é uma forma de honrar o legado de um ídolo que marcou gerações com sua genialidade em campo.

Um mausoléu para o eterno camisa 10

Após o julgamento, os restos mortais de Maradona serão transferidos de um cemitério particular em Buenos Aires para o “Memorial M10”, um mausoléu em construção na área turística de Puerto Madero. O espaço, que ocupará mil metros quadrados, foi projetado para receber até um milhão de visitantes por ano, com entrada gratuita para argentinos. Dalma Maradona, uma das filhas do craque, expressou o desejo da família: “Queremos que nosso pai esteja perto do amor do povo”.

O memorial reforça a dimensão mítica de Maradona na Argentina, onde até uma Igreja Maradoniana celebra sua “magia” no futebol. A estrutura deve ser concluída nos próximos meses, coincidindo com o fim do julgamento, e promete se tornar um ponto de peregrinação para fãs de todo o mundo.

Curiosidades sobre o caso e o legado de Maradona

O julgamento não é apenas sobre justiça, mas também sobre o impacto duradouro de Maradona. Aqui estão alguns fatos que cercam o caso:

  • Maradona venceu a Copa do Mundo de 1986 quase sozinho, com gols históricos como o da “Mão de Deus” e o drible antológico contra a Inglaterra.
  • Apesar da ausência de drogas ilegais no exame toxicológico, a dependência química marcou seus últimos anos, agravando suas condições de saúde.
  • A investigação revelou assinaturas falsificadas e histórias clínicas manipuladas, apontando tentativas de encobrir falhas.
  • O culto a Maradona inclui estátuas, murais e tatuagens espalhados pela Argentina, símbolos de sua imortalidade no imaginário popular.

Com mais de 90 jogos pela seleção argentina e atuações em quatro Copas do Mundo, o camisa 10 deixou um legado que vai além dos gramados, mas que agora enfrenta o peso de um desfecho judicial.0



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