A crise no atendimento médico das agências da Previdência Social não é algo novo, mas a situação atingiu níveis alarmantes com a greve dos peritos médicos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), iniciada em agosto de 2024. A falta de harmonia entre os profissionais e o Ministério da Previdência Social tem gerado um impacto direto na população, especialmente para aqueles que dependem de benefícios por incapacidade. Um caso emblemático ocorreu em Sumaré, São Paulo, onde uma mulher de 52 anos, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC), tenta há mais de um ano realizar uma perícia médica. Sem mobilidade, a família contratou uma ambulância particular para levá-la à agência, mas, ao chegar, descobriu que não havia médico disponível. Esse episódio reflete a frustração de milhares de brasileiros que enfrentam cancelamentos sumários e a escassez de servidores, enquanto o governo planeja um novo concurso público para 500 vagas de peritos.
O agendamento de perícias pelo aplicativo Meu INSS até pode ser rápido, mas a execução do serviço esbarra em um problema crônico: a falta de pessoal. Com cerca de 3.100 peritos ativos atualmente, o INSS não consegue atender à demanda crescente, agravada por 650 profissionais afastados por políticas internas e outros 450 em férias ou licenças. Dados extraoficiais apontam uma fila de 1,8 milhão de pedidos em análise, sendo metade aguardando perícia. A falta de transparência na divulgação de informações oficiais, com o Boletim Estatístico da Previdência Social paralisado desde novembro de 2024, só aumenta a incerteza para os segurados.
Enquanto isso, a relação entre a Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP) e o governo segue tensa. A greve, que envolve entre 300 e 1.000 peritos, conforme estimativas divergentes, expõe um embate que já resultou em 50 processos judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A batalha não é apenas por melhores condições de trabalho, mas também por questões de produtividade e remuneração, em um cenário onde a população mais vulnerável paga o preço mais alto.
Fila interminável: os números por trás do caos
A espera por benefícios previdenciários, como aposentadorias e auxílios por incapacidade, sempre foi um desafio no Brasil, mas a greve dos peritos médicos transformou essa espera em um pesadelo para muitos. Em julho de 2024, antes do início da paralisação, a fila de perícias já alcançava 576 mil pessoas. Em janeiro de 2025, esse número saltou para 686 mil, segundo dados parciais do Ministério da Previdência Social. Hoje, estima-se que o estoque total de pedidos pendentes esteja em 1,8 milhão, com metade aguardando avaliação médica. A produtividade atual dos peritos, limitada a cerca de 250 mil perícias por mês, está longe de dar conta das 900 mil avaliações em atraso, evidenciando um déficit estrutural que não fecha as contas.
Diferentes fatores contribuem para esse cenário. Dos 3.100 peritos ativos, uma parcela significativa está fora de serviço: 650 por políticas internas e 450 por afastamentos temporários. A greve, que afeta cerca de 10% da categoria, segundo o INSS, reduz ainda mais a capacidade de atendimento. Francisco Cardoso, vice-presidente da ANMP, estima que mil peritos aderiram ao movimento, enquanto Adroaldo Portal, secretário da Previdência Social, aponta apenas 300 grevistas. Independentemente do número exato, o impacto é claro: entre agosto e dezembro de 2024, mais de 125 mil perícias foram canceladas, deixando segurados como a moradora de Sumaré sem solução.
A situação também é agravada pela falta de dados oficiais atualizados. O Boletim Estatístico da Previdência Social, que deveria ser publicado mensalmente, não é atualizado desde novembro de 2024, dificultando o acompanhamento do problema. Enquanto isso, o INSS tenta reagendar perícias automaticamente, mas a escassez de profissionais disponíveis torna a medida insuficiente para atender à demanda reprimida.
Conflito entre peritos e governo: uma guerra de acusações
O embate entre os peritos médicos e o Ministério da Previdência Social é o cerne da crise atual. A greve, iniciada em agosto de 2024, tem como pano de fundo a insatisfação com mudanças impostas pelo governo após um acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU). Em 2022, um acordo para encerrar uma paralisação anterior reduziu em 40% a produtividade dos peritos, mas o TCU declarou essa medida ilegal, exigindo a criação de um novo Programa de Gestão e Desempenho. A alteração aumentou as metas de trabalho, gerando revolta na categoria, que agora cobra a manutenção dos direitos acordados há três anos.
A ANMP acusa o governo de praticar um “lockout”, bloqueando agendas dos grevistas e suspendendo seus salários como forma de pressão. Em resposta, o Ministério da Previdência Social editou um ato normativo determinando que os peritos que não retornarem ao trabalho terão os pagamentos cortados. A associação, por sua vez, alega que o INSS realiza “perícias fake”, desmarcando consultas no sistema para manipular estatísticas e mascarar a gravidade da crise. Esse jogo de acusações já chegou ao STJ, onde 50 processos judiciais tramitam, evidenciando a falta de diálogo entre as partes.
Em meio ao impasse, medidas judiciais tentam minimizar o impacto. O STJ determinou que 70% das agendas de perícias sejam mantidas durante a greve, mas Francisco Cardoso afirma que, desde janeiro de 2025, o governo tem remarcado 100% das consultas dos grevistas, forçando o corte total de seus pontos. A tensão culminou em ações como o bloqueio de agendas e o desconto salarial, afetando ainda mais a capacidade de atendimento do INSS.
Casos reais: o drama dos segurados afetados
Histórias como a da moradora de Sumaré ilustram o sofrimento de quem depende do INSS. Após sofrer um AVC, a mulher de 52 anos perdeu a mobilidade e, há mais de um ano, tenta obter o benefício por incapacidade. A família, sem condições de arcar com os custos de seu tratamento, pagou por uma ambulância para levá-la à agência, mas a ausência de peritos no local frustrou a tentativa. Casos semelhantes se multiplicam pelo país, com segurados enfrentando remarcações constantes e longos períodos de espera.
Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, médicos peritos protestaram em fevereiro de 2025 para chamar a atenção para a demora nas perícias, enquanto no Pará, quase 30 mil segurados foram afetados pela paralisação, que mobilizou 26% dos peritos locais desde setembro de 2024. Maria Assunção, outra segurada, relatou que sua perícia, inicialmente marcada para janeiro de 2025, foi adiada para março devido à greve. Sem o benefício, ela enfrenta dificuldades para comprar medicamentos essenciais, um reflexo da dependência de milhões de brasileiros em relação ao sistema previdenciário.
O INSS tenta amenizar o problema com reagendamentos automáticos desde janeiro de 2025, informando novas datas por SMS, pelo aplicativo Meu INSS ou pela Central 135. A prioridade é atender os segurados no mesmo dia com outros peritos disponíveis, mas a falta de profissionais torna essa meta difícil de alcançar, prolongando a angústia de quem já está em situação de vulnerabilidade.
Medidas emergenciais e promessas de solução
Diante da crise, o governo anunciou iniciativas para tentar conter o colapso no atendimento. Uma das principais apostas é a realização de um novo concurso público, previsto para preencher 500 vagas de médicos peritos, com salários iniciais de R$ 14,1 mil. Mais de 22 mil candidatos se inscreveram, e a expectativa é convocar todos os aprovados imediatamente para reduzir a fila de perícias. A prioridade será para as regiões Norte e Nordeste, embora a distribuição exata das vagas ainda esteja em estudo.
Além disso, desde 27 de janeiro de 2025, o INSS passou a reagendar automaticamente as perícias canceladas pela greve, utilizando a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev) para realocar os segurados. Os usuários são notificados por mensagens automáticas, mas a efetividade da medida é limitada pela quantidade reduzida de peritos ativos. Outra ação do governo foi bloquear as agendas dos grevistas, transferindo os atendimentos para profissionais que não aderiram ao movimento, uma decisão criticada pela ANMP, que estima o cancelamento de 15 mil perícias por dia como consequência.
O histórico de paralisações também revela tentativas anteriores de solução. Em 2022, a redução de 40% na produtividade foi uma saída para encerrar a greve, mas a auditoria do TCU apontou que os peritos trabalham, em média, menos de 50% da jornada prevista em lei, um ponto que continua alimentando o conflito com o governo.
O que os segurados podem fazer enquanto esperam
Para quem está na fila do INSS, algumas ações podem ajudar a acompanhar o processo e evitar surpresas. O aplicativo Meu INSS oferece ferramentas como a simulação de aposentadoria e o acompanhamento do status de pedidos, além de permitir o agendamento de perícias. A Central 135 também é uma opção para esclarecer dúvidas e confirmar datas, embora o volume de ligações muitas vezes resulte em longas esperas.
Aqui estão algumas dicas práticas para os segurados:
- Verifique regularmente o aplicativo Meu INSS para atualizações sobre o agendamento.
- Mantenha o número de telefone cadastrado atualizado para receber notificações por SMS.
- Em caso de atraso superior a 45 dias para a perícia, considere buscar orientação jurídica para garantir o atendimento.
- Prepare documentos médicos adicionais, como laudos e exames, para apresentar em eventuais reagendamentos.
Essas medidas não resolvem o problema estrutural, mas podem minimizar os transtornos enquanto o impasse entre peritos e governo persiste.
Cronologia da crise: como chegamos até aqui
Entender a evolução do problema ajuda a dimensionar sua gravidade. Veja os principais marcos recentes:
- Julho de 2024: Fila de perícias chega a 576 mil pessoas antes da greve.
- Agosto de 2024: Início da paralisação parcial dos peritos, afetando 10% da categoria.
- Novembro de 2024: Publicação do Boletim Estatístico da Previdência Social é interrompida.
- Janeiro de 2025: Fila atinge 686 mil, e INSS começa reagendamentos automáticos.
- Março de 2025: Estimativa extraoficial aponta 1,8 milhão de pedidos pendentes.
Esse cronograma reflete a escalada de um problema que mistura falta de pessoal, greves e decisões judiciais, mantendo o sistema em um estado de fragilidade.
Produtividade em xeque: o gargalo que não resolve
A produtividade dos peritos médicos é um dos principais entraves para zerar o estoque de perícias. Mesmo antes da greve, o ritmo de 250 mil avaliações mensais já era insuficiente para as 900 mil pendências acumuladas. A auditoria do TCU revelou que a jornada média de trabalho da categoria não chega a 50% do previsto, um reflexo do acordo de 2022 que agora está no centro da disputa. Com a paralisação, o número de perícias realizadas caiu ainda mais, ampliando o déficit.
A ANMP defende que as condições de trabalho e a pressão por metas inviabilizam um atendimento de qualidade, enquanto o governo insiste em aumentar a produtividade para atender à demanda. Há uma proposta em discussão para repor os salários dos grevistas em troca de um mutirão que liquide as perícias pendentes em um ano, mas o acordo ainda não foi formalizado. Até que isso aconteça, a fila continua crescendo, e os segurados seguem à espera de uma solução que parece distante.

A crise no atendimento médico das agências da Previdência Social não é algo novo, mas a situação atingiu níveis alarmantes com a greve dos peritos médicos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), iniciada em agosto de 2024. A falta de harmonia entre os profissionais e o Ministério da Previdência Social tem gerado um impacto direto na população, especialmente para aqueles que dependem de benefícios por incapacidade. Um caso emblemático ocorreu em Sumaré, São Paulo, onde uma mulher de 52 anos, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC), tenta há mais de um ano realizar uma perícia médica. Sem mobilidade, a família contratou uma ambulância particular para levá-la à agência, mas, ao chegar, descobriu que não havia médico disponível. Esse episódio reflete a frustração de milhares de brasileiros que enfrentam cancelamentos sumários e a escassez de servidores, enquanto o governo planeja um novo concurso público para 500 vagas de peritos.
O agendamento de perícias pelo aplicativo Meu INSS até pode ser rápido, mas a execução do serviço esbarra em um problema crônico: a falta de pessoal. Com cerca de 3.100 peritos ativos atualmente, o INSS não consegue atender à demanda crescente, agravada por 650 profissionais afastados por políticas internas e outros 450 em férias ou licenças. Dados extraoficiais apontam uma fila de 1,8 milhão de pedidos em análise, sendo metade aguardando perícia. A falta de transparência na divulgação de informações oficiais, com o Boletim Estatístico da Previdência Social paralisado desde novembro de 2024, só aumenta a incerteza para os segurados.
Enquanto isso, a relação entre a Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP) e o governo segue tensa. A greve, que envolve entre 300 e 1.000 peritos, conforme estimativas divergentes, expõe um embate que já resultou em 50 processos judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A batalha não é apenas por melhores condições de trabalho, mas também por questões de produtividade e remuneração, em um cenário onde a população mais vulnerável paga o preço mais alto.
Fila interminável: os números por trás do caos
A espera por benefícios previdenciários, como aposentadorias e auxílios por incapacidade, sempre foi um desafio no Brasil, mas a greve dos peritos médicos transformou essa espera em um pesadelo para muitos. Em julho de 2024, antes do início da paralisação, a fila de perícias já alcançava 576 mil pessoas. Em janeiro de 2025, esse número saltou para 686 mil, segundo dados parciais do Ministério da Previdência Social. Hoje, estima-se que o estoque total de pedidos pendentes esteja em 1,8 milhão, com metade aguardando avaliação médica. A produtividade atual dos peritos, limitada a cerca de 250 mil perícias por mês, está longe de dar conta das 900 mil avaliações em atraso, evidenciando um déficit estrutural que não fecha as contas.
Diferentes fatores contribuem para esse cenário. Dos 3.100 peritos ativos, uma parcela significativa está fora de serviço: 650 por políticas internas e 450 por afastamentos temporários. A greve, que afeta cerca de 10% da categoria, segundo o INSS, reduz ainda mais a capacidade de atendimento. Francisco Cardoso, vice-presidente da ANMP, estima que mil peritos aderiram ao movimento, enquanto Adroaldo Portal, secretário da Previdência Social, aponta apenas 300 grevistas. Independentemente do número exato, o impacto é claro: entre agosto e dezembro de 2024, mais de 125 mil perícias foram canceladas, deixando segurados como a moradora de Sumaré sem solução.
A situação também é agravada pela falta de dados oficiais atualizados. O Boletim Estatístico da Previdência Social, que deveria ser publicado mensalmente, não é atualizado desde novembro de 2024, dificultando o acompanhamento do problema. Enquanto isso, o INSS tenta reagendar perícias automaticamente, mas a escassez de profissionais disponíveis torna a medida insuficiente para atender à demanda reprimida.
Conflito entre peritos e governo: uma guerra de acusações
O embate entre os peritos médicos e o Ministério da Previdência Social é o cerne da crise atual. A greve, iniciada em agosto de 2024, tem como pano de fundo a insatisfação com mudanças impostas pelo governo após um acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU). Em 2022, um acordo para encerrar uma paralisação anterior reduziu em 40% a produtividade dos peritos, mas o TCU declarou essa medida ilegal, exigindo a criação de um novo Programa de Gestão e Desempenho. A alteração aumentou as metas de trabalho, gerando revolta na categoria, que agora cobra a manutenção dos direitos acordados há três anos.
A ANMP acusa o governo de praticar um “lockout”, bloqueando agendas dos grevistas e suspendendo seus salários como forma de pressão. Em resposta, o Ministério da Previdência Social editou um ato normativo determinando que os peritos que não retornarem ao trabalho terão os pagamentos cortados. A associação, por sua vez, alega que o INSS realiza “perícias fake”, desmarcando consultas no sistema para manipular estatísticas e mascarar a gravidade da crise. Esse jogo de acusações já chegou ao STJ, onde 50 processos judiciais tramitam, evidenciando a falta de diálogo entre as partes.
Em meio ao impasse, medidas judiciais tentam minimizar o impacto. O STJ determinou que 70% das agendas de perícias sejam mantidas durante a greve, mas Francisco Cardoso afirma que, desde janeiro de 2025, o governo tem remarcado 100% das consultas dos grevistas, forçando o corte total de seus pontos. A tensão culminou em ações como o bloqueio de agendas e o desconto salarial, afetando ainda mais a capacidade de atendimento do INSS.
Casos reais: o drama dos segurados afetados
Histórias como a da moradora de Sumaré ilustram o sofrimento de quem depende do INSS. Após sofrer um AVC, a mulher de 52 anos perdeu a mobilidade e, há mais de um ano, tenta obter o benefício por incapacidade. A família, sem condições de arcar com os custos de seu tratamento, pagou por uma ambulância para levá-la à agência, mas a ausência de peritos no local frustrou a tentativa. Casos semelhantes se multiplicam pelo país, com segurados enfrentando remarcações constantes e longos períodos de espera.
Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, médicos peritos protestaram em fevereiro de 2025 para chamar a atenção para a demora nas perícias, enquanto no Pará, quase 30 mil segurados foram afetados pela paralisação, que mobilizou 26% dos peritos locais desde setembro de 2024. Maria Assunção, outra segurada, relatou que sua perícia, inicialmente marcada para janeiro de 2025, foi adiada para março devido à greve. Sem o benefício, ela enfrenta dificuldades para comprar medicamentos essenciais, um reflexo da dependência de milhões de brasileiros em relação ao sistema previdenciário.
O INSS tenta amenizar o problema com reagendamentos automáticos desde janeiro de 2025, informando novas datas por SMS, pelo aplicativo Meu INSS ou pela Central 135. A prioridade é atender os segurados no mesmo dia com outros peritos disponíveis, mas a falta de profissionais torna essa meta difícil de alcançar, prolongando a angústia de quem já está em situação de vulnerabilidade.
Medidas emergenciais e promessas de solução
Diante da crise, o governo anunciou iniciativas para tentar conter o colapso no atendimento. Uma das principais apostas é a realização de um novo concurso público, previsto para preencher 500 vagas de médicos peritos, com salários iniciais de R$ 14,1 mil. Mais de 22 mil candidatos se inscreveram, e a expectativa é convocar todos os aprovados imediatamente para reduzir a fila de perícias. A prioridade será para as regiões Norte e Nordeste, embora a distribuição exata das vagas ainda esteja em estudo.
Além disso, desde 27 de janeiro de 2025, o INSS passou a reagendar automaticamente as perícias canceladas pela greve, utilizando a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev) para realocar os segurados. Os usuários são notificados por mensagens automáticas, mas a efetividade da medida é limitada pela quantidade reduzida de peritos ativos. Outra ação do governo foi bloquear as agendas dos grevistas, transferindo os atendimentos para profissionais que não aderiram ao movimento, uma decisão criticada pela ANMP, que estima o cancelamento de 15 mil perícias por dia como consequência.
O histórico de paralisações também revela tentativas anteriores de solução. Em 2022, a redução de 40% na produtividade foi uma saída para encerrar a greve, mas a auditoria do TCU apontou que os peritos trabalham, em média, menos de 50% da jornada prevista em lei, um ponto que continua alimentando o conflito com o governo.
O que os segurados podem fazer enquanto esperam
Para quem está na fila do INSS, algumas ações podem ajudar a acompanhar o processo e evitar surpresas. O aplicativo Meu INSS oferece ferramentas como a simulação de aposentadoria e o acompanhamento do status de pedidos, além de permitir o agendamento de perícias. A Central 135 também é uma opção para esclarecer dúvidas e confirmar datas, embora o volume de ligações muitas vezes resulte em longas esperas.
Aqui estão algumas dicas práticas para os segurados:
- Verifique regularmente o aplicativo Meu INSS para atualizações sobre o agendamento.
- Mantenha o número de telefone cadastrado atualizado para receber notificações por SMS.
- Em caso de atraso superior a 45 dias para a perícia, considere buscar orientação jurídica para garantir o atendimento.
- Prepare documentos médicos adicionais, como laudos e exames, para apresentar em eventuais reagendamentos.
Essas medidas não resolvem o problema estrutural, mas podem minimizar os transtornos enquanto o impasse entre peritos e governo persiste.
Cronologia da crise: como chegamos até aqui
Entender a evolução do problema ajuda a dimensionar sua gravidade. Veja os principais marcos recentes:
- Julho de 2024: Fila de perícias chega a 576 mil pessoas antes da greve.
- Agosto de 2024: Início da paralisação parcial dos peritos, afetando 10% da categoria.
- Novembro de 2024: Publicação do Boletim Estatístico da Previdência Social é interrompida.
- Janeiro de 2025: Fila atinge 686 mil, e INSS começa reagendamentos automáticos.
- Março de 2025: Estimativa extraoficial aponta 1,8 milhão de pedidos pendentes.
Esse cronograma reflete a escalada de um problema que mistura falta de pessoal, greves e decisões judiciais, mantendo o sistema em um estado de fragilidade.
Produtividade em xeque: o gargalo que não resolve
A produtividade dos peritos médicos é um dos principais entraves para zerar o estoque de perícias. Mesmo antes da greve, o ritmo de 250 mil avaliações mensais já era insuficiente para as 900 mil pendências acumuladas. A auditoria do TCU revelou que a jornada média de trabalho da categoria não chega a 50% do previsto, um reflexo do acordo de 2022 que agora está no centro da disputa. Com a paralisação, o número de perícias realizadas caiu ainda mais, ampliando o déficit.
A ANMP defende que as condições de trabalho e a pressão por metas inviabilizam um atendimento de qualidade, enquanto o governo insiste em aumentar a produtividade para atender à demanda. Há uma proposta em discussão para repor os salários dos grevistas em troca de um mutirão que liquide as perícias pendentes em um ano, mas o acordo ainda não foi formalizado. Até que isso aconteça, a fila continua crescendo, e os segurados seguem à espera de uma solução que parece distante.
