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19 Mar 2025, Wed

ex-governador de São Paulo deixa legado político marcante

Gustavo Scarpa e Willian Bigode na época que jogaram juntos pelo Palmeiras


Cláudio Lembo, ex-governador de São Paulo, faleceu aos 90 anos na manhã desta quarta-feira, 19 de março, em São Paulo, marcando o fim de uma trajetória política que atravessou décadas de transformações no Brasil. Advogado, professor e figura destacada no cenário paulista, Lembo assumiu o governo do estado em 2006, período lembrado tanto por sua gestão breve quanto pelos desafios enfrentados, como a onda de ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC). O velório ocorre na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), das 10h30 às 15h, seguido pelo sepultamento no Cemitério do Araçá, às 16h. A causa da morte não foi revelada pela família, mas a notícia gerou comoção entre políticos e cidadãos que acompanharam sua carreira. O governador Tarcísio de Freitas decretou luto oficial de três dias em homenagem ao político, que também foi um dos fundadores do PFL (atual DEM) e, mais tarde, filiado ao PSD.

Nascido em 12 de outubro de 1934, no bairro do Bixiga, em São Paulo, Lembo construiu uma carreira multifacetada, combinando atuação acadêmica e política. Formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), ele também foi doutor em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde atuou como reitor. Sua passagem pelo governo estadual, embora curta, ficou marcada por decisões polêmicas e por um posicionamento que, anos depois, o colocaria em destaque como crítico de eventos como o impeachment de Dilma Rousseff e a condenação de Lula no caso do triplex.

A morte de Lembo reacende memórias de um período turbulento na história recente de São Paulo e do Brasil. Ele deixa esposa, Renéa, o filho José Antônio e quatro netos: Carolina, Cristiana, Isabella e Lucas. Sua trajetória, que inclui cargos como vice-governador e secretário municipal em diferentes gestões, reflete uma vida dedicada ao serviço público e à política, com um legado que será debatido por anos.

Trajetória de Cláudio Lembo ganha destaque com sua morte

Um político do Bixiga ao Palácio dos Bandeirantes

Cláudio Salvador Lembo nasceu em um dos bairros mais tradicionais de São Paulo, o Bixiga, em 1934, filho de imigrantes italianos que moldaram sua visão de mundo. Advogado de formação, ele ingressou na política durante a ditadura militar, quando presidiu a Arena, partido de sustentação do regime. Sua carreira tomou um rumo significativo ao se tornar um dos fundadores do PFL, em 1985, ao lado de nomes como Aureliano Chaves e Jorge Bornhausen. Anos depois, em 2011, filiou-se ao PSD, partido liderado por Gilberto Kassab, com quem manteve uma relação próxima. Antes de chegar ao governo estadual, Lembo acumulou experiência como secretário municipal nas gestões de Olavo Setúbal, Jânio Quadros, Paulo Maluf e do próprio Kassab, demonstrando versatilidade em diferentes contextos políticos.

Eleito vice-governador em 2002, na chapa de Geraldo Alckmin, Lembo assumiu o comando do estado em 31 de março de 2006, quando Alckmin renunciou para disputar a Presidência da República. Foram apenas nove meses à frente do Palácio dos Bandeirantes, mas suficientes para que seu nome ficasse gravado na história paulista. Durante esse período, enfrentou uma das maiores crises de segurança pública do estado, com os ataques do PCC em maio de 2006, que resultaram em 564 mortes, incluindo policiais, agentes penitenciários e civis. Sua gestão foi marcada por decisões controversas, como a autorização para que uma advogada visitasse o líder da facção, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, em um presídio de segurança máxima, o que ajudou a cessar os ataques.

Carreira acadêmica e posições firmes

Além da política, Lembo se destacou no meio acadêmico como professor de Direito Constitucional e Direito Processual Civil. Sua passagem pela Universidade Mackenzie, onde foi reitor, consolidou sua reputação como intelectual. Após deixar o governo, ele manteve-se ativo no debate público, posicionando-se contra o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, e a condenação de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2017, no caso do triplex do Guarujá. Essas posturas, incomuns para alguém com raízes em partidos conservadores, revelaram um político que não temia contrariar aliados em nome de suas convicções. Gilberto Kassab, presidente do PSD, descreveu Lembo como um “cidadão exemplar” e “homem público sem uma única observação negativa”, destacando sua integridade.

Repercussão da morte e o impacto de maio de 2006

O legado de um governo sob pressão

A gestão de Cláudio Lembo como governador, embora breve, é frequentemente associada à crise de maio de 2006, quando o PCC coordenou uma série de ataques que paralisaram São Paulo. Rebeliões em presídios, atentados contra delegacias, batalhões policiais e ônibus marcaram aquele mês, deixando um saldo de 564 mortos, entre eles 59 agentes de segurança. Lembo, que assumira o cargo havia pouco mais de um mês, enfrentou o desafio de restaurar a ordem em meio ao caos. Uma das medidas mais lembradas foi a autorização para que a advogada Iracema Vasciaveo se reunisse com Marcola no Presídio de Presidente Bernardes. O encontro, facilitado por uma aeronave oficial, foi decisivo para o fim da onda de violência, mas gerou críticas e suspeitas de negociação com o crime organizado, algo que Lembo sempre negou.

O episódio expôs fragilidades no sistema penitenciário e na segurança pública paulista, mas também destacou a capacidade de Lembo de tomar decisões rápidas em momentos críticos. Anos depois, em 2015, ele justificou a medida como uma ação necessária para encerrar os motins, afirmando que a autorizaria novamente se preciso. O impacto daquele maio sangrento ainda ecoa, e a morte de Lembo traz à tona discussões sobre como o estado lidou com a crise e suas consequências de longo prazo. O cortejo fúnebre, acompanhado por batedores da Polícia Militar, reflete o reconhecimento oficial de sua passagem pelo governo.

Cronologia da crise que marcou sua gestão

A onda de ataques do PCC em 2006 seguiu uma sequência de eventos que testaram a liderança de Lembo. Aqui está um resumo dos principais momentos:

  • 12 de maio: Rebeliões eclodem em 74 presídios do estado, com presos ligados ao PCC exigindo melhores condições.
  • 13 de maio: Ataques a delegacias e batalhões começam na capital e no interior, com 59 agentes de segurança mortos até o fim do dia.
  • 14 de maio: Ônibus são incendiados, e a violência se espalha, afetando a população civil.
  • 15 de maio: Lembo autoriza a visita da advogada ao presídio, e os ataques começam a diminuir após a reunião com Marcola.
  • 18 de maio: A situação é controlada, mas o saldo final registra 564 mortes, incluindo 124 civis.

Esse período marcou um dos capítulos mais difíceis da segurança pública em São Paulo e permanece como um divisor de águas na memória coletiva do estado.

Homenagens e o futuro do legado de Lembo

Políticos lamentam e exaltam sua trajetória

A morte de Cláudio Lembo mobilizou figuras políticas de diferentes espectros. Tarcísio de Freitas, atual governador, expressou pesar em nota oficial e decretou luto de três dias, destacando os “sentimentos aos familiares e amigos”. Gilberto Kassab, em uma publicação nas redes sociais, reforçou a imagem de Lembo como um homem de missão cumprida, lembrando sua amizade pessoal e parceria política. Outros nomes, como o ex-governador José Serra, que assumiu o cargo após Lembo em 2007, também manifestaram condolências, evidenciando o respeito que ele conquistou ao longo dos anos. A Alesp, onde ocorre o velório, abriu suas portas para que o público preste as últimas homenagens.

Lembo deixa um legado que vai além de sua passagem pelo governo. Sua atuação como vice-governador entre 2003 e 2006, sob Alckmin, e as secretarias municipais que ocupou mostram um político adaptável, capaz de transitar entre diferentes administrações. Sua crítica aos rumos da política brasileira nos últimos anos, como o apoio à manutenção de mandatos democraticamente eleitos, reforça a imagem de alguém que valorizava a estabilidade institucional, mesmo em meio a controvérsias.

Detalhes do adeus a Cláudio Lembo

O velório e o sepultamento de Lembo seguem um cronograma definido pela família e pelo governo estadual. Confira os horários e locais:

  • Velório: Das 10h30 às 15h, no Hall Monumental da Assembleia Legislativa de São Paulo, na zona sul da capital.
  • Sepultamento: A partir das 16h, no Cemitério do Araçá, na região central de São Paulo, com cortejo acompanhado pela Polícia Militar.

A cerimônia reflete a importância de Lembo para o estado, reunindo familiares, amigos e autoridades em um momento de despedida. Sua morte encerra uma era na política paulista, mas sua influência, marcada por conquistas e desafios, continuará a ser lembrada.



Cláudio Lembo, ex-governador de São Paulo, faleceu aos 90 anos na manhã desta quarta-feira, 19 de março, em São Paulo, marcando o fim de uma trajetória política que atravessou décadas de transformações no Brasil. Advogado, professor e figura destacada no cenário paulista, Lembo assumiu o governo do estado em 2006, período lembrado tanto por sua gestão breve quanto pelos desafios enfrentados, como a onda de ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC). O velório ocorre na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), das 10h30 às 15h, seguido pelo sepultamento no Cemitério do Araçá, às 16h. A causa da morte não foi revelada pela família, mas a notícia gerou comoção entre políticos e cidadãos que acompanharam sua carreira. O governador Tarcísio de Freitas decretou luto oficial de três dias em homenagem ao político, que também foi um dos fundadores do PFL (atual DEM) e, mais tarde, filiado ao PSD.

Nascido em 12 de outubro de 1934, no bairro do Bixiga, em São Paulo, Lembo construiu uma carreira multifacetada, combinando atuação acadêmica e política. Formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), ele também foi doutor em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde atuou como reitor. Sua passagem pelo governo estadual, embora curta, ficou marcada por decisões polêmicas e por um posicionamento que, anos depois, o colocaria em destaque como crítico de eventos como o impeachment de Dilma Rousseff e a condenação de Lula no caso do triplex.

A morte de Lembo reacende memórias de um período turbulento na história recente de São Paulo e do Brasil. Ele deixa esposa, Renéa, o filho José Antônio e quatro netos: Carolina, Cristiana, Isabella e Lucas. Sua trajetória, que inclui cargos como vice-governador e secretário municipal em diferentes gestões, reflete uma vida dedicada ao serviço público e à política, com um legado que será debatido por anos.

Trajetória de Cláudio Lembo ganha destaque com sua morte

Um político do Bixiga ao Palácio dos Bandeirantes

Cláudio Salvador Lembo nasceu em um dos bairros mais tradicionais de São Paulo, o Bixiga, em 1934, filho de imigrantes italianos que moldaram sua visão de mundo. Advogado de formação, ele ingressou na política durante a ditadura militar, quando presidiu a Arena, partido de sustentação do regime. Sua carreira tomou um rumo significativo ao se tornar um dos fundadores do PFL, em 1985, ao lado de nomes como Aureliano Chaves e Jorge Bornhausen. Anos depois, em 2011, filiou-se ao PSD, partido liderado por Gilberto Kassab, com quem manteve uma relação próxima. Antes de chegar ao governo estadual, Lembo acumulou experiência como secretário municipal nas gestões de Olavo Setúbal, Jânio Quadros, Paulo Maluf e do próprio Kassab, demonstrando versatilidade em diferentes contextos políticos.

Eleito vice-governador em 2002, na chapa de Geraldo Alckmin, Lembo assumiu o comando do estado em 31 de março de 2006, quando Alckmin renunciou para disputar a Presidência da República. Foram apenas nove meses à frente do Palácio dos Bandeirantes, mas suficientes para que seu nome ficasse gravado na história paulista. Durante esse período, enfrentou uma das maiores crises de segurança pública do estado, com os ataques do PCC em maio de 2006, que resultaram em 564 mortes, incluindo policiais, agentes penitenciários e civis. Sua gestão foi marcada por decisões controversas, como a autorização para que uma advogada visitasse o líder da facção, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, em um presídio de segurança máxima, o que ajudou a cessar os ataques.

Carreira acadêmica e posições firmes

Além da política, Lembo se destacou no meio acadêmico como professor de Direito Constitucional e Direito Processual Civil. Sua passagem pela Universidade Mackenzie, onde foi reitor, consolidou sua reputação como intelectual. Após deixar o governo, ele manteve-se ativo no debate público, posicionando-se contra o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, e a condenação de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2017, no caso do triplex do Guarujá. Essas posturas, incomuns para alguém com raízes em partidos conservadores, revelaram um político que não temia contrariar aliados em nome de suas convicções. Gilberto Kassab, presidente do PSD, descreveu Lembo como um “cidadão exemplar” e “homem público sem uma única observação negativa”, destacando sua integridade.

Repercussão da morte e o impacto de maio de 2006

O legado de um governo sob pressão

A gestão de Cláudio Lembo como governador, embora breve, é frequentemente associada à crise de maio de 2006, quando o PCC coordenou uma série de ataques que paralisaram São Paulo. Rebeliões em presídios, atentados contra delegacias, batalhões policiais e ônibus marcaram aquele mês, deixando um saldo de 564 mortos, entre eles 59 agentes de segurança. Lembo, que assumira o cargo havia pouco mais de um mês, enfrentou o desafio de restaurar a ordem em meio ao caos. Uma das medidas mais lembradas foi a autorização para que a advogada Iracema Vasciaveo se reunisse com Marcola no Presídio de Presidente Bernardes. O encontro, facilitado por uma aeronave oficial, foi decisivo para o fim da onda de violência, mas gerou críticas e suspeitas de negociação com o crime organizado, algo que Lembo sempre negou.

O episódio expôs fragilidades no sistema penitenciário e na segurança pública paulista, mas também destacou a capacidade de Lembo de tomar decisões rápidas em momentos críticos. Anos depois, em 2015, ele justificou a medida como uma ação necessária para encerrar os motins, afirmando que a autorizaria novamente se preciso. O impacto daquele maio sangrento ainda ecoa, e a morte de Lembo traz à tona discussões sobre como o estado lidou com a crise e suas consequências de longo prazo. O cortejo fúnebre, acompanhado por batedores da Polícia Militar, reflete o reconhecimento oficial de sua passagem pelo governo.

Cronologia da crise que marcou sua gestão

A onda de ataques do PCC em 2006 seguiu uma sequência de eventos que testaram a liderança de Lembo. Aqui está um resumo dos principais momentos:

  • 12 de maio: Rebeliões eclodem em 74 presídios do estado, com presos ligados ao PCC exigindo melhores condições.
  • 13 de maio: Ataques a delegacias e batalhões começam na capital e no interior, com 59 agentes de segurança mortos até o fim do dia.
  • 14 de maio: Ônibus são incendiados, e a violência se espalha, afetando a população civil.
  • 15 de maio: Lembo autoriza a visita da advogada ao presídio, e os ataques começam a diminuir após a reunião com Marcola.
  • 18 de maio: A situação é controlada, mas o saldo final registra 564 mortes, incluindo 124 civis.

Esse período marcou um dos capítulos mais difíceis da segurança pública em São Paulo e permanece como um divisor de águas na memória coletiva do estado.

Homenagens e o futuro do legado de Lembo

Políticos lamentam e exaltam sua trajetória

A morte de Cláudio Lembo mobilizou figuras políticas de diferentes espectros. Tarcísio de Freitas, atual governador, expressou pesar em nota oficial e decretou luto de três dias, destacando os “sentimentos aos familiares e amigos”. Gilberto Kassab, em uma publicação nas redes sociais, reforçou a imagem de Lembo como um homem de missão cumprida, lembrando sua amizade pessoal e parceria política. Outros nomes, como o ex-governador José Serra, que assumiu o cargo após Lembo em 2007, também manifestaram condolências, evidenciando o respeito que ele conquistou ao longo dos anos. A Alesp, onde ocorre o velório, abriu suas portas para que o público preste as últimas homenagens.

Lembo deixa um legado que vai além de sua passagem pelo governo. Sua atuação como vice-governador entre 2003 e 2006, sob Alckmin, e as secretarias municipais que ocupou mostram um político adaptável, capaz de transitar entre diferentes administrações. Sua crítica aos rumos da política brasileira nos últimos anos, como o apoio à manutenção de mandatos democraticamente eleitos, reforça a imagem de alguém que valorizava a estabilidade institucional, mesmo em meio a controvérsias.

Detalhes do adeus a Cláudio Lembo

O velório e o sepultamento de Lembo seguem um cronograma definido pela família e pelo governo estadual. Confira os horários e locais:

  • Velório: Das 10h30 às 15h, no Hall Monumental da Assembleia Legislativa de São Paulo, na zona sul da capital.
  • Sepultamento: A partir das 16h, no Cemitério do Araçá, na região central de São Paulo, com cortejo acompanhado pela Polícia Militar.

A cerimônia reflete a importância de Lembo para o estado, reunindo familiares, amigos e autoridades em um momento de despedida. Sua morte encerra uma era na política paulista, mas sua influência, marcada por conquistas e desafios, continuará a ser lembrada.



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