Ronaldo Nazário, conhecido mundialmente como Fenômeno, vê suas ambições de assumir a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ameaçadas por um vínculo financeiro e jurídico com o Cruzeiro que se estende até 2035. O ex-jogador, que vendeu a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube mineiro em abril de 2024, ainda tem R$ 302 milhões a receber, parcelados em R$ 27,5 milhões anuais, o que o mantém ligado à Raposa. Esse cenário cria um conflito de interesse claro, já que o Estatuto da CBF proíbe que seu presidente tenha qualquer tipo de relação com clubes, colocando em xeque a candidatura de Ronaldo para o pleito de 2026. A situação ganhou destaque após documentos da Junta Comercial revelarem os detalhes da negociação, mostrando que o ex-atleta permanece como credor fiduciário, com direitos sobre as ações do Cruzeiro em caso de inadimplência.
A transação com o Cruzeiro, concluída há quase um ano, envolveu a venda da Tara Sports Brasil, empresa de Ronaldo que detinha 90% da SAF, para a BPW Sports Participações, controlada pelo empresário Pedro Lourenço. Apesar da transferência formal, o contrato de alienação fiduciária firmado em 1º de julho de 2024 garante ao Fenômeno um papel ativo na operação até a quitação total do valor, prevista para daqui a uma década. Isso significa que, enquanto Ronaldo articula sua pré-candidatura à CBF, ele mantém um interesse direto no desempenho financeiro do Cruzeiro, o que contraria as normas éticas e estatutárias da entidade que rege o futebol brasileiro.
Além disso, o montante de R$ 302 milhões não inclui a correção monetária pelo Certificado de Depósito Interbancário (CDB), atrelado à taxa Selic, atualmente em 13,25% ao ano. Estimativas de mercado apontam que os rendimentos adicionais podem alcançar R$ 288 milhões até 2035, elevando o valor total da negociação para cerca de R$ 590 milhões. Ronaldo já embolsou R$ 30,5 milhões em julho de 2024, como parte do acordo, reforçando sua posição de beneficiário direto dos resultados do clube mineiro nos próximos anos.
Detalhes da negociação que complicam o futuro de Ronaldo na CBF
Vínculo financeiro expõe fragilidade na candidatura
O acordo entre Ronaldo e Pedro Lourenço, firmado após meses de tratativas, estabeleceu que o ex-jogador receberá 11 parcelas anuais de R$ 27,5 milhões, com o primeiro pagamento programado para 1º de julho de 2025 e o último em 2035. Esse cronograma foi detalhado em documentos registrados na Junta Comercial, que também mostram Ronaldo como credor fiduciário, uma condição que lhe dá o direito de retomar as ações do Cruzeiro caso haja atraso nos pagamentos. Essa cláusula, comum em transações de grande porte, assegura a segurança jurídica do vendedor, mas, no caso de Ronaldo, cria um laço indissolúvel com o clube, algo que o Estatuto da CBF explicitamente veta para quem deseja ocupar seu cargo máximo.
Ronaldo adquiriu o Cruzeiro em dezembro de 2021 por R$ 400 milhões, assumindo um clube em crise financeira, com dívidas próximas de R$ 1 bilhão. Durante sua gestão, ele injetou recursos e reestruturou a SAF, levando a Raposa de volta à Série A do Campeonato Brasileiro. A venda para Pedro Lourenço, anunciada em abril de 2024, foi celebrada pelo ex-atleta como um “dever cumprido”, mas os termos do contrato mostram que sua saída não foi tão definitiva quanto parecia. A relação prolongada com o Cruzeiro, agora revelada em detalhes, levanta questões sobre a viabilidade de sua pré-candidatura à CBF, anunciada no fim de 2024.
Contrato de alienação fiduciária: o que isso significa
No cerne da polêmica está o instrumento de alienação fiduciária, que transfere temporariamente as ações da SAF do Cruzeiro a Ronaldo como garantia de pagamento. Enquanto Pedro Lourenço não quitar os R$ 302 milhões, o Fenômeno detém direitos sobre dividendos, lucros e eventuais novas ações emitidas pelo clube. Em caso de inadimplência, ele pode reassumir o controle acionário, uma possibilidade que o mantém atrelado ao desempenho do time mineiro. Esse arranjo, embora usual em negócios dessa magnitude, coloca Ronaldo em uma posição delicada perante as regras da CBF, que exigem total desvinculação de interesses clubísticos para seus dirigentes.
Caminho para 2026: os desafios de Ronaldo na política do futebol
Regras da CBF e o conflito de interesse em foco
O Estatuto da CBF é claro: o presidente da entidade não pode manter vínculos negociais ou jurídicos com qualquer clube de futebol no Brasil. A norma, reforçada pelo Código de Ética da confederação, visa garantir imparcialidade nas decisões que afetam competições, seleções e clubes. No caso de Ronaldo, o recebimento anual de R$ 27,5 milhões até 2035 e sua condição de credor fiduciário configuram uma conexão direta com o Cruzeiro, o que o tornaria inelegível para o cargo enquanto essa relação persistir. A eleição para a presidência da CBF está marcada para 2026, quando o mandato de Ednaldo Rodrigues, atual presidente, chegará ao fim, mas o Fenômeno precisa resolver essa pendência bem antes disso.
Especialistas em direito desportivo apontam que a situação de Ronaldo não é apenas um entrave ético, mas também prático. Sua influência sobre o Cruzeiro, mesmo que indireta, poderia gerar desconfiança entre federações e clubes, especialmente em decisões que envolvam a Série A ou a alocação de recursos. Além disso, o ex-jogador também controla o Real Valladolid, clube espanhol, e já declarou que planeja vendê-lo para evitar conflitos de interesse. Contudo, a ligação com o Cruzeiro, mais próxima e financeiramente significativa, parece ser um obstáculo mais difícil de contornar.
Cronograma dos pagamentos e impacto financeiro
O calendário de pagamentos estabelecido no contrato com Pedro Lourenço é um dos pontos centrais da questão. Veja como está estruturado:
- 1º de julho de 2024: Ronaldo recebeu R$ 30,5 milhões como parte inicial da negociação.
- 1º de julho de 2025: Início das 11 parcelas anuais de R$ 27,5 milhões.
- 1º de julho de 2035: Última parcela, marcando o fim do vínculo financeiro, caso não haja atrasos.
Esse cronograma indica que, até a eleição da CBF em 2026, Ronaldo ainda terá pelo menos nove parcelas a receber, totalizando R$ 247,5 milhões pendentes, sem contar a correção monetária. A Selic, que hoje está em 13,25%, pode elevar significativamente o valor final, dependendo das flutuações econômicas nos próximos anos. Para se desvencilhar desse compromisso, Ronaldo teria que negociar uma antecipação dos pagamentos ou transferir os direitos a terceiros, opções que demandariam tempo e acordos complexos.
Alternativas e próximos passos para o Fenômeno
Possíveis saídas para viabilizar a candidatura
Diante do impasse, Ronaldo tem algumas alternativas para se alinhar às exigências da CBF. Uma delas seria convencer Pedro Lourenço a antecipar o pagamento dos R$ 302 milhões, encerrando o vínculo antes de 2035. Outra possibilidade seria substituir a garantia das ações do Cruzeiro por outro tipo de ativo, como uma garantia bancária, desvinculando-se completamente da SAF. Transferir os direitos de recebimento a uma terceira parte também é uma opção, embora isso pudesse reduzir os ganhos financeiros projetados com a correção monetária. Cada caminho exige negociações detalhadas e, possivelmente, concessões de ambas as partes envolvidas na venda.
Enquanto isso, o Fenômeno segue articulando apoio político para sua pré-candidatura. No fim de 2024, ele declarou publicamente seu interesse em liderar a CBF, prometendo trazer sua experiência como jogador e gestor para modernizar o futebol brasileiro. A venda do Valladolid, anunciada como parte desse plano, mostra que Ronaldo está disposto a abrir mão de ativos para alcançar seu objetivo. Porém, o caso do Cruzeiro, mais intricado e com valores expressivos, exige uma solução mais robusta para não comprometer suas chances no pleito de 2026.
Outros negócios de Ronaldo ampliam o debate
Além do Cruzeiro e do Valladolid, Ronaldo mantém interesses empresariais que também podem gerar questionamentos. Ele é sócio de Gabriel Jesus, jogador da Seleção Brasileira, na Galáticos Capital, uma empresa de gestão patrimonial voltada para atletas. Sua agência ODZZ Network gerencia carreiras de mais de 20 jogadores brasileiros, muitos deles em atividade no exterior e no Brasil. Esses laços comerciais, aliados a contratos com patrocinadores da CBF, como Nike e Itaú, reforçam a percepção de que o ex-jogador precisará reestruturar completamente seus negócios para assumir a presidência da confederação sem levantar suspeitas de parcialidade.

Ronaldo Nazário, conhecido mundialmente como Fenômeno, vê suas ambições de assumir a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ameaçadas por um vínculo financeiro e jurídico com o Cruzeiro que se estende até 2035. O ex-jogador, que vendeu a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube mineiro em abril de 2024, ainda tem R$ 302 milhões a receber, parcelados em R$ 27,5 milhões anuais, o que o mantém ligado à Raposa. Esse cenário cria um conflito de interesse claro, já que o Estatuto da CBF proíbe que seu presidente tenha qualquer tipo de relação com clubes, colocando em xeque a candidatura de Ronaldo para o pleito de 2026. A situação ganhou destaque após documentos da Junta Comercial revelarem os detalhes da negociação, mostrando que o ex-atleta permanece como credor fiduciário, com direitos sobre as ações do Cruzeiro em caso de inadimplência.
A transação com o Cruzeiro, concluída há quase um ano, envolveu a venda da Tara Sports Brasil, empresa de Ronaldo que detinha 90% da SAF, para a BPW Sports Participações, controlada pelo empresário Pedro Lourenço. Apesar da transferência formal, o contrato de alienação fiduciária firmado em 1º de julho de 2024 garante ao Fenômeno um papel ativo na operação até a quitação total do valor, prevista para daqui a uma década. Isso significa que, enquanto Ronaldo articula sua pré-candidatura à CBF, ele mantém um interesse direto no desempenho financeiro do Cruzeiro, o que contraria as normas éticas e estatutárias da entidade que rege o futebol brasileiro.
Além disso, o montante de R$ 302 milhões não inclui a correção monetária pelo Certificado de Depósito Interbancário (CDB), atrelado à taxa Selic, atualmente em 13,25% ao ano. Estimativas de mercado apontam que os rendimentos adicionais podem alcançar R$ 288 milhões até 2035, elevando o valor total da negociação para cerca de R$ 590 milhões. Ronaldo já embolsou R$ 30,5 milhões em julho de 2024, como parte do acordo, reforçando sua posição de beneficiário direto dos resultados do clube mineiro nos próximos anos.
Detalhes da negociação que complicam o futuro de Ronaldo na CBF
Vínculo financeiro expõe fragilidade na candidatura
O acordo entre Ronaldo e Pedro Lourenço, firmado após meses de tratativas, estabeleceu que o ex-jogador receberá 11 parcelas anuais de R$ 27,5 milhões, com o primeiro pagamento programado para 1º de julho de 2025 e o último em 2035. Esse cronograma foi detalhado em documentos registrados na Junta Comercial, que também mostram Ronaldo como credor fiduciário, uma condição que lhe dá o direito de retomar as ações do Cruzeiro caso haja atraso nos pagamentos. Essa cláusula, comum em transações de grande porte, assegura a segurança jurídica do vendedor, mas, no caso de Ronaldo, cria um laço indissolúvel com o clube, algo que o Estatuto da CBF explicitamente veta para quem deseja ocupar seu cargo máximo.
Ronaldo adquiriu o Cruzeiro em dezembro de 2021 por R$ 400 milhões, assumindo um clube em crise financeira, com dívidas próximas de R$ 1 bilhão. Durante sua gestão, ele injetou recursos e reestruturou a SAF, levando a Raposa de volta à Série A do Campeonato Brasileiro. A venda para Pedro Lourenço, anunciada em abril de 2024, foi celebrada pelo ex-atleta como um “dever cumprido”, mas os termos do contrato mostram que sua saída não foi tão definitiva quanto parecia. A relação prolongada com o Cruzeiro, agora revelada em detalhes, levanta questões sobre a viabilidade de sua pré-candidatura à CBF, anunciada no fim de 2024.
Contrato de alienação fiduciária: o que isso significa
No cerne da polêmica está o instrumento de alienação fiduciária, que transfere temporariamente as ações da SAF do Cruzeiro a Ronaldo como garantia de pagamento. Enquanto Pedro Lourenço não quitar os R$ 302 milhões, o Fenômeno detém direitos sobre dividendos, lucros e eventuais novas ações emitidas pelo clube. Em caso de inadimplência, ele pode reassumir o controle acionário, uma possibilidade que o mantém atrelado ao desempenho do time mineiro. Esse arranjo, embora usual em negócios dessa magnitude, coloca Ronaldo em uma posição delicada perante as regras da CBF, que exigem total desvinculação de interesses clubísticos para seus dirigentes.
Caminho para 2026: os desafios de Ronaldo na política do futebol
Regras da CBF e o conflito de interesse em foco
O Estatuto da CBF é claro: o presidente da entidade não pode manter vínculos negociais ou jurídicos com qualquer clube de futebol no Brasil. A norma, reforçada pelo Código de Ética da confederação, visa garantir imparcialidade nas decisões que afetam competições, seleções e clubes. No caso de Ronaldo, o recebimento anual de R$ 27,5 milhões até 2035 e sua condição de credor fiduciário configuram uma conexão direta com o Cruzeiro, o que o tornaria inelegível para o cargo enquanto essa relação persistir. A eleição para a presidência da CBF está marcada para 2026, quando o mandato de Ednaldo Rodrigues, atual presidente, chegará ao fim, mas o Fenômeno precisa resolver essa pendência bem antes disso.
Especialistas em direito desportivo apontam que a situação de Ronaldo não é apenas um entrave ético, mas também prático. Sua influência sobre o Cruzeiro, mesmo que indireta, poderia gerar desconfiança entre federações e clubes, especialmente em decisões que envolvam a Série A ou a alocação de recursos. Além disso, o ex-jogador também controla o Real Valladolid, clube espanhol, e já declarou que planeja vendê-lo para evitar conflitos de interesse. Contudo, a ligação com o Cruzeiro, mais próxima e financeiramente significativa, parece ser um obstáculo mais difícil de contornar.
Cronograma dos pagamentos e impacto financeiro
O calendário de pagamentos estabelecido no contrato com Pedro Lourenço é um dos pontos centrais da questão. Veja como está estruturado:
- 1º de julho de 2024: Ronaldo recebeu R$ 30,5 milhões como parte inicial da negociação.
- 1º de julho de 2025: Início das 11 parcelas anuais de R$ 27,5 milhões.
- 1º de julho de 2035: Última parcela, marcando o fim do vínculo financeiro, caso não haja atrasos.
Esse cronograma indica que, até a eleição da CBF em 2026, Ronaldo ainda terá pelo menos nove parcelas a receber, totalizando R$ 247,5 milhões pendentes, sem contar a correção monetária. A Selic, que hoje está em 13,25%, pode elevar significativamente o valor final, dependendo das flutuações econômicas nos próximos anos. Para se desvencilhar desse compromisso, Ronaldo teria que negociar uma antecipação dos pagamentos ou transferir os direitos a terceiros, opções que demandariam tempo e acordos complexos.
Alternativas e próximos passos para o Fenômeno
Possíveis saídas para viabilizar a candidatura
Diante do impasse, Ronaldo tem algumas alternativas para se alinhar às exigências da CBF. Uma delas seria convencer Pedro Lourenço a antecipar o pagamento dos R$ 302 milhões, encerrando o vínculo antes de 2035. Outra possibilidade seria substituir a garantia das ações do Cruzeiro por outro tipo de ativo, como uma garantia bancária, desvinculando-se completamente da SAF. Transferir os direitos de recebimento a uma terceira parte também é uma opção, embora isso pudesse reduzir os ganhos financeiros projetados com a correção monetária. Cada caminho exige negociações detalhadas e, possivelmente, concessões de ambas as partes envolvidas na venda.
Enquanto isso, o Fenômeno segue articulando apoio político para sua pré-candidatura. No fim de 2024, ele declarou publicamente seu interesse em liderar a CBF, prometendo trazer sua experiência como jogador e gestor para modernizar o futebol brasileiro. A venda do Valladolid, anunciada como parte desse plano, mostra que Ronaldo está disposto a abrir mão de ativos para alcançar seu objetivo. Porém, o caso do Cruzeiro, mais intricado e com valores expressivos, exige uma solução mais robusta para não comprometer suas chances no pleito de 2026.
Outros negócios de Ronaldo ampliam o debate
Além do Cruzeiro e do Valladolid, Ronaldo mantém interesses empresariais que também podem gerar questionamentos. Ele é sócio de Gabriel Jesus, jogador da Seleção Brasileira, na Galáticos Capital, uma empresa de gestão patrimonial voltada para atletas. Sua agência ODZZ Network gerencia carreiras de mais de 20 jogadores brasileiros, muitos deles em atividade no exterior e no Brasil. Esses laços comerciais, aliados a contratos com patrocinadores da CBF, como Nike e Itaú, reforçam a percepção de que o ex-jogador precisará reestruturar completamente seus negócios para assumir a presidência da confederação sem levantar suspeitas de parcialidade.
