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25 Mar 2025, Tue

Crime no Parque: sequestro e morte de professora completam 12 anos


Há exatos 12 anos, a família de Christiane Silva Mattos convive com o luto pela perda repentina da professora. À época com 37 anos, ela foi vítima de um crime brutal que marcou o Distrito Federal. No dia 28 de março de 2013, a servidora da Secretaria de Educação foi morta no Parque da Cidade, depois de ser abordada por um criminoso no estacionamento do Pátio Brasil.

Em entrevista ao Metrópoles as irmãs da professora (foto em destaque), Laila Silva dos Santos, 45 anos, e Ana Christine Silva dos Santos, 43 anos, compartilharam a dor imensa que o falecimento de Christiane causou aos entes. Elas lamentaram pelos sonhos da irmã que foram interrompidos e falaram com admiração sobre legado que a mulher construiu ao longo da vida.

No dia do crime, a professora tinha ido ao shopping para comprar ovos de Páscoa para o casal de filhos, na época com 2 e 7 anos, quando foi surpreendida por Walisson Santos Lemos no momento em que entrava no carro da família. O homem também embarcou no veículo e anunciou o assalto, simulando o porte de arma de fogo.

Em seguida, o criminoso determinou que Christiane o deixasse em um local sem fluxo de pessoas. A vítima parou o veículo no estacionamento 9 do Parque da Cidade, local em que o criminoso mandou que ela lhe entregasse o dinheiro que possuía.

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Laila Silva dos Santos, 45 anos, irmã de Christiane

KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo

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Laila relembra os momentos que teve com a irmã

KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo

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Christiane foi brutalmente assassinada há 12 anos

KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo

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Ana Christine Silva dos Santos, 43 anos

KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo

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Laila e Ana concederam entrevista ao Metrópoles

KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo

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As irmãs falam da saudade que sentem de Christiane

KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo

Walisson agrediu a professora com soco e a segurou pelo pescoço, causando-lhe a morte por esganadura. Ao deixar o veículo, ele levou consigo R$ 200 em espécie, a aliança da vítima e um cartão do BRB, com o qual efetuou quatro saques no valor total de R$ 1.180 da conta bancária dela.

A família da vítima estranhou o fato de Christiane não ter ido buscar os filhos na escola, e foi até a polícia registrar ocorrência de desaparecimento. A 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) iniciou as buscas e encontrou a mulher, já sem vida, dentro do veículo no parque.

Walisson foi preso em flagrante na residência dele, em Santa Maria, no dia seguinte ao crime. Ele confessou o homicídio depois que os policiais o identificaram por meio das impressões digitais deixadas no veículo de Christiane.

O exame de necropsia feito pelo Instituto de Medicina Legal (IML) também constatou que a professora lutou pela vida ao ser atacada pelo criminoso.

Professora Christiane Silva Mattos, presente

À época do crime, Christiane era professora da rede pública de ensino do DF havia seis anos. Segundo as irmãs, ela era apaixonada por pedagogia. A vítima dava aulas para crianças do ensino fundamental, na Escola Classe 204 Sul. O amor dela pela área inspirou Laila e Ana Christine a seguirem a mesma profissão.

“O que me fez ressignificar a perda dela foi a educação. Cada vez que eu entro em sala de aula, eu sinto a presença dela”, conta Ana. Atualmente, as irmãs mantêm uma escola de reforço em Vicente Pires. “Ficou um vazio muito grande que precisávamos preencher de alguma forma com a memória dela. Tudo isso é por ela”, comenta.

No final do ano passado, como forma de manter viva a memória da professora, a equipe de gestão da escola em que ela trabalhava inaugurou uma biblioteca em homenagem à Christiane. Os pais e as irmãs estiveram presentes no evento.

Veja a inauguração da biblioteca: 

Nuna, como era carinhosamente chamada, vivia um dos melhores momentos de sua vida. Para a família, reviver certas lembranças ao lado dela ainda é doloroso, pois esses momentos despertam uma saudade profunda. Ouvir músicas de Fábio Júnior, assistir às novelas antigas e visitar lugares marcantes de Brasília continuam sendo experiências difíceis, pois trazem à tona a lembrança de sua presença.

“Já fazem 12 anos que não pisamos no Parque da Cidade, um lugar que aproveitamos muito na infância juntas, e que, hoje, representa tanta dor para nós”, comenta Laila.

A perda da irmã mais velha às vésperas da Páscoa mudou a tradição de celebrar o feriado. “Só a gente entende a dor que passamos. A data é o dia mais triste da minha vida. Procuro ocupar a cabeça para não reviver esse momento que tanto nos marcou com sofrimento”, diz Laila.

“A gente não consegue entender a razão disso ter acontecido com nossa irmã. Nos culpamos por não termos ido no shopping com ela naquele dia. Eu já briguei comigo, briguei com Deus, briguei com ela. O desejo de que ela estivesse aqui conosco é imenso. A gente tentar achar um culpado, mas sabemos que só existiu um, aquele que tirou a vida dela”, declara Ana.

Laila confidenciou que uma forma que encontrou de se conectar à irmã foi guardar um caderno de receitas que Christiane escreveu à mão. “Eu tenho guardadinho as receitas que ela fez. Ver a letrinha dela ali é uma maneira que a encontrei de fazê-la presente na rotina. Sou grata pelos 37 anos que pudemos estar juntas”.

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Christiane Silva Mattos tinha 37 anos

Imagem cedida ao Metrópoles

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Ela deixou um casal de filhos

Imagem cedida ao Metrópoles

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Professora inspirou as irmãs Laila e Ana Christine a seguirem na mesma profissão

Imagem cedida ao Metrópoles

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Christiane em registro ao lado da mãe

Imagem cedida ao Metrópoles

Condenação por latrocínio

O resultado das investigações da Polícia Civil do DF revelou que Christiane foi vítima de latrocínio — roubo seguido de morte —, um crime que, em 2013, registrou 29 ocorrências. Mais de uma década depois, dados da Secretaria de Segurança Pública mostram uma redução de 72% nesse tipo de crime, com apenas oito casos notificados em 2024 na capital. Nos primeiros dois meses deste ano, não houve nenhum delito desta natureza.

Durante as diligências, Walisson chegou a apresentar pelo menos três versões diferentes sobre a motivação do crime. Em uma delas, ele alegou ter um relacionamento amoroso com a vítima, mas a história foi descartada. O criminoso e a professora não se conheciam. Antes de render Christiane, ele havia, ainda, tentado assaltar outra mulher no shopping.

Em outubro de 2013, o homem foi condenado, em primeira instância, a 23 anos de prisão em regime inicial fechado. Na sentença, o juiz da 1ª Vara Criminal de Brasília afirmou que o sentenciado agiu com “extrema frieza e violência”.

A reportagem apurou que, desde maio de 2021, Walisson cumpre pena no regime semiaberto. Em fevereiro de 2022, a Justiça do DF concedeu ao preso os benefícios do trabalho externo e das saídas temporárias.

 

 

Há exatos 12 anos, a família de Christiane Silva Mattos convive com o luto pela perda repentina da professora. À época com 37 anos, ela foi vítima de um crime brutal que marcou o Distrito Federal. No dia 28 de março de 2013, a servidora da Secretaria de Educação foi morta no Parque da Cidade, depois de ser abordada por um criminoso no estacionamento do Pátio Brasil.

Em entrevista ao Metrópoles as irmãs da professora (foto em destaque), Laila Silva dos Santos, 45 anos, e Ana Christine Silva dos Santos, 43 anos, compartilharam a dor imensa que o falecimento de Christiane causou aos entes. Elas lamentaram pelos sonhos da irmã que foram interrompidos e falaram com admiração sobre legado que a mulher construiu ao longo da vida.

No dia do crime, a professora tinha ido ao shopping para comprar ovos de Páscoa para o casal de filhos, na época com 2 e 7 anos, quando foi surpreendida por Walisson Santos Lemos no momento em que entrava no carro da família. O homem também embarcou no veículo e anunciou o assalto, simulando o porte de arma de fogo.

Em seguida, o criminoso determinou que Christiane o deixasse em um local sem fluxo de pessoas. A vítima parou o veículo no estacionamento 9 do Parque da Cidade, local em que o criminoso mandou que ela lhe entregasse o dinheiro que possuía.

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Laila Silva dos Santos, 45 anos, irmã de Christiane

KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo

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Laila relembra os momentos que teve com a irmã

KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo

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Christiane foi brutalmente assassinada há 12 anos

KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo

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Ana Christine Silva dos Santos, 43 anos

KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo

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Laila e Ana concederam entrevista ao Metrópoles

KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo

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As irmãs falam da saudade que sentem de Christiane

KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo

Walisson agrediu a professora com soco e a segurou pelo pescoço, causando-lhe a morte por esganadura. Ao deixar o veículo, ele levou consigo R$ 200 em espécie, a aliança da vítima e um cartão do BRB, com o qual efetuou quatro saques no valor total de R$ 1.180 da conta bancária dela.

A família da vítima estranhou o fato de Christiane não ter ido buscar os filhos na escola, e foi até a polícia registrar ocorrência de desaparecimento. A 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) iniciou as buscas e encontrou a mulher, já sem vida, dentro do veículo no parque.

Walisson foi preso em flagrante na residência dele, em Santa Maria, no dia seguinte ao crime. Ele confessou o homicídio depois que os policiais o identificaram por meio das impressões digitais deixadas no veículo de Christiane.

O exame de necropsia feito pelo Instituto de Medicina Legal (IML) também constatou que a professora lutou pela vida ao ser atacada pelo criminoso.

Professora Christiane Silva Mattos, presente

À época do crime, Christiane era professora da rede pública de ensino do DF havia seis anos. Segundo as irmãs, ela era apaixonada por pedagogia. A vítima dava aulas para crianças do ensino fundamental, na Escola Classe 204 Sul. O amor dela pela área inspirou Laila e Ana Christine a seguirem a mesma profissão.

“O que me fez ressignificar a perda dela foi a educação. Cada vez que eu entro em sala de aula, eu sinto a presença dela”, conta Ana. Atualmente, as irmãs mantêm uma escola de reforço em Vicente Pires. “Ficou um vazio muito grande que precisávamos preencher de alguma forma com a memória dela. Tudo isso é por ela”, comenta.

No final do ano passado, como forma de manter viva a memória da professora, a equipe de gestão da escola em que ela trabalhava inaugurou uma biblioteca em homenagem à Christiane. Os pais e as irmãs estiveram presentes no evento.

Veja a inauguração da biblioteca: 

Nuna, como era carinhosamente chamada, vivia um dos melhores momentos de sua vida. Para a família, reviver certas lembranças ao lado dela ainda é doloroso, pois esses momentos despertam uma saudade profunda. Ouvir músicas de Fábio Júnior, assistir às novelas antigas e visitar lugares marcantes de Brasília continuam sendo experiências difíceis, pois trazem à tona a lembrança de sua presença.

“Já fazem 12 anos que não pisamos no Parque da Cidade, um lugar que aproveitamos muito na infância juntas, e que, hoje, representa tanta dor para nós”, comenta Laila.

A perda da irmã mais velha às vésperas da Páscoa mudou a tradição de celebrar o feriado. “Só a gente entende a dor que passamos. A data é o dia mais triste da minha vida. Procuro ocupar a cabeça para não reviver esse momento que tanto nos marcou com sofrimento”, diz Laila.

“A gente não consegue entender a razão disso ter acontecido com nossa irmã. Nos culpamos por não termos ido no shopping com ela naquele dia. Eu já briguei comigo, briguei com Deus, briguei com ela. O desejo de que ela estivesse aqui conosco é imenso. A gente tentar achar um culpado, mas sabemos que só existiu um, aquele que tirou a vida dela”, declara Ana.

Laila confidenciou que uma forma que encontrou de se conectar à irmã foi guardar um caderno de receitas que Christiane escreveu à mão. “Eu tenho guardadinho as receitas que ela fez. Ver a letrinha dela ali é uma maneira que a encontrei de fazê-la presente na rotina. Sou grata pelos 37 anos que pudemos estar juntas”.

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Christiane Silva Mattos tinha 37 anos

Imagem cedida ao Metrópoles

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Ela deixou um casal de filhos

Imagem cedida ao Metrópoles

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Professora inspirou as irmãs Laila e Ana Christine a seguirem na mesma profissão

Imagem cedida ao Metrópoles

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Christiane em registro ao lado da mãe

Imagem cedida ao Metrópoles

Condenação por latrocínio

O resultado das investigações da Polícia Civil do DF revelou que Christiane foi vítima de latrocínio — roubo seguido de morte —, um crime que, em 2013, registrou 29 ocorrências. Mais de uma década depois, dados da Secretaria de Segurança Pública mostram uma redução de 72% nesse tipo de crime, com apenas oito casos notificados em 2024 na capital. Nos primeiros dois meses deste ano, não houve nenhum delito desta natureza.

Durante as diligências, Walisson chegou a apresentar pelo menos três versões diferentes sobre a motivação do crime. Em uma delas, ele alegou ter um relacionamento amoroso com a vítima, mas a história foi descartada. O criminoso e a professora não se conheciam. Antes de render Christiane, ele havia, ainda, tentado assaltar outra mulher no shopping.

Em outubro de 2013, o homem foi condenado, em primeira instância, a 23 anos de prisão em regime inicial fechado. Na sentença, o juiz da 1ª Vara Criminal de Brasília afirmou que o sentenciado agiu com “extrema frieza e violência”.

A reportagem apurou que, desde maio de 2021, Walisson cumpre pena no regime semiaberto. Em fevereiro de 2022, a Justiça do DF concedeu ao preso os benefícios do trabalho externo e das saídas temporárias.

 

 



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