O mais recente remake live-action da Disney, Branca de Neve, chegou aos cinemas em março de 2025 trazendo uma mistura de ideias políticas ousadas e efeitos CGI que têm gerado reações mistas. Dirigido por Marc Webb, o filme apresenta Rachel Zegler como Branca de Neve e Gal Gadot como a Rainha Má, reinterpretando o clássico animado de 1937, que marcou a estreia de Walt Disney em longas-metragens. Embora o original siga como uma obra-prima atemporal, esta nova versão enfrenta uma crise de identidade, dividida entre homenagear suas raízes de conto de fadas e propor uma narrativa moderna e revolucionária. Com 1 hora e 49 minutos, a produção inclui Andrew Burnap como Jonathan, um interesse amoroso inspirado em Robin Hood, e anões digitais que oscilam entre fascínio e desconforto.
A estreia veio acompanhada de uma avalanche de controvérsias. Fãs do clássico questionaram a escolha de Zegler, de origem colombiana, para o papel da princesa tradicionalmente pálida, enquanto outros criticaram os anões em CGI como estereótipos ultrapassados. Declarações de Zegler e Gadot sobre o conflito Israel-Gaza também alimentaram o debate, tornando este um dos lançamentos mais polarizantes da Disney. Apesar disso, o filme não é um fracasso total, oferecendo uma combinação única, ainda que confusa, de charme nostálgico e ideias radicais que o diferencia de outros remakes como Pinocchio ou O Rei Leão.
A ambição é visível em alguns momentos. As cenas iniciais apresentam uma Branca de Neve cujo nome remete a uma nevasca no dia de seu nascimento, não à sua pele, e um reino utópico que ecoa ideais socialistas. Porém, à medida que a trama avança, o filme recua para uma recriação quase literal do desenho de 1937, com florestas artificiais e anões digitais que destoam do tom inicial, deixando o público entre dois mundos distintos.
Uma história em dois tons
Branca de Neve da Disney começa com uma releitura audaciosa do conto clássico. Uma longa sequência inicial redefine o nome da princesa como uma homenagem à tempestade de neve que marcou seu nascimento, afastando-se da associação tradicional com sua tez clara. Zegler interpreta a filha de um rei e uma rainha benevolentes que governavam um reino onde os frutos da terra eram compartilhados por todos que a cultivavam—uma visão inédita no universo das princesas Disney. Essas primeiras cenas sugerem um reino progressista, com diálogos e canções que evocam um espírito coletivo, aproximando-se de ideias quase marxistas.
A entrada de Gal Gadot como a Rainha Má intensifica essa abordagem. Após a morte da mãe de Branca de Neve, ela assume o poder manipulando o medo de uma ameaça externa para acumular riquezas, transformando a narrativa em uma crítica ao autoritarismo. O interesse amoroso, Jonathan, vivido por Andrew Burnap, surge não como príncipe, mas como líder de um grupo de ladrões ao estilo Robin Hood, incentivando a princesa a agir na canção “Waiting on a Wish”. Esse hino de empoderamento desafia o arquétipo passivo das princesas clássicas, surpreendendo pela coragem da direção de Marc Webb e do roteiro de Erin Cressida Wilson.
Tudo muda quando Branca de Neve foge para a floresta. O cenário ganha tons artificiais, reminiscentes de um passeio em parque temático, com flores exageradas e animais de olhos grandes. Zegler veste o icônico vestido de mangas bufantes, e os anões em CGI aparecem como figuras animatrônicas estranhas. Essa recriação fiel ao original choca com o tom revolucionário inicial, transformando o filme em um mosaico de visões conflitantes.
Nostalgia versus revolução
A dualidade do filme fica ainda mais evidente à medida que alterna entre rebelião sombria e fantasia nostálgica. Após conhecer o grupo de rebeldes de Jonathan, Branca de Neve canta “Princess Problems”, um dueto animado que remete à dinâmica de Leia e Han Solo, misturando romance e resistência. No entanto, a presença dos anões digitais ao lado desses foras da lei humanos cria uma redundância confusa—dois bandos na floresta sem funções claras. Os anões, apesar de centrais no título, têm impacto mínimo, enquanto uma mina mágica mencionada na trama permanece sem propósito, sugerindo um roteiro que não soube escolher seu foco.
Visualmente, o filme é um contraste constante. Ora apresenta um reino cinzento onde Branca de Neve sonha com uma revolta camponesa, ora mergulha em um mundo colorido de aristocratas encantadores. A trilha sonora reflete essa divisão, combinando hinos modernos de autoafirmação, compostos por Benj Pasek e Justin Paul (de The Greatest Showman), com as melodias alegres de 1937, criadas por Frank Churchill e Larry Morey. Essa oscilação impede que o filme encontre um ritmo coeso, embora não chegue a desmoronar completamente.
A direção de Marc Webb e o texto de Wilson mostram lampejos de genialidade em meio ao caos. Zegler oferece uma Branca de Neve determinada, enquanto Gadot entrega uma Rainha Má imponente. Burnap traz um charme rústico como Jonathan, ainda que seu papel careça de desenvolvimento. Os anões em CGI, porém, são o maior tropeço, com seu design realista e ao mesmo tempo perturbador gerando mais estranheza do que encanto.
Marcos na trajetória do remake
A produção de Branca de Neve da Disney foi marcada por polêmicas desde o início. Veja os principais momentos:
- 1937: O filme animado original estreia como o primeiro longa da Disney, definindo um padrão elevado.
- 2023: A escolha de Zegler e Gadot gera discussões sobre representatividade e contexto político.
- Março de 2025: O lançamento revela um filme que mistura nostalgia e temas progressistas.
Essa linha do tempo destaca o desafio de atualizar um clássico adorado enquanto se enfrenta expectativas contemporâneas, um equilíbrio que o filme não consegue sustentar plenamente.
Um experimento cinematográfico divisivo
Branca de Neve da Disney não alcança a leveza mágica do original de 1937, mas tem seus méritos. A tentativa de inserir ideias radicais em um conto de fadas oferece uma perspectiva nova, ainda que falhe na execução. O tom socialista do início e a crítica ao poder da Rainha Má dão um toque atual, enquanto as cenas na floresta buscam resgatar a nostalgia com resultados mistos. Com 1 hora e 49 minutos, a narrativa é compacta, mas desordenada, lutando para unificar suas duas almas.
A decisão de manter tanto os anões em CGI quanto o grupo de Jonathan reflete a indecisão do filme. Os anões, com sua aparência digital inquietante, parecem um elemento deslocado em uma história que poderia ter se sustentado apenas com os rebeldes humanos. A mina mágica, introduzida sem desdobramentos, é outro fio solto que atrapalha o ritmo. Ainda assim, as atuações seguram a trama, com Zegler e Gadot sustentando seus papéis em meio às mudanças de tom.
Pontos altos e escorregões
O remake tem aspectos notáveis e falhas evidentes:
- A Branca de Neve de Zegler brilha em canções como “Waiting on a Wish”.
- A Rainha Má de Gadot oferece uma visão assustadora do poder.
- Os anões em CGI, embora inovadores, causam mais desconforto do que encantamento.
- O grupo de Jonathan traz um toque moderno, mas fica subaproveitado.
Esses elementos revelam a ambição do filme e seus tropeços, tornando-o um caso curioso entre os remakes da Disney.
Um filme para debate, não para magia
Branca de Neve da Disney é uma obra peculiar, nem um sucesso estrondoso nem um desastre completo. Seu viés político ousado—evocando ideais marxistas em um conto de princesa—colide com a recriação nostálgica do clássico de 1937, resultando em uma experiência fragmentada. O ritmo sofre com as transições entre rebelião sombria e fantasia alegre, enquanto a trilha sonora mistura passado e presente de forma desajeitada. No fundo, é um filme que tenta agradar a dois públicos, mas não conquista nenhum inteiramente.
Apesar das falhas, essa crise de identidade o torna intrigante. Estudantes de cinema e política podem encontrar mais a explorar aqui do que crianças em busca da magia Disney. A escolha de mesclar reverência e revisionismo resulta em um produto fascinantemente imperfeito—menos uma história coesa e mais um ponto de partida para discussões. Embora não ameace o legado do original, ele cria seu próprio espaço como um experimento ousado, ainda que confuso.

O mais recente remake live-action da Disney, Branca de Neve, chegou aos cinemas em março de 2025 trazendo uma mistura de ideias políticas ousadas e efeitos CGI que têm gerado reações mistas. Dirigido por Marc Webb, o filme apresenta Rachel Zegler como Branca de Neve e Gal Gadot como a Rainha Má, reinterpretando o clássico animado de 1937, que marcou a estreia de Walt Disney em longas-metragens. Embora o original siga como uma obra-prima atemporal, esta nova versão enfrenta uma crise de identidade, dividida entre homenagear suas raízes de conto de fadas e propor uma narrativa moderna e revolucionária. Com 1 hora e 49 minutos, a produção inclui Andrew Burnap como Jonathan, um interesse amoroso inspirado em Robin Hood, e anões digitais que oscilam entre fascínio e desconforto.
A estreia veio acompanhada de uma avalanche de controvérsias. Fãs do clássico questionaram a escolha de Zegler, de origem colombiana, para o papel da princesa tradicionalmente pálida, enquanto outros criticaram os anões em CGI como estereótipos ultrapassados. Declarações de Zegler e Gadot sobre o conflito Israel-Gaza também alimentaram o debate, tornando este um dos lançamentos mais polarizantes da Disney. Apesar disso, o filme não é um fracasso total, oferecendo uma combinação única, ainda que confusa, de charme nostálgico e ideias radicais que o diferencia de outros remakes como Pinocchio ou O Rei Leão.
A ambição é visível em alguns momentos. As cenas iniciais apresentam uma Branca de Neve cujo nome remete a uma nevasca no dia de seu nascimento, não à sua pele, e um reino utópico que ecoa ideais socialistas. Porém, à medida que a trama avança, o filme recua para uma recriação quase literal do desenho de 1937, com florestas artificiais e anões digitais que destoam do tom inicial, deixando o público entre dois mundos distintos.
Uma história em dois tons
Branca de Neve da Disney começa com uma releitura audaciosa do conto clássico. Uma longa sequência inicial redefine o nome da princesa como uma homenagem à tempestade de neve que marcou seu nascimento, afastando-se da associação tradicional com sua tez clara. Zegler interpreta a filha de um rei e uma rainha benevolentes que governavam um reino onde os frutos da terra eram compartilhados por todos que a cultivavam—uma visão inédita no universo das princesas Disney. Essas primeiras cenas sugerem um reino progressista, com diálogos e canções que evocam um espírito coletivo, aproximando-se de ideias quase marxistas.
A entrada de Gal Gadot como a Rainha Má intensifica essa abordagem. Após a morte da mãe de Branca de Neve, ela assume o poder manipulando o medo de uma ameaça externa para acumular riquezas, transformando a narrativa em uma crítica ao autoritarismo. O interesse amoroso, Jonathan, vivido por Andrew Burnap, surge não como príncipe, mas como líder de um grupo de ladrões ao estilo Robin Hood, incentivando a princesa a agir na canção “Waiting on a Wish”. Esse hino de empoderamento desafia o arquétipo passivo das princesas clássicas, surpreendendo pela coragem da direção de Marc Webb e do roteiro de Erin Cressida Wilson.
Tudo muda quando Branca de Neve foge para a floresta. O cenário ganha tons artificiais, reminiscentes de um passeio em parque temático, com flores exageradas e animais de olhos grandes. Zegler veste o icônico vestido de mangas bufantes, e os anões em CGI aparecem como figuras animatrônicas estranhas. Essa recriação fiel ao original choca com o tom revolucionário inicial, transformando o filme em um mosaico de visões conflitantes.
Nostalgia versus revolução
A dualidade do filme fica ainda mais evidente à medida que alterna entre rebelião sombria e fantasia nostálgica. Após conhecer o grupo de rebeldes de Jonathan, Branca de Neve canta “Princess Problems”, um dueto animado que remete à dinâmica de Leia e Han Solo, misturando romance e resistência. No entanto, a presença dos anões digitais ao lado desses foras da lei humanos cria uma redundância confusa—dois bandos na floresta sem funções claras. Os anões, apesar de centrais no título, têm impacto mínimo, enquanto uma mina mágica mencionada na trama permanece sem propósito, sugerindo um roteiro que não soube escolher seu foco.
Visualmente, o filme é um contraste constante. Ora apresenta um reino cinzento onde Branca de Neve sonha com uma revolta camponesa, ora mergulha em um mundo colorido de aristocratas encantadores. A trilha sonora reflete essa divisão, combinando hinos modernos de autoafirmação, compostos por Benj Pasek e Justin Paul (de The Greatest Showman), com as melodias alegres de 1937, criadas por Frank Churchill e Larry Morey. Essa oscilação impede que o filme encontre um ritmo coeso, embora não chegue a desmoronar completamente.
A direção de Marc Webb e o texto de Wilson mostram lampejos de genialidade em meio ao caos. Zegler oferece uma Branca de Neve determinada, enquanto Gadot entrega uma Rainha Má imponente. Burnap traz um charme rústico como Jonathan, ainda que seu papel careça de desenvolvimento. Os anões em CGI, porém, são o maior tropeço, com seu design realista e ao mesmo tempo perturbador gerando mais estranheza do que encanto.
Marcos na trajetória do remake
A produção de Branca de Neve da Disney foi marcada por polêmicas desde o início. Veja os principais momentos:
- 1937: O filme animado original estreia como o primeiro longa da Disney, definindo um padrão elevado.
- 2023: A escolha de Zegler e Gadot gera discussões sobre representatividade e contexto político.
- Março de 2025: O lançamento revela um filme que mistura nostalgia e temas progressistas.
Essa linha do tempo destaca o desafio de atualizar um clássico adorado enquanto se enfrenta expectativas contemporâneas, um equilíbrio que o filme não consegue sustentar plenamente.
Um experimento cinematográfico divisivo
Branca de Neve da Disney não alcança a leveza mágica do original de 1937, mas tem seus méritos. A tentativa de inserir ideias radicais em um conto de fadas oferece uma perspectiva nova, ainda que falhe na execução. O tom socialista do início e a crítica ao poder da Rainha Má dão um toque atual, enquanto as cenas na floresta buscam resgatar a nostalgia com resultados mistos. Com 1 hora e 49 minutos, a narrativa é compacta, mas desordenada, lutando para unificar suas duas almas.
A decisão de manter tanto os anões em CGI quanto o grupo de Jonathan reflete a indecisão do filme. Os anões, com sua aparência digital inquietante, parecem um elemento deslocado em uma história que poderia ter se sustentado apenas com os rebeldes humanos. A mina mágica, introduzida sem desdobramentos, é outro fio solto que atrapalha o ritmo. Ainda assim, as atuações seguram a trama, com Zegler e Gadot sustentando seus papéis em meio às mudanças de tom.
Pontos altos e escorregões
O remake tem aspectos notáveis e falhas evidentes:
- A Branca de Neve de Zegler brilha em canções como “Waiting on a Wish”.
- A Rainha Má de Gadot oferece uma visão assustadora do poder.
- Os anões em CGI, embora inovadores, causam mais desconforto do que encantamento.
- O grupo de Jonathan traz um toque moderno, mas fica subaproveitado.
Esses elementos revelam a ambição do filme e seus tropeços, tornando-o um caso curioso entre os remakes da Disney.
Um filme para debate, não para magia
Branca de Neve da Disney é uma obra peculiar, nem um sucesso estrondoso nem um desastre completo. Seu viés político ousado—evocando ideais marxistas em um conto de princesa—colide com a recriação nostálgica do clássico de 1937, resultando em uma experiência fragmentada. O ritmo sofre com as transições entre rebelião sombria e fantasia alegre, enquanto a trilha sonora mistura passado e presente de forma desajeitada. No fundo, é um filme que tenta agradar a dois públicos, mas não conquista nenhum inteiramente.
Apesar das falhas, essa crise de identidade o torna intrigante. Estudantes de cinema e política podem encontrar mais a explorar aqui do que crianças em busca da magia Disney. A escolha de mesclar reverência e revisionismo resulta em um produto fascinantemente imperfeito—menos uma história coesa e mais um ponto de partida para discussões. Embora não ameace o legado do original, ele cria seu próprio espaço como um experimento ousado, ainda que confuso.
