O ex-vereador Gabriel Monteiro, preso desde novembro de 2022, recebeu liberdade nesta sexta-feira, 21 de março de 2025, após decisão da 34ª Vara Criminal do Rio de Janeiro. A soltura, que marca o fim de mais de dois anos de detenção no Presídio Pedrolino Werling de Oliveira, em Bangu 8, na Zona Oeste da cidade, vem acompanhada de medidas cautelares rigorosas. Entre elas, o uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de deixar o município do Rio e a obrigação de comparecer periodicamente ao juízo. A Justiça também determinou que ele não mantenha contato com pessoas específicas envolvidas no caso. A expectativa é que Monteiro deixe a unidade prisional ainda na noite de hoje, após os trâmites administrativos conduzidos pela Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap), que confirmou o recebimento do alvará de soltura no início da noite.
A trajetória de Gabriel Monteiro, que ganhou notoriedade como youtuber e ex-policial militar antes de ingressar na política, é marcada por polêmicas e controvérsias. Eleito em 2020 como o terceiro vereador mais votado do Rio, com 60.326 votos, o ex-parlamentar teve o mandato cassado em agosto de 2022 por quebra de decoro parlamentar, em uma votação expressiva de 48 a 2 na Câmara Municipal. As acusações contra ele incluem crimes graves, como estupro, violação sexual mediante fraude e assédio sexual, que culminaram em sua prisão preventiva meses após a perda do cargo. O processo, que corre em segredo de justiça, expôs detalhes chocantes, como a denúncia de uma jovem de 22 anos que alega ter sido forçada a manter relações sexuais sob ameaça de arma em 2022.
⚠️URGENTE: O ex-vereador Gabriel Monteiro, preso desde novembro de 2022, será solto nesta sexta-feira. Ele terá que usar tornozeleira eletrônica e está proibido de deixar o Rio.
Além disso, a Justiça também determinou o comparecimento periódico em juízo e proibição de manter… pic.twitter.com/sHhfY6W4TM
— BAÚ DO RIO OFC (@baudorio) March 21, 2025
Além das acusações criminais, a vida pública de Monteiro foi permeada por episódios que geraram ampla repercussão. Antes de entrar na política, ele se destacou na Polícia Militar do Rio de Janeiro, onde acumulou 16 transgressões disciplinares em menos de quatro anos de serviço, sendo classificado como “mau comportamento” pela corporação. Sua saída da PM, seguida por uma breve reintegração judicial, abriu caminho para a fama nas redes sociais, onde produzia vídeos que o projetaram como figura controversa, muitas vezes monetizados e alvo de críticas por exploração de situações sensíveis.
Passagem pela política e queda vertiginosa
Gabriel Monteiro ingressou na política em 2020, filiado ao PSD e, posteriormente, ao PL, aproveitando a popularidade construída como youtuber. Sua campanha, marcada por um discurso conservador e críticas ao establishment, o colocou atrás apenas de Carlos Bolsonaro e Tarcísio Motta em número de votos na eleição municipal. Contudo, o mandato durou pouco mais de um ano e meio. Em agosto de 2022, a Câmara do Rio cassou seu mandato em uma sessão histórica, motivada por denúncias que incluíam a produção de vídeos manipulados e o uso indevido de sua posição para fins pessoais. A votação, que contou com ampla maioria, refletiu o desgaste de sua imagem pública.
Durante o período como vereador, Monteiro frequentemente utilizava suas prerrogativas para fiscalizar órgãos públicos, como hospitais e abrigos, acompanhado de assessores que filmavam suas ações. Essas incursões, muitas vezes transmitidas ao vivo, rendiam milhares de visualizações e, segundo estimativas de ex-assessores, faturamento mensal que chegava a R$ 300 mil. Um dos episódios mais controversos envolveu a invasão de um abrigo para menores durante a noite, o que gerou atritos com a então secretária de Desenvolvimento Social, Laura Carneiro. Outro caso marcante foi a acusação de que ele orientava uma criança de 12 anos a pedir doações em vídeo, expondo-a de forma indevida.
A conduta de Monteiro também gerou reações institucionais. O prefeito Eduardo Paes chegou a editar normas restringindo o acesso de vereadores a repartições públicas após suas ações, embora tenha recuado diante da pressão de outros parlamentares. As denúncias no Conselho de Ética da Câmara revelaram ainda que o ex-vereador mantinha uma equipe dedicada a produzir conteúdos contra adversários políticos, incluindo tentativas de flagrar colegas em situações comprometedoras.
Crimes imputados e detalhes das investigações
As acusações criminais contra Gabriel Monteiro ganharam corpo em outubro de 2022, quando o Ministério Público do Rio ofereceu denúncia à Justiça. Uma das vítimas, uma jovem de 22 anos, relatou que foi levada à casa de um amigo do ex-vereador no Joá, onde ele teria apontado uma arma para forçá-la a manter relações sexuais. Segundo o relato, Monteiro tentou filmar o ato, mas o celular estava sem bateria. A denúncia aponta ainda que ele se recusou a usar preservativo, o que resultou na contaminação da vítima por HPV, uma infecção sexualmente transmissível, confirmada por laudo médico que constatou lesões em suas partes íntimas.
Outro caso que chocou a opinião pública envolveu uma adolescente de 15 anos, que frequentou a residência de Monteiro por dez meses. Vídeos divulgados nas redes sociais mostram o ex-vereador em relações sexuais com a menor, que era recebida ao som de “Galinha Pintadinha”, música infantil que contrastava com a gravidade da situação. Monteiro alegou que acreditava que a jovem tinha 18 anos, mas o Estatuto da Criança e do Adolescente classifica como crime a filmagem de atos sexuais com menores, independentemente de consentimento. Esses episódios, somados às denúncias de assédio sexual contra ex-assessores, reforçaram os argumentos para sua prisão preventiva em novembro de 2022.
Entre os crimes imputados, destaca-se também a violação sexual mediante fraude. Ex-funcionários afirmaram que Monteiro manipulava vídeos para fins de extorsão ou autopromoção, incluindo cenas com menores de idade. Um segurança ligado ao ex-vereador foi acusado de agredir um morador de rua durante a gravação de um vídeo na Lapa, ampliando o rol de transgressões associadas à sua atuação pública.
Cronologia de uma trajetória polêmica
A vida de Gabriel Monteiro é marcada por uma sequência de eventos que ilustram sua ascensão e queda. Confira os principais momentos:
- 2015: Ingressa na Polícia Militar do Rio de Janeiro como soldado.
- 2016-2019: Acumula 16 transgressões disciplinares, incluindo porte irregular de arma e faltas ao serviço.
- 2020: É eleito vereador com 60.326 votos, tornando-se o terceiro mais votado do Rio.
- 2022 (agosto): Tem o mandato cassado por quebra de decoro parlamentar.
- 2022 (novembro): É preso preventivamente por estupro e outros crimes.
- 2023 (maio): Casa-se com Ana Carolina dos Santos Chagas enquanto estava preso.
- 2025 (março): Recebe liberdade com medidas cautelares após decisão judicial.
Essa linha do tempo reflete a rapidez com que Monteiro passou de figura pública influente a réu em processos criminais, com impacto significativo em sua imagem e carreira.
Da PM às redes sociais: os primeiros passos
Antes de se tornar vereador, Gabriel Monteiro construiu sua base de apoio na Polícia Militar e nas redes sociais. Ingressou na PM em 2015, mas sua passagem pela corporação foi conturbada. Em menos de quatro anos, ele foi punido 14 vezes com detenções que somaram 33 dias e recebeu duas repreensões. Entre os episódios, destaca-se o porte de arma da PM sem autorização em duas ocasiões, em março de 2018 e janeiro de 2019. Sua ficha disciplinar o classificou como “mau comportamento”, a pior avaliação possível no estatuto da corporação.
A transição para as redes sociais ocorreu ainda durante o período na PM. Seus vídeos, que inicialmente abordavam questões de segurança pública e críticas à corporação, ganharam tração e o transformaram em uma figura conhecida. Em 2019, ele foi expulso da Câmara Municipal ao tentar protestar contra um evento organizado por Tarcísio Motta, o que ampliou sua visibilidade. No ano seguinte, já fora da PM, usou essa popularidade para se eleger vereador, filiando-se ao Movimento Brasil Livre (MBL) antes de romper com o grupo devido a divergências sobre suas ações como youtuber.
O faturamento com os vídeos era um dos pilares de sua estratégia. Ex-assessores estimaram que ele lucrava até R$ 300 mil mensais, enquanto o próprio Monteiro declarou ao Conselho de Ética que o valor girava em torno de R$ 150 mil. Essas produções, muitas vezes gravadas em órgãos públicos, geraram processos judiciais, como a condenação a pagar R$ 20 mil a um médico acusado falsamente de abandonar o plantão em uma UPA.
Repercussão e medidas cautelares
A decisão judicial que concede liberdade a Gabriel Monteiro impõe restrições significativas ao ex-vereador. Além da tornozeleira eletrônica, que deve ser instalada em até cinco dias após a soltura, ele está proibido de se comunicar com vítimas ou testemunhas dos processos em andamento. A medida visa garantir a segurança das partes envolvidas enquanto as investigações prosseguem. A Seap informou que os procedimentos para sua saída de Bangu 8 estão em curso, mas não há detalhes sobre o horário exato de sua liberação.
A soltura de Monteiro reacende o debate sobre os crimes imputados a ele e sua atuação como figura pública. Durante o período na prisão, ele formalizou uma união estável com Ana Carolina dos Santos Chagas, em maio de 2023, em um processo conduzido dentro do presídio. O casal optou pela separação total de bens, e a esposa afirmou que não havia motivo especial para a oficialização, apenas a vontade de regularizar a relação.
Enquanto isso, os processos judiciais seguem em andamento. O caso de estupro, que corre em segredo de justiça, continua sendo um dos pontos centrais das acusações, com depoimentos e provas que sustentam a gravidade das denúncias. A liberdade condicional não altera o status das investigações, e Monteiro deverá responder às imputações nos tribunais.
O que esperar após a liberdade
Com a saída da prisão, Gabriel Monteiro retorna ao cenário público em um momento delicado. As medidas cautelares limitam sua mobilidade e interação, mas não o impedem de retomar atividades nas redes sociais, onde ainda mantém uma base de seguidores. Durante o período como vereador, ele foi proibido pela Câmara de monetizar vídeos relacionados à atividade parlamentar, uma restrição que não se aplica mais após a cassação. Resta saber se ele buscará reconstruir sua influência digital ou se concentrará em sua defesa nos processos judiciais.
Os crimes pelos quais é acusado têm penas severas previstas no Código Penal brasileiro. O estupro, por exemplo, pode resultar em reclusão de 6 a 10 anos, com agravantes se houver uso de arma ou lesão à vítima. Já a violação sexual mediante fraude prevê de 2 a 6 anos de prisão. Esses processos, aliados às denúncias de assédio e manipulação de vídeos, mantêm o ex-vereador sob intensa scrutiny pública e jurídica.
Por enquanto, a população do Rio acompanha os desdobramentos do caso com atenção. A trajetória de Monteiro, que vai da fama nas redes sociais à prisão e agora à liberdade condicional, permanece como um exemplo de como a exposição pública pode rapidamente se transformar em controvérsia e queda.

O ex-vereador Gabriel Monteiro, preso desde novembro de 2022, recebeu liberdade nesta sexta-feira, 21 de março de 2025, após decisão da 34ª Vara Criminal do Rio de Janeiro. A soltura, que marca o fim de mais de dois anos de detenção no Presídio Pedrolino Werling de Oliveira, em Bangu 8, na Zona Oeste da cidade, vem acompanhada de medidas cautelares rigorosas. Entre elas, o uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de deixar o município do Rio e a obrigação de comparecer periodicamente ao juízo. A Justiça também determinou que ele não mantenha contato com pessoas específicas envolvidas no caso. A expectativa é que Monteiro deixe a unidade prisional ainda na noite de hoje, após os trâmites administrativos conduzidos pela Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap), que confirmou o recebimento do alvará de soltura no início da noite.
A trajetória de Gabriel Monteiro, que ganhou notoriedade como youtuber e ex-policial militar antes de ingressar na política, é marcada por polêmicas e controvérsias. Eleito em 2020 como o terceiro vereador mais votado do Rio, com 60.326 votos, o ex-parlamentar teve o mandato cassado em agosto de 2022 por quebra de decoro parlamentar, em uma votação expressiva de 48 a 2 na Câmara Municipal. As acusações contra ele incluem crimes graves, como estupro, violação sexual mediante fraude e assédio sexual, que culminaram em sua prisão preventiva meses após a perda do cargo. O processo, que corre em segredo de justiça, expôs detalhes chocantes, como a denúncia de uma jovem de 22 anos que alega ter sido forçada a manter relações sexuais sob ameaça de arma em 2022.
⚠️URGENTE: O ex-vereador Gabriel Monteiro, preso desde novembro de 2022, será solto nesta sexta-feira. Ele terá que usar tornozeleira eletrônica e está proibido de deixar o Rio.
Além disso, a Justiça também determinou o comparecimento periódico em juízo e proibição de manter… pic.twitter.com/sHhfY6W4TM
— BAÚ DO RIO OFC (@baudorio) March 21, 2025
Além das acusações criminais, a vida pública de Monteiro foi permeada por episódios que geraram ampla repercussão. Antes de entrar na política, ele se destacou na Polícia Militar do Rio de Janeiro, onde acumulou 16 transgressões disciplinares em menos de quatro anos de serviço, sendo classificado como “mau comportamento” pela corporação. Sua saída da PM, seguida por uma breve reintegração judicial, abriu caminho para a fama nas redes sociais, onde produzia vídeos que o projetaram como figura controversa, muitas vezes monetizados e alvo de críticas por exploração de situações sensíveis.
Passagem pela política e queda vertiginosa
Gabriel Monteiro ingressou na política em 2020, filiado ao PSD e, posteriormente, ao PL, aproveitando a popularidade construída como youtuber. Sua campanha, marcada por um discurso conservador e críticas ao establishment, o colocou atrás apenas de Carlos Bolsonaro e Tarcísio Motta em número de votos na eleição municipal. Contudo, o mandato durou pouco mais de um ano e meio. Em agosto de 2022, a Câmara do Rio cassou seu mandato em uma sessão histórica, motivada por denúncias que incluíam a produção de vídeos manipulados e o uso indevido de sua posição para fins pessoais. A votação, que contou com ampla maioria, refletiu o desgaste de sua imagem pública.
Durante o período como vereador, Monteiro frequentemente utilizava suas prerrogativas para fiscalizar órgãos públicos, como hospitais e abrigos, acompanhado de assessores que filmavam suas ações. Essas incursões, muitas vezes transmitidas ao vivo, rendiam milhares de visualizações e, segundo estimativas de ex-assessores, faturamento mensal que chegava a R$ 300 mil. Um dos episódios mais controversos envolveu a invasão de um abrigo para menores durante a noite, o que gerou atritos com a então secretária de Desenvolvimento Social, Laura Carneiro. Outro caso marcante foi a acusação de que ele orientava uma criança de 12 anos a pedir doações em vídeo, expondo-a de forma indevida.
A conduta de Monteiro também gerou reações institucionais. O prefeito Eduardo Paes chegou a editar normas restringindo o acesso de vereadores a repartições públicas após suas ações, embora tenha recuado diante da pressão de outros parlamentares. As denúncias no Conselho de Ética da Câmara revelaram ainda que o ex-vereador mantinha uma equipe dedicada a produzir conteúdos contra adversários políticos, incluindo tentativas de flagrar colegas em situações comprometedoras.
Crimes imputados e detalhes das investigações
As acusações criminais contra Gabriel Monteiro ganharam corpo em outubro de 2022, quando o Ministério Público do Rio ofereceu denúncia à Justiça. Uma das vítimas, uma jovem de 22 anos, relatou que foi levada à casa de um amigo do ex-vereador no Joá, onde ele teria apontado uma arma para forçá-la a manter relações sexuais. Segundo o relato, Monteiro tentou filmar o ato, mas o celular estava sem bateria. A denúncia aponta ainda que ele se recusou a usar preservativo, o que resultou na contaminação da vítima por HPV, uma infecção sexualmente transmissível, confirmada por laudo médico que constatou lesões em suas partes íntimas.
Outro caso que chocou a opinião pública envolveu uma adolescente de 15 anos, que frequentou a residência de Monteiro por dez meses. Vídeos divulgados nas redes sociais mostram o ex-vereador em relações sexuais com a menor, que era recebida ao som de “Galinha Pintadinha”, música infantil que contrastava com a gravidade da situação. Monteiro alegou que acreditava que a jovem tinha 18 anos, mas o Estatuto da Criança e do Adolescente classifica como crime a filmagem de atos sexuais com menores, independentemente de consentimento. Esses episódios, somados às denúncias de assédio sexual contra ex-assessores, reforçaram os argumentos para sua prisão preventiva em novembro de 2022.
Entre os crimes imputados, destaca-se também a violação sexual mediante fraude. Ex-funcionários afirmaram que Monteiro manipulava vídeos para fins de extorsão ou autopromoção, incluindo cenas com menores de idade. Um segurança ligado ao ex-vereador foi acusado de agredir um morador de rua durante a gravação de um vídeo na Lapa, ampliando o rol de transgressões associadas à sua atuação pública.
Cronologia de uma trajetória polêmica
A vida de Gabriel Monteiro é marcada por uma sequência de eventos que ilustram sua ascensão e queda. Confira os principais momentos:
- 2015: Ingressa na Polícia Militar do Rio de Janeiro como soldado.
- 2016-2019: Acumula 16 transgressões disciplinares, incluindo porte irregular de arma e faltas ao serviço.
- 2020: É eleito vereador com 60.326 votos, tornando-se o terceiro mais votado do Rio.
- 2022 (agosto): Tem o mandato cassado por quebra de decoro parlamentar.
- 2022 (novembro): É preso preventivamente por estupro e outros crimes.
- 2023 (maio): Casa-se com Ana Carolina dos Santos Chagas enquanto estava preso.
- 2025 (março): Recebe liberdade com medidas cautelares após decisão judicial.
Essa linha do tempo reflete a rapidez com que Monteiro passou de figura pública influente a réu em processos criminais, com impacto significativo em sua imagem e carreira.
Da PM às redes sociais: os primeiros passos
Antes de se tornar vereador, Gabriel Monteiro construiu sua base de apoio na Polícia Militar e nas redes sociais. Ingressou na PM em 2015, mas sua passagem pela corporação foi conturbada. Em menos de quatro anos, ele foi punido 14 vezes com detenções que somaram 33 dias e recebeu duas repreensões. Entre os episódios, destaca-se o porte de arma da PM sem autorização em duas ocasiões, em março de 2018 e janeiro de 2019. Sua ficha disciplinar o classificou como “mau comportamento”, a pior avaliação possível no estatuto da corporação.
A transição para as redes sociais ocorreu ainda durante o período na PM. Seus vídeos, que inicialmente abordavam questões de segurança pública e críticas à corporação, ganharam tração e o transformaram em uma figura conhecida. Em 2019, ele foi expulso da Câmara Municipal ao tentar protestar contra um evento organizado por Tarcísio Motta, o que ampliou sua visibilidade. No ano seguinte, já fora da PM, usou essa popularidade para se eleger vereador, filiando-se ao Movimento Brasil Livre (MBL) antes de romper com o grupo devido a divergências sobre suas ações como youtuber.
O faturamento com os vídeos era um dos pilares de sua estratégia. Ex-assessores estimaram que ele lucrava até R$ 300 mil mensais, enquanto o próprio Monteiro declarou ao Conselho de Ética que o valor girava em torno de R$ 150 mil. Essas produções, muitas vezes gravadas em órgãos públicos, geraram processos judiciais, como a condenação a pagar R$ 20 mil a um médico acusado falsamente de abandonar o plantão em uma UPA.
Repercussão e medidas cautelares
A decisão judicial que concede liberdade a Gabriel Monteiro impõe restrições significativas ao ex-vereador. Além da tornozeleira eletrônica, que deve ser instalada em até cinco dias após a soltura, ele está proibido de se comunicar com vítimas ou testemunhas dos processos em andamento. A medida visa garantir a segurança das partes envolvidas enquanto as investigações prosseguem. A Seap informou que os procedimentos para sua saída de Bangu 8 estão em curso, mas não há detalhes sobre o horário exato de sua liberação.
A soltura de Monteiro reacende o debate sobre os crimes imputados a ele e sua atuação como figura pública. Durante o período na prisão, ele formalizou uma união estável com Ana Carolina dos Santos Chagas, em maio de 2023, em um processo conduzido dentro do presídio. O casal optou pela separação total de bens, e a esposa afirmou que não havia motivo especial para a oficialização, apenas a vontade de regularizar a relação.
Enquanto isso, os processos judiciais seguem em andamento. O caso de estupro, que corre em segredo de justiça, continua sendo um dos pontos centrais das acusações, com depoimentos e provas que sustentam a gravidade das denúncias. A liberdade condicional não altera o status das investigações, e Monteiro deverá responder às imputações nos tribunais.
O que esperar após a liberdade
Com a saída da prisão, Gabriel Monteiro retorna ao cenário público em um momento delicado. As medidas cautelares limitam sua mobilidade e interação, mas não o impedem de retomar atividades nas redes sociais, onde ainda mantém uma base de seguidores. Durante o período como vereador, ele foi proibido pela Câmara de monetizar vídeos relacionados à atividade parlamentar, uma restrição que não se aplica mais após a cassação. Resta saber se ele buscará reconstruir sua influência digital ou se concentrará em sua defesa nos processos judiciais.
Os crimes pelos quais é acusado têm penas severas previstas no Código Penal brasileiro. O estupro, por exemplo, pode resultar em reclusão de 6 a 10 anos, com agravantes se houver uso de arma ou lesão à vítima. Já a violação sexual mediante fraude prevê de 2 a 6 anos de prisão. Esses processos, aliados às denúncias de assédio e manipulação de vídeos, mantêm o ex-vereador sob intensa scrutiny pública e jurídica.
Por enquanto, a população do Rio acompanha os desdobramentos do caso com atenção. A trajetória de Monteiro, que vai da fama nas redes sociais à prisão e agora à liberdade condicional, permanece como um exemplo de como a exposição pública pode rapidamente se transformar em controvérsia e queda.
