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23 Apr 2025, Wed

Ywyzar Tentehar, atriz indígena de 'Vale Tudo', cobra respeito: 'Me chamam de índia de iPhone e me perguntam se foi a Funai que me deu'




Artista que interpretará papel de Renata Castro Barbosa na nova novela das 9 da TV Globo comenta troca com a veterana, revela reação ao descobrir que foi escalada para o folhetim, enaltece representatividade dos povos originários e explica importância da aldeia para a sua saúde mental “Não é sobre você. É sobre a gente. É sobre a nossa história.” As palavras ditas pela tia da atriz Ywyzar Tentehar ainda ecoam como um mantra. Desde cedo, ela foi criada para entender que suas conquistas são também ancestrais — quando ocupa um lugar, leva sua cultura e sua forma de ver o mundo para os trabalhos que estrela. Sua tia, que ela cita com carinho, é a também atriz Zahy Tentehar.
Agora em março, ela terá um grande desafio pela frente. A atriz faz parte do elenco de Vale Tudo, a próxima novela das 9 da TV Globo, uma das produções mais aguardadas da televisão. Aos 22 anos, ela também vive a expectativa da chegada de dois novos trabalhos às telas: Tarã (2025), do Disney+ e Guerreiros do Sol, do Globoplay
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Em entrevista a Marie Claire, Ywyzar diz que sabe onde quer chegagar. “Quero desmistificar esse lugar do padrão das pessoas indígenas e mostrar que somos diversos. Somos vários povos e exercemos várias funções. Existe indígena veterinário, médico, jogador… e em diversos contextos históricos”, brada.
O caminho para chegar no horário nobre da maior emissora do país não foi fácil. A atriz vem de uma aldeia na região Centro-Sul do Maranhão, onde morou até seus 11 anos. Na época, se mudou para o Rio de Janeiro para viver com sua mãe, que fazia parte de um grupo de ativistas da Aldeia Maracanã. Em 2022, seguindo os passos de sua tia, conseguiu sua primeira chance no audiovisual. Depois de fazer sucesso com um produtor de elenco, emplacou um trabalho em uma série da TV Cultura.
“Não acreditava que iria para frente. Não tinha tantos estudos e a galera vinha com grandes currículos, cargas de conhecimento… eu ainda estava crua, mas pensava que só de estar ali, já havia ganhado algo, porque era uma realidade muito distante para mim. Fui fazer o teste com roupas normais, sem franja, enquanto as outras meninas tinham cortado o cabelo e pareciam todas seguir um padrão ‘Tainá’. Achei que não me encaixava, mas quando saiu o resultado, chorei. Não sabia reagir. Demorei muito para acreditar”.
No set de Independências, suas inseguranças se destacaram. Ela se sentia despreparada e sem formação adequada, mas, recebeu um valioso conselho de sua tia, que também veio a ser sua colega de elenco. “Era uma história sobre como os portugueses chegaram no nosso território e nós éramos duas jovens que tiveram seu território invadido. Nossa família havia sido dizimada e nós éramos as únicas duas sobreviventes”, explica.
Ela disse que sente que chegou a lugares que batalhou. “Realizei muitos sonhos da minha criança interior. Sonhos que foram reprimidos, invalidados, porque não acreditam que a gente possa ocupar esse espaço. Não acreditam que a gente possa sair do nosso território. Minha criança não sabia o que era Disney, mal tinha acesso a TV. E, de repente, me vi nesse lugar tão grande. Às vezes, nem tinha noção do quão grandioso era.”
Ywyzar Tentehar detalha como superou inseguranças por ser indígena no meio audivisual
Divulgação
O caminho para ‘Vale Tudo’
Para Vale Tudo, o desafio é um pouco diferente. Meses antes a atriz tinha feito um teste com a mesma produtora de elenco, mas acabou não passando. Mais tarde, ela a convidou para fazer o teste para o remake daquela que é considerada uma das maiores novelas de todos os tempos. “O diretor disse que estava torcendo para mim. Sentou e me aconselhou: ‘Você tem muitas inseguranças por coisas que te falaram. Mas eu acredito em você e acho que deveria dar mais. Se alguém te falar para dar menos, pode dizer que fui eu que disse o contrário'”, compartilha.
Ela vai interpretar Flávia, uma estudante de Veterinária. O desejo de estar na produção é tão grande que ela abriu mão de outro projeto, por acreditar que este é um trabalho que pode lhe trazer experiência. “Essa personagem poderia ser interpretada por outra etnia, e quero sair um pouco dessa caixinha que as produções me colocam de ‘apenas indígenas’ — isso é, quando colocam”, argumenta.
Ela, no entanto, acredita ter deixado para trás a pressão de estar no folhetim, que é um dos mais aguardados dos últimos tempos. “No começo tinha um pouco de tensão em relação a como seria. Estavam com essa expectativa de carregar esse peso [do remake], e não só quem está chegando agora, mas também quem está há bastante tempo [na televisão]”, diz.
Ywyzar Tentehar revela como superou pressão por fazer parte de ‘Vale Tudo’ e preparação para personagem
Divulgação
Para se preparar para interpretar a personagem, ela e outros atores, como Pedro Waddington e Ramille, chegaram a visitar centros de animais para interagir com cavalos e outros bichos de grande porte. “Tive um pouco de medo, eram bem grandes, tem que saber lidar com eles. Mas agora, estou começando a me apegar e me apaixonar cada vez mais. Quero trabalhar bastante para comprar um cavalo”, brinca.
Atriz recebeu conselho de veterana que fez seu papel na versão original
Ywyzar revela que chegou a entrar em contato com Renata Castro Barbosa para conversar sobre a personagem que a veterana interpretou no passado. “Demorei um pouco para mandar mensagem. Fiquei insegura, não sabia se fazia sentido”, admite. Mas, eventualmente, criou coragem e acabou recebendo uma resposta muito positiva.
“Ela foi super acolhedora, me mandou um vídeo de dez minutos como resposta. Disse que achou incrível e que estava curiosa para saber quem interpretaria [a Flávia]. Ela também foi sua primeira personagem em uma novela e contou ter ficado muito feliz com ela. Me aconselhou a curtir bastante e [prometeu] que todo mundo iria torcer muito por mim”.
Para construir sua própria Flávia, a atriz assistiu alguns capítulos da versão original, para entender melhor a história, mas tentou não se influenciar muito. “Não queria ficar presa. Os personagens mudaram também. Antes, eram jovens, e agora são mais velhos, estão na faculdade, trabalhando… em um outro contexto. Essas referências não serviriam para essa nova história”, justifica.
Autoestima e saúde mental
Na conversa, a artista ainda se abriu a respeito de sua autoestima e como cuida de sua saúde mental. “Por muito tempo, me comparei muito, principalmente quando entrei no audiovisual. Vi pessoas da minha idade com diversas relações, contextos, e me questionava: ‘Por que sou tão diferente?'”, confessa.
No entanto, deu a volta por cima. “Quando fui amadurecendo, entendi meu lugar como indígena e com outras realidades e perspectivas. Achava que não merecia estar aqui, por não ter ninguém igual a mim. Mas minha tia falou: ‘Não é sobre você. É sobre a gente. É sobre a nossa história. Quantos indígenas você vê? Se você abrir mão, pode vir uma pessoa branca e fazer, e estaremos em um lugar de escassez’.”
Ela ainda enaltece que, todo conhecimento ocidental que pessoas não-indígenas têm, os povos nativos também tem. “A gente sabe a geografia pelo nosso conhecimento das matas, a química dos remédios, a arte está na nossa vida, na nossa dança, cultura, rituais. Não precisa estar em uma universidade para se dizer artista, está na minha identidade”, reforça. Por isso, sempre que se sente vulnerável, tende a retornar à sua aldeia. “É onde me conecto com todas as energias positivas da minha vida. Tem um ditado que gosto muito, que diz isso: ‘O rio que esquece sua nascente, ele seca e morre’.”
Ywyzar Tentehar resgata herança indígena para lidar com saúde mental
Divulgação
Mesmo ocupando mais espaços como pessoa indígena e com o avanço dos movimentos sociais, Ywyzar relata não estar imune ao preconceito contra os povos originários. “Já estamos em 2025 e ainda tem pessoas que não querem aprender [sobre nossa diversidade]. As informações estão aí, mas as pessoas não buscam”, critica.
“Até hoje ouço pessoas me chamando de ‘índia’ de iPhone e perguntam: ‘A Funai [Fundação Nacional dos Povos Indígenas] te deu isso? Nossos impostos dos nossos trabalhos tem que ir para vocês?'” – Ywyzar Tentehar
O futuro é indígena
Por fim, a atriz entende a responsabilidade que tem como mulher indígena de ocupar um espaço tão único no audiovisual. “Tem esse peso: se tudo der errado, não é sobre mim, é sobre a gente. Tenho que saber do que estou falando e com quem estou falando”, entende. Ela ainda conta que visitou sua aldeia em 2023 e, lá, viu suas primas curiosas com “a água salgada do Rio de Janeiro” e relatando que também gostariam de se tornarem atrizes como Ywyzar.
Por isso, a mesma conta com uma grande rede de apoio e revela enviar testes de elenco para parentes situados em Roraima e Bahia. “Digo para atualizarem seus materiais e me ofereço para ajudar. É um dando apoio para o outro. A gente se acolhe muito, e as redes facilitaram muito a nossa relação”, conta. Um de seus parceiros, nesse sentido, é Adanilo, ator de origem indígena e manauara que fez sucesso ao interpretar Deocleciano na primeira parte de Renascer e, agora, está no elenco da novela das 7 da Globo, Volta por Cima. “A gente troca sobre nossa cultura, nosso lugar, me dá conselhos e me acolhe. Quando podemos, ainda almoçamos juntos”, exalta.
O que o futuro reserva para Ywyzar ainda é um mistério. Mas, se depender dela, ele será predominantemente indígena. “Quero fazer cinema e estudar diferentes formas de estar nesse lugar. Quero maior protagonismo indígena e não só na teoria. Queremos debater e ser ouvidos, poder falar nossas verdades feitas por nós. Quero ver indígenas no roteiro, na produção, atuando, fazendo médicos, advogados, ricos, pobres… indígenas reais e capazes, como somos”, conclui.
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Agora em março, ela terá um grande desafio pela frente. A atriz faz parte do elenco de Vale Tudo, a próxima novela das 9 da TV Globo, uma das produções mais aguardadas da televisão. Aos 22 anos, ela também vive a expectativa da chegada de dois novos trabalhos às telas: Tarã (2025), do Disney+ e Guerreiros do Sol, do Globoplay
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“Não acreditava que iria para frente. Não tinha tantos estudos e a galera vinha com grandes currículos, cargas de conhecimento… eu ainda estava crua, mas pensava que só de estar ali, já havia ganhado algo, porque era uma realidade muito distante para mim. Fui fazer o teste com roupas normais, sem franja, enquanto as outras meninas tinham cortado o cabelo e pareciam todas seguir um padrão ‘Tainá’. Achei que não me encaixava, mas quando saiu o resultado, chorei. Não sabia reagir. Demorei muito para acreditar”.
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Ela disse que sente que chegou a lugares que batalhou. “Realizei muitos sonhos da minha criança interior. Sonhos que foram reprimidos, invalidados, porque não acreditam que a gente possa ocupar esse espaço. Não acreditam que a gente possa sair do nosso território. Minha criança não sabia o que era Disney, mal tinha acesso a TV. E, de repente, me vi nesse lugar tão grande. Às vezes, nem tinha noção do quão grandioso era.”
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Para Vale Tudo, o desafio é um pouco diferente. Meses antes a atriz tinha feito um teste com a mesma produtora de elenco, mas acabou não passando. Mais tarde, ela a convidou para fazer o teste para o remake daquela que é considerada uma das maiores novelas de todos os tempos. “O diretor disse que estava torcendo para mim. Sentou e me aconselhou: ‘Você tem muitas inseguranças por coisas que te falaram. Mas eu acredito em você e acho que deveria dar mais. Se alguém te falar para dar menos, pode dizer que fui eu que disse o contrário'”, compartilha.
Ela vai interpretar Flávia, uma estudante de Veterinária. O desejo de estar na produção é tão grande que ela abriu mão de outro projeto, por acreditar que este é um trabalho que pode lhe trazer experiência. “Essa personagem poderia ser interpretada por outra etnia, e quero sair um pouco dessa caixinha que as produções me colocam de ‘apenas indígenas’ — isso é, quando colocam”, argumenta.
Ela, no entanto, acredita ter deixado para trás a pressão de estar no folhetim, que é um dos mais aguardados dos últimos tempos. “No começo tinha um pouco de tensão em relação a como seria. Estavam com essa expectativa de carregar esse peso [do remake], e não só quem está chegando agora, mas também quem está há bastante tempo [na televisão]”, diz.
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Ywyzar revela que chegou a entrar em contato com Renata Castro Barbosa para conversar sobre a personagem que a veterana interpretou no passado. “Demorei um pouco para mandar mensagem. Fiquei insegura, não sabia se fazia sentido”, admite. Mas, eventualmente, criou coragem e acabou recebendo uma resposta muito positiva.
“Ela foi super acolhedora, me mandou um vídeo de dez minutos como resposta. Disse que achou incrível e que estava curiosa para saber quem interpretaria [a Flávia]. Ela também foi sua primeira personagem em uma novela e contou ter ficado muito feliz com ela. Me aconselhou a curtir bastante e [prometeu] que todo mundo iria torcer muito por mim”.
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Autoestima e saúde mental
Na conversa, a artista ainda se abriu a respeito de sua autoestima e como cuida de sua saúde mental. “Por muito tempo, me comparei muito, principalmente quando entrei no audiovisual. Vi pessoas da minha idade com diversas relações, contextos, e me questionava: ‘Por que sou tão diferente?'”, confessa.
No entanto, deu a volta por cima. “Quando fui amadurecendo, entendi meu lugar como indígena e com outras realidades e perspectivas. Achava que não merecia estar aqui, por não ter ninguém igual a mim. Mas minha tia falou: ‘Não é sobre você. É sobre a gente. É sobre a nossa história. Quantos indígenas você vê? Se você abrir mão, pode vir uma pessoa branca e fazer, e estaremos em um lugar de escassez’.”
Ela ainda enaltece que, todo conhecimento ocidental que pessoas não-indígenas têm, os povos nativos também tem. “A gente sabe a geografia pelo nosso conhecimento das matas, a química dos remédios, a arte está na nossa vida, na nossa dança, cultura, rituais. Não precisa estar em uma universidade para se dizer artista, está na minha identidade”, reforça. Por isso, sempre que se sente vulnerável, tende a retornar à sua aldeia. “É onde me conecto com todas as energias positivas da minha vida. Tem um ditado que gosto muito, que diz isso: ‘O rio que esquece sua nascente, ele seca e morre’.”
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Por isso, a mesma conta com uma grande rede de apoio e revela enviar testes de elenco para parentes situados em Roraima e Bahia. “Digo para atualizarem seus materiais e me ofereço para ajudar. É um dando apoio para o outro. A gente se acolhe muito, e as redes facilitaram muito a nossa relação”, conta. Um de seus parceiros, nesse sentido, é Adanilo, ator de origem indígena e manauara que fez sucesso ao interpretar Deocleciano na primeira parte de Renascer e, agora, está no elenco da novela das 7 da Globo, Volta por Cima. “A gente troca sobre nossa cultura, nosso lugar, me dá conselhos e me acolhe. Quando podemos, ainda almoçamos juntos”, exalta.
O que o futuro reserva para Ywyzar ainda é um mistério. Mas, se depender dela, ele será predominantemente indígena. “Quero fazer cinema e estudar diferentes formas de estar nesse lugar. Quero maior protagonismo indígena e não só na teoria. Queremos debater e ser ouvidos, poder falar nossas verdades feitas por nós. Quero ver indígenas no roteiro, na produção, atuando, fazendo médicos, advogados, ricos, pobres… indígenas reais e capazes, como somos”, conclui.
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