Dando início à programação de 2025, a Galeria Karla Osorio, localizada no Lago Sul, abriu suas portas para a abertura de duas exposições individuais. De um lado, a paisagem política e contemporânea do italiano Lucio Salvatore; e do outro, o trabalho do baiano Guilherme Almeida que exalta a potência do mar, um dos pilares da vida na Bahia. Apesar de diferentes, as pesquisas poéticas dos artistas convergem na linguagem pictórica.
Com um coquetel agradável, a galerista Karla Osorio recebeu um grupo seleto de convidados, entre eles nomes da cena cultural brasiliense, diplomatas e entusiastas da arte. Na ocasião, os visitantes puderam conhecer as obras expostas, conversar com os autores das mostras e brindar a novidade.
Paisagem política e contemporânea
Com curadoria do francês Marc Pottier, a mostra de Lucio, intitulada Defeito de Identidade, reúne cerca de 40 obras, criadas especificamente para a ocasião. Mesclando pintura e fotografia — um dos primeiros suportes usados pelo artista —, os trabalhos resultam de uma pesquisa que Lucio desenvolve há cinco anos e que começou a partir da biodiversidade brasileira.
“Quis usar a fotografia, porque, hoje em dia, ela não é só uma maneira de representar a realidade. É a maneira com a qual nós vivemos a realidade, é a nossa maneira de mediar a realidade. Então, a fotografia se torna um pouco a nossa gramática visual”, detalha o italiano.
A pintura, por sua vez, foi a maneira encontrada pelo artista para resgatar uma relação mais direta com o público. “Não são pinturas expressionistas, são quase dispositivos críticos, para dar um instrumento ao público de ler, criar uma história, através das referências e da fotografia. São vários fragmentos que vêm de momentos diferentes”, esclarece. Para Lucio, “a arte é sagrada, não é consumismo”.
Nas palavras do curador, o italiano encontrou na linguagem pictórica sua “maneira de falar da vida dele, de temas políticos, estéticos, de recados que ele quer mandar”. Reverenciando nomes importantes do mundo artístico, como o alemão Joseph Beuys, autor do termo escultura social, que destaca o papel transformador da arte na sociedade, Lucio apresenta trabalhos belos, porém que transcendem a beleza estética, como explica Marc Pottier.
“Ao visualizar as pinturas, você vai pensar que é bonito, mas é bem mais que bonito. Pouco a pouco, você verá aparecer ao lado das plantas, das palmeiras, muitos elementos políticos, falando de imigração, da sociedade de consumo”, descreve Pottier. Para o curador, Lucio narra a complexidade da nossa realidade. “A vida é uma riqueza total, feita de muitas adições. Estamos em um mundo bonito, mas a realidade do mundo de hoje é difícil e complicada”.
O tema da imigração é um dos que perpassa a exposição. Ao retratar, por exemplo, plantas que existem no Brasil, mas que vieram de outros países, Lucio pincela a questão. “É uma maneira de dizer que o que você está olhando no dia a dia, até as plantas, não tem uma realidade, mas que a imigração cultural faz parte da nossa vida. E acho que o grande poder dessa exposição é mandar esse tipo de recado além da beleza das pinturas”, conclui Pottier.
O protagonismo do mar
Em Mar que traz, também Leva, Guilherme Almeida apresenta 21 trabalhos em que se debruça sobre a obra de Dorival Caymmi, em especial o primeiro álbum, Canções Praieiras. Seja com as pinturas, seja com os vasos, feitos em jornal e cerâmica, Guilherme traz o mar como protagonista da narrativa.
“Onde tem o mar como seu principal meio de transporte, de onde se tira toda a culinária, o sustento, o transporte de onde vieram essas pessoas que moram em Salvador. E, em específico, eu trago a vida dos trabalhadores do mar, sejam eles os pescadores, os marinheiros, aqueles que saem das suas casas na madrugada para tirar o sustento e voltam no outro dia. O mar é um ambiente muito especial, mas também é um ambiente extremamente perigoso, porque a gente não conhece o mar”, detalha.
Guilherme começou a pintar quando realizou um curso no Museu de Arte Moderna da Bahia em 2017. Inicialmente, se apaixonou pelas formas abstratas, mas depois decidiu trazer o figurativismo para dentro das telas. Assim como o trabalho solitário de um pintor, Guilherme narra uma história de solidão. “É um conto triste, mas que as obras fazem ser bonito”, pontua.
Com uma pincelada que chega a ser pastosa, o artista cria sombra, luzes e dá vida ao personagem, “quase que sai do quadro”. “ Porque eu também trabalho com pincelada única, de um traço só. Então, pego a tinta e percorro o braço todo do personagem. Não fico muito tempo em uma parte só do corpo dele. Cria-se esse movimento, essa brincadeira na pintura”, finaliza.
Assista ao vídeo do evento de abertura das exposições de Lucio Salvatore e Guilherme Almeida:
Confira as fotos de Nina Quintana:
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Dando início à programação de 2025, a Galeria Karla Osorio, localizada no Lago Sul, abriu suas portas para a abertura de duas exposições individuais. De um lado, a paisagem política e contemporânea do italiano Lucio Salvatore; e do outro, o trabalho do baiano Guilherme Almeida que exalta a potência do mar, um dos pilares da vida na Bahia. Apesar de diferentes, as pesquisas poéticas dos artistas convergem na linguagem pictórica.
Com um coquetel agradável, a galerista Karla Osorio recebeu um grupo seleto de convidados, entre eles nomes da cena cultural brasiliense, diplomatas e entusiastas da arte. Na ocasião, os visitantes puderam conhecer as obras expostas, conversar com os autores das mostras e brindar a novidade.
Paisagem política e contemporânea
Com curadoria do francês Marc Pottier, a mostra de Lucio, intitulada Defeito de Identidade, reúne cerca de 40 obras, criadas especificamente para a ocasião. Mesclando pintura e fotografia — um dos primeiros suportes usados pelo artista —, os trabalhos resultam de uma pesquisa que Lucio desenvolve há cinco anos e que começou a partir da biodiversidade brasileira.
“Quis usar a fotografia, porque, hoje em dia, ela não é só uma maneira de representar a realidade. É a maneira com a qual nós vivemos a realidade, é a nossa maneira de mediar a realidade. Então, a fotografia se torna um pouco a nossa gramática visual”, detalha o italiano.
A pintura, por sua vez, foi a maneira encontrada pelo artista para resgatar uma relação mais direta com o público. “Não são pinturas expressionistas, são quase dispositivos críticos, para dar um instrumento ao público de ler, criar uma história, através das referências e da fotografia. São vários fragmentos que vêm de momentos diferentes”, esclarece. Para Lucio, “a arte é sagrada, não é consumismo”.
Nas palavras do curador, o italiano encontrou na linguagem pictórica sua “maneira de falar da vida dele, de temas políticos, estéticos, de recados que ele quer mandar”. Reverenciando nomes importantes do mundo artístico, como o alemão Joseph Beuys, autor do termo escultura social, que destaca o papel transformador da arte na sociedade, Lucio apresenta trabalhos belos, porém que transcendem a beleza estética, como explica Marc Pottier.
“Ao visualizar as pinturas, você vai pensar que é bonito, mas é bem mais que bonito. Pouco a pouco, você verá aparecer ao lado das plantas, das palmeiras, muitos elementos políticos, falando de imigração, da sociedade de consumo”, descreve Pottier. Para o curador, Lucio narra a complexidade da nossa realidade. “A vida é uma riqueza total, feita de muitas adições. Estamos em um mundo bonito, mas a realidade do mundo de hoje é difícil e complicada”.
O tema da imigração é um dos que perpassa a exposição. Ao retratar, por exemplo, plantas que existem no Brasil, mas que vieram de outros países, Lucio pincela a questão. “É uma maneira de dizer que o que você está olhando no dia a dia, até as plantas, não tem uma realidade, mas que a imigração cultural faz parte da nossa vida. E acho que o grande poder dessa exposição é mandar esse tipo de recado além da beleza das pinturas”, conclui Pottier.
O protagonismo do mar
Em Mar que traz, também Leva, Guilherme Almeida apresenta 21 trabalhos em que se debruça sobre a obra de Dorival Caymmi, em especial o primeiro álbum, Canções Praieiras. Seja com as pinturas, seja com os vasos, feitos em jornal e cerâmica, Guilherme traz o mar como protagonista da narrativa.
“Onde tem o mar como seu principal meio de transporte, de onde se tira toda a culinária, o sustento, o transporte de onde vieram essas pessoas que moram em Salvador. E, em específico, eu trago a vida dos trabalhadores do mar, sejam eles os pescadores, os marinheiros, aqueles que saem das suas casas na madrugada para tirar o sustento e voltam no outro dia. O mar é um ambiente muito especial, mas também é um ambiente extremamente perigoso, porque a gente não conhece o mar”, detalha.
Guilherme começou a pintar quando realizou um curso no Museu de Arte Moderna da Bahia em 2017. Inicialmente, se apaixonou pelas formas abstratas, mas depois decidiu trazer o figurativismo para dentro das telas. Assim como o trabalho solitário de um pintor, Guilherme narra uma história de solidão. “É um conto triste, mas que as obras fazem ser bonito”, pontua.
Com uma pincelada que chega a ser pastosa, o artista cria sombra, luzes e dá vida ao personagem, “quase que sai do quadro”. “ Porque eu também trabalho com pincelada única, de um traço só. Então, pego a tinta e percorro o braço todo do personagem. Não fico muito tempo em uma parte só do corpo dele. Cria-se esse movimento, essa brincadeira na pintura”, finaliza.
Assista ao vídeo do evento de abertura das exposições de Lucio Salvatore e Guilherme Almeida:
Confira as fotos de Nina Quintana:
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